Restaurantes

O polvo mais famoso de Viana do Castelo está de volta à Taberna da Laurinda

O icónico restaurante de Viana do Castelo encerrou em agosto, mas uma cliente fiel decidiu reabrir o espaço e recriar a receita secreta.
É conhecido pelo polvo.

Beatriz Gomes nunca se esqueceu do dia em que entrou pela primeira vez na Taberna da Laurinda, em Castelo do Neiva. Tinha cerca de 15 anos e a família, natural de Braga, percorreu os 50 quilómetros que separam a capital do Minho e Viana do Castelo só para experimentar o restaurante conhecido pelos pratos de marisco e peixe.

“Lembro-me que estava uma fila enorme, ainda esperámos algum tempo antes de entrar. Nunca me esqueci do momento em que provei o polvo, foi o melhor de sempre. Pensei que ia ser à lagareiro, mas era feito no forno, com uma pasta de tomate e alho”, conta à NiT a jovem de 28 anos. A partir desse momento, tornou-se uma cliente habitual da casa — e o pedido era sempre o mesmo: o famoso prato de polvo. 

Com mais de 40 anos de história, o estabelecimento, que hoje é uma referência em Viana do Castelo, nasceu pelas mãos de Laurinda, a primeira proprietária que acabou por dar o nome ao negócio que foi passando de geração em geração. “Começou com uma espécie de café, mas como a zona de Castelo do Neiva era conhecida pela apanha do polvo, foi um crescimento natural”, explica Beatriz.

De um café passou a restaurante e o sucesso era tão grande que tiveram de abrir mais salas. Quando a Taberna da Laurinda fechou ao público, a 18 de agosto, por motivos familiares, os moradores — e Beatriz — ficaram em choque.

A jovem de Braga não se conformou com a ideia de ver o restaurante que tanto adorava encerrar de um momento para o outro. “Na altura estava em licença de maternidade. Sempre trabalhei na área de organização de casamentos, mas estava com vontade de ter um negócio só meu. Foi durante estes pensamentos que o meu pai, em conversa, me disse que a Taberna tinha fechado”, recorda. Foi como uma oportunidade caída do céu.

“Fiquei com aquilo na cabeça e não consegui largar. Em novembro falei com o proprietário, disse-lhe que era uma grande fã da comida, que estava interessada em reabrir o espaço e que pretendia manter o conceito, apenas com algumas mudanças na decoração”, explica. E assim foi.

Em janeiro deste ano, Beatriz começou a preparar tudo para a reabertura da Taberna da Laurinda, nome que fez questão de manter intacto. Durante todo esse tempo, recorda que recebia telefonemas de antigos clientes diariamente. “O telefone tocou todos os dias. Perguntavam quando íamos abrir, se precisávamos de ajuda. Uma pessoa inclusive veio de propósito de Lisboa para vir ao restaurante, mas como só abríamos no dia seguinte ficaram hospedados lá e tudo”, confessa.

A tão esperada reabertura aconteceu a 20 de fevereiro. Beatriz procurou não fazer grandes mudanças ao espaço, “para não se notar muita diferença”, com exceção de algumas alterações na decoração e no menu. As toalhas de papel, por exemplo, foram substituídas pelas de pano, retirou da carta o prato de caldeirada de peixe e adicionou as espetadas de lulas com gambas (16€).

Havia outro problema: do antigo espaço ficou o nome, as alas e pouco mais. Nem cozinheiros, nem receitas. Precisou, portanto, de tentar recriar os sabores de memória. E quanto ao prato de polvo que tanto adorava, foi “tentativa e erro”. Ninguém lhe disse qual era a receita secreta para a pasta de tomate, mas confiou no seu cozinheiro para tentar recriá-la. Durante uma semana, comeu polvo ao almoço e ao jantar.

 
 
 
 
 
Ver esta publicação no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação partilhada por Taberna da Laurinda (@tabernadalaurinda)

“Não foi uma tarefa fácil, ainda fizemos umas 10 tentativas até conseguirmos estar satisfeitos. Fizemos alterações ligeiras que para mim faziam sentido, como os acompanhamentos. Achava que as batatas podiam estar mais suculentas e foi isso que fizemos”, conta.

Além do polvo no forno (18€), os clientes podem pedir pratos de marisco, como a mariscada à Laurinda (80€ para duas pessoas), camarão tigre grelhado (65€ o quilo), lavagante (70€ o quilo), sapateira (20€ o quilo) ou percebes (40€ o quilo). Quanto ao peixe, há opções de bacalhau à casa (18€), robalo (38€ o quilo), rodovalho (40€ o quilo), pregado (38€ o quilo) ou peixe fresco, adquirido todos os dias, sob consulta.

O arroz de lavagante (22€), de marisco ou de tamboril com gambas (35€ para duas pessoas) são outras das sugestões, assim como costeletão à Taberna (17€) ou entrecôte (18€), para quem preferir carne. 

Nas entradas, destaca-se o polvo em vinagrete (9€), as gambas ao alho (13€) e a amêijoa à bolhão pato (12€). Já no que diz respeito às sobremesas, Beatriz destaca a mousse de chocolate tripla (4,50€), mas também pode pedir pudim de abade de Priscos (5€) ou cheesecake de frutos vermelhos (4,50€).

Quanto à decoração, as “alterações têm sido feitas devagar”. A grande mudança foi nas casas de banho, que foram completamente renovadas, e a zona do balcão. O espaço oferece três salas e uma esplanada, onde se podem sentar 80 pessoas no total.

Os pratos.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Rua dos Pescadores, 99
    4935-575  Viana do Castelo
  • HORÁRIO
  • De terça-feira a domingo, das 12h às 15h e as 19h às 23h
PREÇO MÉDIO
Entre 20€ e 30€
TIPO DE COMIDA
Marisco

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT