Fatias grandes, gordurosas e carregadas de queijo. A proposta norte-americana das pizzas não podia estar mais longe da inspiração napolitana que os primeiros italianos a emigrar para o país levaram na bagagem. Mas há uma explicação. Os fornos nos EUA não aqueciam tanto como os que estavam habituados na terra natal e, além disso, os produtos que encontravam nos mercados tinham composições diferentes. Após várias tentativas, chegaram a uma base mais consistente que permitia rechear com mais ingredientes e levar a pizza para o trabalho sem perder a qualidade.
Enrico Donaruma, descendente de italianos, mas nascido em Nova Iorque, quer contar a história dos antepassados aos lisboetas “através da barriga”. Em conjunto com a mulher, Carolina Carvalhal, abriram a Rico Pizza, em Alcântara, no final de novembro. Mas não espere qualquer semelhança às pizzarias napolitanas que já existem na capital. A proposta é radicalmente diferente.
Enrico e Carlolina, nascida no Rio de Janeiro, conheceram-se em Portugal. Em comum tinham o facto de terem deixado para trás o país onde nasceram por estarem cansados da confusão, da insegurança das metrópoles. Instalaram-se em Lisboa sem conhecerem ninguém. Ambos artistas plásticos, encontraram-se numa aplicação de encontros e acabaram por perceber que tinham mais em comum do que tinham percebido. Juntos abriram uma pequena galeria onde expõem as suas obras e agora lançam-se, juntos, numa aventura inesperada.
Estreantes na área da restauração, valeu-lhes a ajuda de um consultor norte-americano para os ajudar a levar a ideia de Enrico avante. “A minha família é toda italiana e sempre comemos pizza em casa; no entanto, não era a versão napolitana que agora é tão conhecida, mas sim algo mais consistente. Sempre tive o sonho de ter uma pizzaria e agora em Lisboa é uma forma de estar perto de casa ao mesmo tempo”, conta o americano de 46 anos à NiT.
As versões que agora têm na Rico (um diminutivo do nome do dono) são uma extensão das receitas familiares. No entanto, têm também algumas propostas que resultam de uma mistura da consultoria e da equipa de pizzaiolos que os acompanha.
Na lista constam apenas oito sabores, em que se destacam a de cogumelos (14€), com molho de natas na base e com muitos vegetais e a peperonni (15€) como best sellers. No entanto, para quem procura algo diferente, pode sempre apostar numa das três pizzas de assinatura: Vodka Pancetta (15€), que como o nome indica leva a bebida alcoólica na base, misturada com o molho de tomate e natas e depois é finalizada com mozarella, pancetta e chalotas; a Alcachofra Pancetta (15€), onde as alcachofras se misturam com o queijo pecorino e orégãos e a Spianata Picante (15€) com salame picante, pimentos, molho de tomate e queijo.
Se, ainda assim, nada agradar, é simples: os clientes podem sempre fazer a sua pizza. A partir da base Regular (12€), com queijo e tomate, podem depois acrescentar os ingredientes favoritos. No que toca aos doces, a estrela é o tiramisú caseiro (6€), feito com a receita da família de Enrico, mas pode também provar a cookie americana (4€), servida às fatias triangulares.
Tudo isto pode ser provado num dos 40 lugares da pizzaria que ocupou o espaço do antigo restaurante Janela do Capítulo, fechado há mais de 15 anos. O local foi todo remodelado para deixar que o “Ferrari dos fornos” que o casal comprou e colocou no meio da pizzaria, possa brilhar. É dali que saem as pizzas estaladiças, “que lembram o sabor do pão”, porque são feitas com massa mãe.
Para acompanhar isto tudo optaram por ter apenas vinhos naturais portugueses e cerveja lisboeta da Musa. “Decidimos qual seria a marca da cerveja antes de tudo o resto, porque o mestre cervejeiro é americano e amigo do Enrico, então já as tínhamos provado e adoramos”, diz Carolina.
Carregue na galeria para conhecer a nova pizzaria de Lisboa.