Restaurantes

O restaurante de Braga que nasceu numa garagem e hoje serve o primeiro-ministro

O Garagem 33 é projeto de paixão de David Cunha, autodidata que começou por juntar os amigos em casa para provarem a especialidade: a pá de porco.
O projeto começou em 2017.

O ritual acontecia sempre à sexta-feira. David Cunha juntava os amigos na garagem dos pais e, depois de uma maratona na cozinha, alimentava a mesa. Entre os pratos mais aclamados estava a pá de porco, confecionada durante 16 horas, uma das especialidades que o mediador de seguros serve no seu Garagem 33, a funcionar em Braga desde 2021.

O bracarense de 55 anos, sempre gostou de comer bem e de cozinhar. Aprendeu quase tudo com os pais, que quando regressaram da África do Sul, em 1969, abriram um restaurante e café junto ao Mercado de Braga. Deles, herdou também a veia empreendedora, criou e vendeu uma cadeia de lavandarias e virou-se para os seguros, antes de regressar aos pratos.

“Em miúdo ainda joguei andebol no ABC, como ponta direita. Fui várias vezes campeão nacional, vice-campeão europeu e vencemos outras tantas competições. Mas nunca sonhei em tornar-me profissional. Fazia aquilo com gosto”, conta à NiT.

E foi também por gosto que começou a cozinhar aos fins de semana na casa dos avós em Vila Verde, a cerca de 15 quilómetros de Braga. “Lembro-me de ver a minha avó a cozinhar no pote, numa daquelas cozinhas antigas, todas pretas. Nós passávamos muito tempo com ela e comecei a interessar-me pela cozinha”, recorda. Sempre cozinhou em casa, sobretudo para amigos e em 2017, com um grupo mais chegado, decidiram começar a fazer jantaradas todas as sextas-feiras.

“O grupo que começou por ser pequeno foi aumentando. Os meus amigos pediam-me para trazer outros amigos e depois esses amigos já queriam trazer amigos e a garagem dos meus pais onde nos juntávamos tornou-se apertada e sem condições. Um deles sugeriu que abrisse um espaço onde pudéssemos continuar a fazer aquele ritual. Eu cozinhava a pá e eles reuniam-se. Outros reforçaram a ideia e disseram que ajudavam”, adianta.

Encontraram um espaço em Vila Verde, onde durante vários anos tinha existido uma discoteca chamada Moinho Verde. O local foi decorado como uma tasca antiga, na tentativa de recriar o ambiente da garagem onde tudo começou.

 
 
 
 
 
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Sem qualquer formação na área, o autodidata pôs-se ao trabalho e hoje faz tudo no fogo, sob as brasas. Do forno saem travessas de barro com pá de porco (82,50€), costela mendinha (41,50€) que passa oito horas a cozinhar e serve duas pessoas, o frango (40€) e o cabrito (44€), pensados também para partilhar. À brasa vai também o peixe do dia, o costeletão e a vitela. “As carnes que usámos são autóctones. Trabalhamos muito com a vitela minhota”, nota.

Outra aposta são os arrozes de forno: há de vitela (41,50€), frango (40€), cabrito (44€) e a popular cabidela (40€). Uma das propostas mais pedidas é feita na panela: ossobuco estufado em vinho (41,50€). “Leva várias horas a cozinhar, mas depois a carne desprende-se do osso de forma tão fácil e suculenta que deixa qualquer um a salivar”, sublinha. Qualquer que seja a escolha, é melhor que vá com apetite e acompanhado. David Cunha serve “à moda do norte” e além da simpatia, gosta de preparar doses bem compostas.

Enquanto o pai está na cozinha, o filho Gaspar Cunha é o responsável pelo atendimento e por preparar um dos maiores tesouros da casa: as sobremesas. Há pão de ló, torta de laranja e delícia de chocolate. Nos meses de verão a estrela é o melão casca de carvalho, conhecido por ser apimentado. “Vendemos entre 14 e 15 por semana”, adianta o proprietário. Embora seja difícil de encontrar, David Cunha garante-o através de produtores locais, onde prefere sempre fazer as compras para o espaço.

“Só quando se abre o melão é que conseguimos perceber se estão bons. Se não estiverem estes fornecedores trocam-nos. É por esta confiança e garantia de qualidade que gostaríamos de trabalhar com produtos locais, aqui de perto. Assim as coisas fazem viagens pequenas e têm melhor qualidade”, explica.

A acompanhar isto tudo não poderia faltar, claro, “bom vinho”. O bracarense construiu uma garrafeira com mais de 400 referências, onde os preços oscilam entre os 10€ e os 1000€ para o famoso Barca Velha. “Cobrimos todas as regiões do País e temos também um leque bem-composto de espumantes”, adianta.

Ao longo de quatro anos, David Cunha contou com muitos famosos à sua mesa, de Vasco Palmeirim a Rita Pereira e até ao primeiro-ministro, Luís Montenegro. Mas garante que não faz caso se são famosos ou não. “Uma das coisas que nos torna únicas é a forma como recebemos os clientes. Adoramos o que fazemos e adoramos receber, por isso é que até temos várias pessoas que de clientes passaram a amigos”, refere.

Carregue na galeria para conhecer os pratos e o espaço de David Cunha na Garagem 33.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. do Moinho 17
    4730-577 Vila Verde
  • HORÁRIO
  • Domingo das 12h30 às 15h
  • Terça-feira das 12h30 às 15h
  • Quarta a sábado das 12h30 às 23h
PREÇO MÉDIO
Entre 30€ e 50€
TIPO DE COMIDA
Portuguesa

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