Beleza

A artista que transforma cartas de tarot em “tatuagens com um toque de magia”

Anatrisz interpreta a simbologia do oráculo para criar desenhos únicos. O maior objetivo é incluir leituras aos clientes.
É um momento de partilha.

Quando precisa de tomar uma decisão, Ana Beatriz Silva espalha as cartas de tarot sobre a mesa e deixa que o oráculo a ajude. Com a máxima concentração, encontra uma energia diferente ou um conselho escondido em cada um dos arcanos do baralho, mas acaba quase sempre com um sentimento de proteção.

Ao crescer numa família conversadora e religiosa, a jovem de 22 anos nunca teve acesso a este misticismo. Só mais tarde, em idade adulta, é que partiu numa autodescoberta pelo mundo da bruxaria e da cartomancia. O sogro, praticante da religião neopagã Wicca, ensinou-lhe quase tudo.

“Estudo as cartas para poder desenhá-las à minha maneira e, um dia, tornar-me taróloga”, explica à NiT. “Sinto que consigo aproximar-me dos arquétipos para os transportar para as minhas formas de criar arte.”

Os oráculos acompanham a criativa no seu trabalho enquanto tatuadora. Anatrisz, como é conhecida nas redes sociais, transforma cada uma daquelas figuras misteriosas em “tatuagens com um toque de magia”, onde não faltam estrelas, anjos, feiticeiras e outras imagens esotéricas.

A paixão pela arte de tatuar nasceu no Rio de Janeiro, no Brasil, onde Ana nasceu. Porém, no início fazia trabalhos mais comerciais inspirados na botânica — e a magia não era sequer uma opção. Só quando se mudou para Portugal, em 2022, é que começou a descobrir uma identidade artística.

“Vim para o Porto porque sempre tive o sonho de explorar o mundo e conhecer outros países. Sentia-me muito presa”, recorda. “Disse que ia apanhar um avião para ver o que acontecia e deu nisto. Foi uma jornada de autoconhecimento.”

Quando chegou, foi acolhida como artista residente no Wich House Atelier, um estúdio privado com as pinturas de Van Gogh a inspirar a decoração. E chegou com uma série de desenhos inspirados em algumas das suas cartas favoritas, mas sempre com um toque pessoal.

“Faço imensas tatuagens personalizadas, mas também me pedem muitos dos desenhos que faço e partilho nas redes sociais”, diz. “O lado bom do portefólio é que também inspira muitas pessoas que preferem algo idealizado por elas.”

Uma das que mais gostou de fazer foi uma recriação da carta “The Lovers”. Com total liberdade criativa para explorar a simbologia, Ana reimaginou-a com duas figuras femininas com orelhas de elfo. Gostou tanto do resultado que, no final, fez uma pintura digital para dar mais vida a estas personagens.

Trata-se do número seis dos Arcanos Maiores, uma das figuras do baralho tradicional. É uma carta dupla, que representa o amor, os relacionamentos ou as escolhas necessárias. Pode representar uma pessoa dividida entre duas paixões ou, simplesmente, um casal.

 
 
 
 
 
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Muitas vezes, as pessoas que encontram conforto no esoterismo partilham as suas experiências com a artista. “Quando tatuei a carta ‘A Estrela’, a cliente desabafou que se identificou com ela devido à energia. Era como se fosse a luz ao fundo do túnel de que precisava num momento mau da vida dela.”

Se tiver de pensar em três elementos que não podem faltar nas suas tatuagens, Ana destaca as estrelas, as luas e os pequenos bichinhos. É, acima de tudo, sobre “passar um sentimento de aconchego e de segurança no meio de uma vida tão agitada”, afirma. E sempre com magia.

O processo de descobrir este estilo, explica, começou em Portugal. Após um período em que pensou parar de tatuar devido à ansiedade que sentia, virou-se novamente para o desenho. Quando voltou a fazer esboços a pensar na pele humana, reparou no padrão.

Curiosamente, foi o pai, que sempre foi mais conservador, a incentivá-la a tatuar. “Teve um acidente e ficou com uma grande cicatriz no braço. Resolveu fazer uma tatuagem para a cobrir. Esse foi o primeiro contacto dele com este universo e, como a filha sabia desenhar, pensou que podia ser uma opção.”

Ana fez o primeiro curso ainda durante o ensino secundário, quando tinha 16 anos, mas abandonou-o para terminar os estudos. No final do 12.º ano voltou à formação e, daí em diante, nunca mais parou. A mudança para a Europa foi uma espécie de combustível para a criatividade.

“Comecei a criar o que gostava de realmente de fazer e não só aquilo que pensava que as pessoas procuravam”, confessa. Embora arriscado, o método resultou para criar este “mundo onde as tatuagens são mágicas”.

Agora, a artista quer incluir o conhecimento sobre o tarot de forma ainda mais profunda. O próximo passo é fazer um curso para oferecer leituras aos clientes para descobrirem qual é a carta com que se identificam naquele momento. E, pelo meio, explorar o folclore de várias partes do mundo para trazer essa diversidade para o seu trabalho.

As marcações podem ser feitas online e os preços começam a partir dos 35€.

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