É bem no centro da vila de Sintra, a apenas três minutos a pé do Palácio Nacional, que se encontra um pequeno paraíso italiano. Apesar da localização, o proprietário e chef defende que o Fatto não é um espaço para turistas, mas sim um restaurante para quem gosta de boa comida.
“Tudo aqui é italiano. Os fornecedores são muito importantes para nós e é o que marca a diferença. Seguimos as receitas tradicionais e vem tudo de Itália: as farinhas, a pancetta, o queijo, os vinhos e refrigerantes, tudo”, adianta Cláudio Coelho.
A história de Cláudio na área da gastronomia começou logo muito cedo. Nascido no Porto, a família já estava ligada ao setor hoteleiro da restauração. Cláudio recorda-se de ajudar o pai no restaurante desde pequeno. Aos 16 anos já tinha tanta experiência que começou a trabalhar “a sério”, na sala do restaurante Varanda da Barra. Aqui aprendeu o essencial ligado à restauração e não se esquece de quem lhe ensinou tantas coisas. “O Daniel (dono do restaurante) foi muito importante para o meu percurso”.
Mas o horizonte no Porto era curto e as condições que tinha para trabalhar estavam longe do que imaginava. Por isso, dois anos depois, sem sequer saber falar inglês, mudou-se para Inglaterra, onde acabou a trabalhar num restaurante italiano. Com verdadeiros italianos na cozinha, foi ali que descobriu a cozinha genuína daquele país, fiel às receitas originais. “Ao fim de quatro meses lá, já era manager do restaurante”.
Já em 2004, um grupo de restaurantes italiano vai atrás de Cláudio para o convencer a regressar a Portugal e trabalhar com eles. Depois de dois meses de conversações, lá aceitou e, aos 24 anos, inicia uma nova etapa profissional. É neste período que tem a oportunidade de realizar várias viagens a Itália para conhecer melhor as técnicas usadas e as poder replicar nos restaurantes do grupo. Depois de 12 espaços abertos por Cláudio e dezenas de funcionários formados, acaba por sair do grupo em 2019.
“É uma história engraçada. Decidi vender a casa, despedi-me e arrisquei. Na altura abri o Jardino, que era um espaço de take away de pizzas na Portela de Sintra. Ao final de algum tempo, um cliente habitual falou comigo porque tinha um espaço no centro da vila que achava que podia ser bom para abrir um restaurante italiano. Não foi planeado, mas foi assim que, em 2021, surgiu o Fatto da Cláudio Coelho”, conta o chef.
Na cozinha, é ele quem orienta tudo e fala sempre com enorme orgulho sobre as suas criações, como a sopa tartuffo e cecci: um creme de grão e trufas, com pancetta e pecorino (5,50€).
“A comida tem de criar um twist na boca, uma revolução de sabores. Pode parecer estranho de início, mas no final tudo se liga”, explica Cláudio, replicando a descrição que ouviu de um chef numa das suas viagens a Itália. Se, à primeira vista, o carpaccio de atum com kiwi lhe parecia uma combinação demasiado estranha, tornou-se numa experiência de sabores incrível.
Entre os pratos principais da carta, destacam-se as pizzas gamberi & burrata (16€) e di capra (14€). Na parte das massas, as versões recheadas são as favoritas entre os clientes, principalmente os raviolli all’aragosta, com lagosta e camarão (18,50€). Nas sobremesas, o tiramissu (6€) é um clássico obrigatório. Mas, para o chef, o mil folhas de mascarpone e fruta (5,5€) é a grande estrela da casa — e o seu favorito pessoal.
Apesar de algumas das opções terem mais do que três ingredientes, Cláudio cresceu na cozinha italiana sempre com essa regra básica. “Foi um romano que me disse que tinha de conseguir fazer um grande prato só com três ingredientes. Esta coisa de poder inventar mas estar limitado despertou-me a curiosidade, pois é mais difícil equilibrar um prato com poucos ingredientes. Foi isto que me apaixonou pela cozinha italiana”.
O chef Cláudio reforça que, além dos bons ingredientes e desta curiosidade pelo país, a importância de uma boa equipa faz o sucesso de qualquer espaço. “Queremos que as pessoas tenham uma boa experiência. Não fiz nada sozinho, estamos juntos desde o início e apostamos juntos na qualidade e no serviço, sempre atentos aos pormenores”,.
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