Todos temos aquela cozinha de conforto a que recorremos quando estamos cansados, tristes ou, simplesmente, frustrados. Para Rui Oliveira e Francisco Bessone, ambos com 29 anos, esses pratos são todos italianos. A revelação que fazem à NiT pode ser inesperada para a maioria dos clientes dos Nómada e do Umikai, onde são sócios, até porque esta dupla é conhecida pelos dois restaurantes de cozinha asiática que mantém em Lisboa há oito anos.
Embora o sucesso e as boas críticas nos espaços asiáticos os persiga, a dupla queria apostar num conceito diferente. O sonho estava guardado na gaveta há três anos, quando registou a marca Scusa. Agora, no dia 3 de outubro, o projeto saiu finalmente do papel com a inauguração do restaurante italiano, na Avenida Visconde Valmor.
Os clientes do Nómada de certeza que já perceberam a coincidência. O novo restaurante fica exatamente na porta ao lado. “Assim que surgiu a oportunidade de ficar com esta loja, não pensámos duas vezes. O espaço era perfeito para receber este conceito e a localização já nos é familiar”, conta Rui Oliveira, à NiT.
Francisco e Rui são amigos desde os nove anos. Agora caminham para a concretização de mais um projeto juntos. Antes desta aventura começar, o primeiro já tinha deixado a prancha de bodyboard e as ondas para trás para mergulhar nas panelas. Após viajar pelo mundo, decidiu dedicar-se à cozinha e tornou-se sous-chef no Sushic (um dos restaurantes mais famosos de Almada). Ali aproveitou para aperfeiçoar as técnicas e conhecimentos de cozinha asiática, até que percebeu que estava pronto para abrir um negócio a solo.
O chef convidou o amigo Rui, que tinha estudado comunicação e gestão. Em 2016, inauguram o Nómada, um restaurante com propostas criativas de sushi, com fusão de cozinha contemporânea.
Francisco mantém um curriculum invejável na cozinha asiática, mas os pratos italianos, embora fossem uma paixão, nunca tinham sido o seu forte. Por isso, quando decidiram avançar com o Scusa, os dois sócios chamaram reforços de peso.
“Isto era algo novo para nós, mas tínhamos algumas referências e sabíamos que queríamos reunir no mesmo espaço pizzas, pastas, bom ambiente e bom serviço. Contratámos o chef Angelo Bazzoli, italiano, e temos o Mattia Stanchieri, do Vibe, no Chiado, como chef consultor. Queríamos algo autêntico, mas, ao mesmo tempo, com alguma fusão, como já fazíamos no Nómada”, explica.
Os proprietários desenharam um conceito de “modern italian” e construíram a carta e a decoração nesse sentido. “Não vamos ser fundamentalistas. Temos pratos italianos, que seguem as bases da cozinha do país, mas vamos usar produtos nacionais.”
Entre os pratos criados por Bazzoli destacam-se a pasta Pacchero Pomodoro di Mattia (16€), uma receita caseira de Mattia Stanchieri, feita com mezzo pacchero, molho de tomate, queijo de São Jorge e manjericão; e o Raviolli de Abóbora (17€) com massa fresca, abóbora butternut, o queijo açoriano, sálvia e amaretti.
Para o menu das pizzas nasceu uma versão de Salami & Kimchi (15€). Trata-se de uma proposta inspirada na clássica de salame, mas com kimchi, mel, coração de burrata, fior di latte e tomate. Outras opções que já ocuparam o pódio das mais procuradas são a pizza de Mortadela (16€) com fior di latte, pistácio, coração de burrata e geleia de laranja picante; e de Figo, Presunto & Trufa (19€) que leva o enchido de porco preto, queijo azul da Arrábida, trufa e tomate cherry assado.
“Optámos por fazer estes pratos usando a receita da massa napolitana, mas demos-lhe um twist para ficar mais crocante. E esse trabalho foi feito com um consultor de pão”, explica Rui Oliveira.
Nas sobremesas optaram por pegar nos clássicos e transformá-los. Isso aconteceu, por exemplo, com o Tiramiscusa (8€), onde trocaram os palitos de la reine por uma bolacha crocante que é empratada diretamente na mesa.
As sugestões no menu são ainda limitadas, uma vez que o espaço se encontra em soft opening. Desta forma, os proprietários conseguem perceber os pratos que resultam e apresentar novas sugestões a cada semana.
Nas bebidas, o caso muda de figura. “Apostámos numa carta de cocktails, elaborada por Inês Bonny [gerente], e que inclui um Mi Scusi (13€) feito à base de Bulleit Bourbon, puré de morango, vinagre balsâmico, agave e manjericão e um Limoncello Sour (10€) onde adicionámos gelado de limão, clara de ovo e agave.”
O Scusa — o nome é uma piada para “um pedido de desculpas por terem uma cozinha irresistível”, dizem os fundadores — foi desenhado com uma estética minimalista e elegante, onde a peça central é o forno a lenha.
“Quisemos fugir das cores e dos locais comuns. As nossas mesas são de plástico reciclado, apanhado do oceano, e a paleta distribui-se pelos amarelos e brancos”, conclui Rui Oliveira.
Carregue na galeria para conhecer o novo espaço do grupo Nómada.