LET'S ROCKTacos há muitos. Autênticos é que nem por isso. A eterna batalha entre os sabores tradicionais e a degeneração da gastronomia mexicana patrocinada pela fusão tex-mex está bem viva, mas há certos casos em que tudo se une em harmonia. Diego Orbezo, mexicano de 40 anos a viver em Lisboa, é prova disso mesmo.
Marketeer de profissão, é desde final de 2024 dono do 3 Amigos, o novo mexicano do Bairro Alto, em Lisboa, que rapidamente evoluiu para um conceito híbrido: de um lado, um restaurante de formato tradicional, onde os sabores mexicanos e tex-mex se unem; do outro, uma taqueria pequena no tamanho, mas ambiciosa nos sabores – para se adaptar à agitação do comer e andar do bairro.
Orbezo não é um estranho na área. Ajudou a criar uma mezcaleria no país natal, que deixou em 2010 para se mudar para Espanha. A dupla nacionalidade deu-lhe o à vontade para saltitar entre Madrid, Barcelona e San Sebastián. Mas foi uma viagem a Lisboa que o convenceu a mudar-se para o país vizinho, onde conheceu outro compatriota, Salvador García, este “já com mais jeito para a cozinha” e para “recriar os sabores autênticos dos tacos”.
Porque dois amigos não soava tão bem, imaginaram um terceiro elemento e batizaram o negócio de 3 Amigos. “O Salvador tem ótimas receitas, ele sabe mesmo como recriar o sabor autêntico. Os mexicanos que cá vêm têm dado a sua aprovação”, sublinha Diego, mais encarregue da parte da comunicação do projeto.
Qualquer mexicano ou apaixonado por tacos sabe que tudo começa na base, isto é, na tortilla. Nada de tortillas de farinha ou de milho de supermercado. O verdadeiro sabor tem origem no milho nixtamalizado. E apesar de não terem tortillas feitas na casa, garantem ter “uma fornecedora que vende boas tortillas mexicanas”.
A estrela da casa são os tacos Al Pastor, com origem na Cidade do México, cujas raízes se encontram nos imigrantes árabes que introduziram algumas carnes e o espeto giratório para grelhar na vertical – ou trompo, para os mexicanos. Carne de porco laminada fininha, pedaços de gordura pelo meio, uma marinada com achiote e calor, muito calor. Depois é só ir cortando as bordas estaladiças, salpicar com ananás, cebola roxa, coentros e molho a gosto. São também os mais baratos: 2€ cada um.
Pode ainda provar os tacos de Birria (2.9€) ao estilo de Michoacán, que aqui trocam a tradicional carne de cabra por vaca. Estufada por longas horas com chiles e especiarias, os tacos são depois servidos com uma taça com o consomé (o caldo), para juntar queijo, mergulhar e trincar. Pura comida de conforto.
Pelo meio vai encontrar os menos consensuais mas não menos clássicos tacos de lengua (2,9€), isto é, de língua de vaca, estufada até ficar macia e tenra, tal como é feito em Jalisco. Por fim, o taco de bistec (2,9€), carne de vaca grelhada com cebola e coentros. Sabores simples amplificados pelos molhos inevitáveis.
Todos estes sabores são vendidos para comer e andar, assim mesmo nas tortillas, ou em versão burrito, com preços a rondar os 12€. Na porta do lado, as mesas convidam a sentar e a provar os outros pratos da ementa tex-mex, com espaço para várias quesadillas e fajitas.
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