É um dos retratos mais curiosos do conflito. Enquanto na Ucrânia, famílias lutam por conseguir ter água e comida nas cidades sitiadas, os russos desesperam pelos seus hambúrgueres do McDonald’s.
Na sequência da invasão russa do território ucraniano, o mundo uniu-se em sanções económicas contra o governo de Vladimir Putin. As grandes marcas seguiram o exemplo e cortaram relações com o mercado russo, entre elas a McDonald’s, que anunciou esta terça-feira, 8 de março, o fecho temporário dos 850 restaurantes no país.
O anúncio levou a que os maiores fãs da marca acorressem às lojas para conseguirem comer o seu último hambúrguer. Os mais fanáticos decidiram que levariam para casa um stock completo para terem a sua dose de McDonald’s sempre à mão, mesmo com os restaurantes encerrados.
As imagens não tardaram a ser divulgadas por toda a Internet e é possível ver frigoríficos a abarrotarem com várias dezenas de hambúrgueres. Os mais oportunistas viram no encerramento uma forma de fazer negócio e já começaram a vender menus e até apenas os molhos. Um menu Big Mac estava já à venda por 300 euros e três sacos cheios de petiscos do McDonald’s atingiam os 760 euros.
Existem outros negócios duvidosos numa espécie de OLX russo: molho de queijo a 40 euros e até uma caixa de nuggets a 190 euros. Não é possível perceber se este é realmente um negócio lucrativo, mas a partir do momento em que a multinacional anunciou o encerramento, as filas acumularam-se à entrada dos restaurantes russos, sobretudo em Moscovo.

O frenesim levou a que muitos recordem a emblemática inauguração do primeiro McDonald’s na Rússia, um momento simbólico do fim da Guerra Fria e da abertura do país ao ocidente, sobretudo a uma marca tão americana como esta.
Apesar da decisão, a McDonald’s compromete-se a continuar a pagar o salário aos seus mais de 60 mil funcionários russos. O diretor Chris Kempckinski decidiu vir a público certificar que “os valores da empresa tornaram impossível ignorar o desnecessário sofrimento humano que se vive na Ucrânia”. Não foi revelada qualquer data para uma eventual reabertura das lojas.