Restaurantes

Semea de Vasco Coelho Santos fecha sem previsão de reabertura

O restaurante criado há seis anos serviu última refeição no domingo. Nos planos pode estar uma nova localização.
A sala privada do Semea.

A notícia chegou de forma inesperada: o Semea do chef Vasco Coelho Santos fechou. A última refeição foi servida ao almoço de domingo, 5 de janeiro, antes do início de “uma pausa”. “Não é um adeus, mas um até breve”, revelaram em comunicado.

O restaurante abriu em 2018 na Rua das Flores. Três anos mais tarde mudou de localização, para o Cais das Pedras, para se reinventar. Três anos depois volta a transformar-se, desta vez “para redefinir o futuro”.

“O Semea neste momento está numa pausa. Decidimos parar com a operação para pensar no que vai acontecer com o espaço”, explica à NiT Renata Castro, diretora de comunicação grupo Euskalduna. Já o chef e fundador do grupo, Vasco Santos Coelho, confirma a decisão de “parar e planear bem quais são os passos seguintes”, sem desvendar o futuro: “Nesta fase não há muito mais a adiantar”.

A decisão estava a ser ponderada nos últimos meses de 2024 e, segundo os representantes do grupo, não está relacionada com “fatores do restaurante ou outros”, nomeadamente a faturação, mas sim com “questões estruturais”. “A localização e a operação como estava a ser calculada fez nos chegar a um ponto em que percebemos que este teria de ser o próximo passo”, adianta Renata Castro, deixando claro que uma nova localização pode ser o caminho a seguir. A proposta é também salientada pelo chef, que admite “realocar o espaço”.

“Pode existir uma relocalização, como aconteceu em 2021 com a saída da Rua das Flores, mas está tudo em aberto. O que sabemos é que nos mesmos moldes não irá acontecer”, refere a porta-voz.

Sobre o conceito, admitem que não vão querer “desligar-se da ideia inicial”, porque foi criada uma identidade que os clientes reconhecem. No entanto, não descartam a hipótese de fazer algo novo.

Uma odisseia no Porto

Foi aos 27 anos que abriu o primeiro espaço no Porto, o BaixóPito, onde apostava noutro produto que adorava: o frango. O chef com formação em alguns dos mais prestigiados restaurantes espanhóis (do mítico ElBulli aos bascos Arzak e Mugaritz) tinha então outro plano em andamento, o Euskalduna, inaugurado em 2016 e que, em apenas cinco anos, se tornou numa das maiores referências gastronómicas da cidade.

Em cinco anos, também muito mudou. Vasco fez nascer mais três projetos e, com eles, patenteou também o seu nome como um dos mais promissores jovens chefs do País. O momento mais difícil? Talvez “os primeiros seis meses” de Euskalduna, onde confessa que “penou”.

O espaço de fine dining com 16 lugares era uma aposta muito pessoal, sobretudo porque abria portas numa “rua menos nobre”. “Sempre disse que este tipo de restaurante poderia estar em qualquer lugar. Não é o tipo de sítio que se vá só porque se passa à porta”, nota, antes de sublinhar que as rendas baixas da zona também ajudaram a tomar a decisão.

Ao fim de oito meses, a máquina começou a funcionar tal como desejava e a sala estava quase sempre cheia. No período pré-pandemia, o Euskalduna vivia a sua fase mais fulgurante. Para lá comer, era necessário fazer a reserva com cerca de três meses de antecedência.

O buzz gerado levou a que, chegados a novembro, as conversas ao balcão do Euskalduna fossem parar sempre ao mesmo tema: “E então, é desta que vem aí a estrela Michelin?”. Em 2022 a tão falada homenagem chegou, com a entrega da primeira estrela ao chef.

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT