Restaurantes

Esta francesinha nasceu em Guimarães para bater a do Porto — e já chegou a Paris

O segredo da especialidade da Taberna Londrina está no molho. A meta? Chegar às 20 lojas até ao final de 2024.
Os quatro sócios da marca.

Guimarães, Braga, Famalicão, Póvoa de Varzim, Vila Real Lisboa e agora Paris. A Taberna Londrina parece um navio a todo o vapor no que toca a vender francesinhas e abrir restaurantes. No ano em que celebram uma década, querem atingir as 20 casas, em Portugal e lá fora. A próxima irá abrir em junho, em Bragança.

A história da marca começou a ser escrita em 2014, por Eduardo Xavier e Francisco Varela (na altura com 25 e 26 anos), dois amigos de Guimarães apaixonados pela especialidade. “Desde miúdos que tinham o sonho de ser empreendedores e ter um negócio ligado à restauração ou confeitaria. Quando analisaram o mercado perceberam que a sandes que tanto gostavam podia ser o caminho”, explica José Duarte, responsável de comunicação da marca à NiT.

Abriram a primeira casa com o objetivo de ter a melhor francesinha. “Queriam ter um espaço que representasse o conceito de cervejaria moderna, onde pudessem receber famílias e amigos.” As coisas correram bem e mais dois sócios, André Novais (41 anos) e Sérgio Cunha (43 anos), donos do famoso restaurante dos Oliveiras, em Guimarães, entraram para a equipa. Juntos, foram abrindo outros espaços nos anos que se seguiram, de Coimbra a Famalicão e da Póvoa de Varzim a Braga.

O nome escolhido suscitou alguma curiosidade na altura. Há quem pense que se tratava de uma mera provocação a uma das rivais minhotas, a Taberna Belga, em Braga. Mas não. Como se apressam a esclarecer à NiT, Taberna Londrina foi escolhido porque a primeira casa abriu na Avenida de Londres, no centro de Guimarães.

Trocadilhos e rivalidades minhotas à parte, a Taberna Londrina continuou a trilhar o seu caminho e desbravar o País. “Em 2021, abrimos o primeiro restaurante em Lisboa, no Campo Grande e, em 2022, chegámos ao Bairro Alto. Seguiram-se mais cidades portuguesas e agora Paris”, reforça. Esta abertura, que decorreu em feveveiro, marcou a internacionalização e a chegada à meta de um dos objetivos dos sócios: entrar no mercado europeu, em locais com uma forte comunidade portuguesa. A estratégia era clara e simples: os clientes já conheceriam o prato, ficariam contentes pela representação nacional e deles podiam conquistar, neste caso, os francesas.

“Uma das análises que fizemos em França foi mostrar a franceses imagens de francesinhas e perceber o que achavam que era. Muitos disseram que parecia um pudim. Só por aqui percebemos que apesar do prato ser uma adaptação de outro do país deles, não o conheciam. Por isso tínhamos margem para os conquistar”, conta.

Agora querem continuar com este plano musculado de expansão e adiantam que vão abrir em mais países com uma forte comunidade portuguesa. “Estamos a estudar mais alguns países e queremos inaugurar outras lojas em Paris”, adianta José Duarte. Por cá também tem planos: “Depois de Bragança, estamos a pensar em reforçar a presença em Lisboa e gostávamos talvez de ir para sul e para as ilhas. Mas ainda é muito embrionário”, sublinha.

A chave do sucesso

Hoje, só em Portugal vendem entre cinco a dez mil francesinhas por dia. As casas estão sempre com movimento e quem passa pelo restaurante do Campo Grande repara que há até quem faça fila para as provar. Mas o que é que as torna tão especiais?

Além de ser das primeiras francesinhas que surgiu com o molho mais moderno, minhoto, cumprimos com a tradição, mas com um toque de modernidade. A nossa proposta consegue ser super equilibrada. No sentido que não é pesada. Eduardo e Francisco não queriam que os clientes ficassem enfartados, esse era um dos objetivos. E conseguiram, sobretudo com o molho”, explica o responsável de comunicação.

Como em muitos outros casos, os envolvidos acreditam que o molho é o grande sucesso da sua francesinha. “Não posso adiantar muito, até porque nem eu próprio conheço a receita. Esta é apenas do conhecimento de quem produz o molho, que é mais cremoso e adocicado do que o habitual. Tudo é feito na central, em Guimarães, e depois distribuído pelas diferentes casas”, explica.

A receita foi desenvolvida por Glória e Eduardo Xavier, pais de um dos sócios, e assim se mantém até hoje. “Temos o nosso armazém, que fica nas instalações da nossa segunda casa, onde concentramos toda a operação logística. O molho é todo feito cá e a casa dois é distribuído para todos os espaços, incluindo o de Paris.”

A famosa francesinha.

A importância é tal que Glória e Eduardo, os guardiões do segredo não podem viajar juntos no mesmo avião. “Não está escrito em nenhum lado, mas é verdade”, admite José Duarte. Outro ponto de honra é a qualidade dos ingredientes utilizados. “A nossa carne, que também chega através do mesmo produtor a todos os espaços, é bastante tenra e saborosa. Mas não é só ela que brilha. Todos os produtos utilizados foram criteriosamente selecionados para conseguirmos um resultado final com a qualidade que apresentamos”, assegura.

Em Lisboa, a versão standard e mais popular leva bife de novilho, queijo, fiambre, enchidos, ovo e molho. Está disponível por 12,5€. “Não sei precisar ao certo, mas se juntarmos os dados das duas lojas que temos cá, vendemos centenas por dia”, conclui o responsável.

Entre a gestão das 17 casas que têm atualmente, os sócios, que querem estar muito presentes em todos os processos, têm de organizar bem a agenda. “Além desta atividade, cada um tem uma vida muito própria. O André e Sérgio têm a gestão do restaurante dos Oliveiras, um projeto familiar que continua a ser também uma prioridade. O Eduardo é atleta. Pratica boxe no Vitória Sport Clube e é um aficionado pelo ginásio. Já Francisco tem empresas ligadas à tecnologia. Embora sejam pessoas muito ocupadas, estão sempre à procura de novas aberturas e são ávidos no que toca ao crescimento e qualidade da marca”, adianta o colega.

Os últimos dez anos são descritos como de “muito risco, coragem e aprendizagem”. “São todos muito ambiciosos, no bom sentido e não tiveram medo de arriscar. O fruto está à vista.”

Em junho, os fãs de francesinha que vivam em Bragança vão poder provar a iguaria minhota. “Já tínhamos chegado a Vila Real, agora expandimos em Trás-os-Montes.” A filosofia da Taberna Londrina é oferecer uma experiência consistente em todas as suas localizações, mantendo a identidade da empresa, mas adaptando-se aos gostos locais. Intocável é o seu molho distintivo, mais adocicado, que marca a diferença entre estas e as típicas do Porto.

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