O panorama da restauração portuense tem estado em ebulição. Todas as semanas surgem restaurantes de ramen, sushi ou pastas italianas em todas as esquinas da cidade, o que por vezes deixa ao esquecimento a gastronomia portuguesa. Arnaldo Azevedo apercebeu-se do movimento e está determinado em recuperar algumas das tradições perdidas.
O chef portuense pegou nas receitas antigas como arroz de polvo, croquetes e o típico Bacalhau à Brás e transformou-os nas estrelas do novo restaurante que abriu a 20 de março. Chama-se Restart by Vila Foz e é o quinto restaurante do grupo liderado por Arnaldo Azevedo.
No centro do Porto e com uma vista desafogada para o Douro, o Restart apresenta-se com um “pequeno refúgio” da confusão da cidade. Assim que se atravessa as portas do número 276 da Rua da Restauração pode ficar com a sensação que entrou no local errado e foi parar uma galeria de arte. Mas está tudo certo.
O restaurante fica no interior do alojamento Maison Blue by Vila Foz e foi pensado, desde o nome à decoração, para ser uma homenagem a todo o tipo de arte. “Quisemos juntar a gastronomia e a arte, não só no nome ‘Rest’ e ‘Arte’, mas em tudo, porque é o que faz sentido. Aqui os clientes conseguem aproveitar uma refeição e valorizar peças de artistas nacionais e internacional em simultâneo”, explica o chef Arnaldo Azevedo à NiT.
As paredes, decoradas com pinturas, misturam-se com os padrões de azulejos que cobrem o chão e os restantes detalhes em azul e criam o cenário perfeito para receber o que o chef preparou para o quinto espaço do grupo. “Já temos uma pizzaria, um fine dining, um bistrô, então desta vez quisemos recuperar alguns clássicos portuenses e brincar um pouco”, revela.
Arnaldo Azevedo pegou nos populares croquetes de novilho (6€) e criou uma maionese de rábano para acompanhar. Numa amostra clara de portugalidade trouxe a salada de polvo (16€) para entrada e juntou-lhe vinagrete, paprika fumada e ovo de codorniz. Os raviolis de rabo de boi, também pensados para iniciar a refeição, juntou-lhes moldo de queijo da Serra. A mesma ideia é apresentada nos pratos principais, onde o chef destaca a pá de cordeiro de leite, acompanhada com arroz de açafrão e espargos (36€), o clássico Bacalhau à Brás (22€), o arroz caldoso de robalo e camarão (29€) e os filetes de polvo com arroz do mesmo (29€). “Queria muito recuperar alguns pratos que têm sido esquecidos, como arroz de polvo. São incríveis e merecem ser lembrados”, diz.
Para sobremesas o chef incluiu uma seleção de queijos nacionais (18€) e de frutas da época (9€), que se juntam à lista onde se destaca o cheesecake de caramelo salgado (9€) e uma tarte de lima e limão (9€). A carta de vinhos espelha um pouco das regiões de norte a sul do País, com destaque para espumantes e champanhes.
A liderar cinco restaurantes diferentes, Arnaldo confessa que todos têm a sua complexidade e que implicam muita dedicação. “O fine dining requer algumas técnicas mais rigorosas e de vanguarda, mas os de cozinha tradicional portuguesa são igualmente exigentes porque temos de ter cuidado para não defraudar o receituário. O público é igualmente exigente em ambos”, explica.
No Restart o grupo quis trazer a tranquilidade que o rio emana para dentro do restaurante e transformá-lo num pequeno refúgio de arte, que combina “ambiente e boa comida”. “Temos um espaço com vista desafogada para o rio Douro, por isso criamos uma esplanada com mais 40 lugares e com cadeirões para se aproveitar na primavera e verão. Está brutal.” No verão vão construir um pequeno bar com cocktails clássicos e de autor.
Carregue na galeria para conhecer o novo espaço do grupo Vila Foz no Porto.