Há um novo restaurante em Lisboa que capta o ambiente de uma época distante, na sua geografia mais urbana, endinheirada e otimista: Nova Iorque. “Há muito que tínhamos vontade de estar presentes na Avenida da Liberdade, com um conceito trendy e moderno”, revela Francisco Nobre, fundador do Yuppie, que abriu portas a 9 de novembro.
“Quando a oportunidade surgiu, o nome apareceu quase de imediato. Tentámos replicar os ambientes de Wall Street dos anos 1980, com a vivência dos almoços executivos, os snacks e os cocktails pós-laborais, os jantares de amigos.”
Os yuppies eram os jovens ambiciosos, focados na carreira e em fazer muito dinheiro, na década de fulgor económico nos EUA da era Reagan. Vestiam os melhores fatos, não dispensavam os suspensórios e queriam reformar-se milionários aos 35 anos. Representavam o sucesso da bolsa nova-iorquina, uma época dourada que terminou de forma negra.
Primeiro foi o filme de 1987 “Wall Street”, de Oliver Stone, a retratá-los com a frase “a ganância é boa” e o dinheiro como deus. A machadada final na reputação dos yuppies aconteceu com o livro “Psicopata Americano”, de Bret Easton-Ellis. Uma narrativa onde o vale-tudo descamba para a literalidade, com assassínios em série e outros abusos menores.
Os dois amigos que idealizaram o restaurante – Francisco, de 45 anos, e Diogo Amaral, 37, que é ainda diretor de operações – sabem isso tudo, mas adoram uma provocação bem-humorada.
São também sócios do Descarado, do Vivant e da cervejaria Sem Vergonha, nomes elucidativos de uma linha que se estende agora ao Yuppie. Aqui a sátira atinge com subtileza a vida corporativa, como, por exemplo, nos néons com frases como “Gimme a break, kid” ou “Good people disobey bad laws”.
“O conceito aponta para o ambiente executivo, ao almoço e fim de tarde, e para uma atmosfera intimista e confortável ao jantar”, adianta Francisco. “A nossa ideia da modernidade com descaramento está ligada à mistura de ingredientes e sabores mais arrojados, dentro da recuperação dos pratos de comida típica portuguesa.”
Para concretizar esse desejo no menu, os sócios recorreram a quem já lhes deu provas de dominar a cozinha, ao liderá-la no Descarado. “Desafiámos o chef Sandro Farinho a desenhar uma carta com o conceito que tínhamos definido. Ainda não temos histórico para apontar os best sellers, mas estamos certos de que todos os pratos irão trazer memórias e desafiar a curiosidade.”
As escolhas são alargadas e, começando nas entradas, tem, por exemplo, tártaro de carapau e espuma de pimento assado (13€), taco de bacalhau à portuguesa (4€), ervilhas, vieira, ventricina e gema de ovo (15€) e gambas salteadas com pimentos e manjericão (17,50€).
Nos pratos principais, há entrecôte de atum (48,50€/duas pessoas), açorda de carabineiro (33€), arroz de pato com foie gras (22€) e o vegetariano nasi goreng de legumes (14€).
Para sobremesa, salienta-se cheesecake de chocolate e pêra rocha (7€) e panacotta de iogurte grego e laranja do Algarve (7€). Nas bebidas, destacam-se os yuppies, cocktails exclusivos a 16 euros, como o Rockfeller, com gin, sumo de lima, clara de ovo, mirtilos e amoras, o Magnate, com whisky, sumo de lima, maracujá e manjericão, e o Wall Street, com Macieira, Drambuie, sumo de lima e canela.
O restaurante localiza-se onde antes ficava o Salitre (na rua com o mesmo nome), mas também tem entrada através do Turim Boulevard Hotel. Embora o rooftop com vista privilegiada para a capital seja uma das mais-valias do espaço, só estará disponível quando os dias amenos regressarem.
De segunda a sexta, os clientes podem fazer a sua refeição com o menu executivo. Inclui os pratos principais do dia, buffet de frios, sobremesas, uma bebida e café — tudo por 22€. Porque este Yuppie, afinal, não é ganancioso.
A seguir, carregue na galeria abaixo e descubra algumas das propostas que o mais recente restaurante da Avenida da Liberdade tem para si.