Nos últimos tempos, muitos beauty lovers têm virado as atenções para a K-Beauty, isto é, a rotinas de cuidados com a pele com cosméticos sul-coreanos. À primeira vista, é um mundo que tem tanto de cativante (como a promessa de uma pele jovem e “sem imperfeições”), como de assustador. A verdade é que ainda há muitas dúvida sobre o assunto.
Embora recentes, estas fórmulas já se estabeleceram como bestsellers no Ocidente, tornando a Coreia do Sul um destino de eleição para quem busca a famosa “pele de porcelana”. Apesar da sua crescente popularidade em Portugal, a oferta ainda é limitada e tem gerado várias confusões.
Alguns destes mitos são abordados no e-book “Tudo sobre cosmética asiática”, lançado em julho de 2024. A autora do livro, disponível online por 7€, é Sara Fernandes, uma farmacêutica que se descreve como “louca por cosméticos”, sobretudo coreanos, que ficou conhecida graças ao blogue “Make Down”.
Quando o fascínio pela beleza oriental começou a escalar, há cerca de cinco anos, foi quando notou que muitas informações não estavam disponíveis em inglês. “O grande entrave, desde o início, tem sido a barreira linguística que fez com que não houvesse acesso a muito conhecimento”, explica à NiT.
À medida que percebeu que havia “muitas ideias enviesadas”, Sara decidiu criar uma introdução para que os portugueses percebessem como funciona este mercado, desde o contexto cultural aos resultados que podem esperar dos principais produtos vendidos no ocidente.
Seja através do livro ou das redes sociais, onde publica vários conteúdos educativos sobre o tema, Sara não tem dúvidas de que a aposta nesta cosmética é positiva. “Quanto mais concorrência e variedade, melhor”, afirma. Porém, para haver uma aposta por parte de mais marcas, é importante esclarecer algumas ideias pré-concebidas.
“A rotina asiática, nomeadamente a coreana, tem muitos passos”
Se já pesquisou sobre o assunto, provavelmente já se deve ter cruzado com a teoria de que existem 11 passos obrigatórios na rotina de beleza sul-coreana. Segundo Sara, esta crença trata-se de uma mentira e, na Ásia, não são usados necessariamente mais cosméticos do que na Europa.
“As primeiras pessoas a trazer esta oferta, na altura para os EUA, eram coreano-americanas que conseguiam traduzir com alguma facilidade”, recorda a farmacêutica. Uma delas, que tinha uma loja online dedicada à cosmética, terá introduzido este mito para vender com mais facilidade os produtos que tinha disponíveis.
“A maioria das mulheres coreanas tem o mesmo tempo no seu dia a dia que as portuguesas”, acrescenta Sara, afirmando que o único passo utilizado que ainda não é tão comum no ocidente é a aplicação diária do protetor solar, seja verão ou inverno. “Continua a ser uma rotina coreana se tiver menos passos.”
“Toda a gente faz rotinas complexas”
Até pode parecer verdade à primeira vista, mas Sara esclarece que muitos produtos que, na Europa, são vendidos como diferentes, no mercado asiático são agrupados na mesma categoria. É o caso, por exemplo, das essências, dos tónicos e dos séruns, que têm efeitos semelhantes.
A grande diferença na rotina, sublinha a fundadora do “Make Down”, é a preocupação com o bronze, já que na Coreia é valorizada uma pele alva, e as características do clima. Como é muito húmido, a preferência passa por texturas mais leves e hidratantes, o que também pode ser vantajoso no clima português.
@makedown_ Mitos sobre cosméticos asiáticos que oiço quase todos os dias! 🙈 desmenti algum em que acreditavam? #skincare #kbeauty #beleza #cuidadoscomapele
“As asiáticas têm uma pele bonita porque os cosméticos são superiores”
Embora Sara não se canse de elogiar estes produtos, reconhece que não têm todo o mérito pela invejável beleza asiática. “A cirurgia estética na Coreia é quase obrigatória. Se não tiverem o côncavo de uma determinada forma, as pessoas podem não conseguir arranjar um emprego”, explica.
Esta diferença na cultura significa que tem que existir uma gestão de expetativas ao integrar um destes cremes na rotina diária. “Achamos que o resultado vai ser o mesmo e ficamos frustrados quando não acontece”, diz. “Esquecemo-nos de que os tratamentos mais invasivos estão muito democratizados na Coreia.”
Uma das principais dúvidas prende-se com a questão das manchas, que raramente são visíveis nas fotografias de atrizes ou cantoras sul-coreanas. “Vemos pessoas de 50 anos que parecem ter 30 e achamos que a pele é assim porque usou cosméticos, mas é uma questão mais profunda.”
“Os cosméticos asiáticos são todos leves e não há nada para pele seca”
Este mito surge visto que muitas das marcas divulgadas no mercado ocidental posicionam-se para um público mais jovem. Apesar da oferta ser mais vasta, nem todos os produtos estão a chegar a Portugal (e aos restantes países da Europa) ao mesmo ritmo.
“Na Coreia existe uma divisão muito forte no mercado. Existem produtos para todos os tipos de pele, mas muitas mulheres mais velhas optam por comprar os cremes que desejam em espaços multimarca, onde encontram opções para as suas necessidades. Existe um comportamento de consumo diferente.”
Além disso, Sara sublinha que é mentira que não existe retinol, ou outros princípios ativos, nas fórmulas da K-Beauty. “Apenas são marcas que ainda não chegam cá com regularidade.”
“Os produtos asiáticos não são tão seguros”
Os ingredientes utilizados, como placenta e alguns derivados animais, também geram algumas questões, já que na Europa são vistos como menos éticos. “As pessoas desconfiam de tudo o que é asiático. Muita vezes, acreditamos que são propostas de má qualidade”, afirma.
Porém, acrescenta, as autoridades, seja na Coreia do Sul, na China ou no Japão, “são tão ou mais exigentes do que as europeias, existindo uma regulamentação de todos os ingredientes utilizados por entidades de confiança”, acrescenta. “Até porque, na Coreia, o mercado de beleza é um dos pilares da expansão do país. É do interesse do governo ter uma boa reputação.”
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