Beleza

Será eficaz usar o ferro de engomar para esticar o cabelo?

Um vídeo de Rita Pereira a alisar os fios com o eletrodoméstico abriu a discussão. A NiT falou com um hairstylist sobre o tema.
A técnica era muito usada nos anos 50 e 60.

A imagem pode parecer estranha nos dias que correm, mas está presente em vários filmes, séries e novelas de época. Se recuarmos até ao final dos anos 60, o uso do ferro de engomar para alisar o cabelo (sim, leu bem) era muito comum. Antes da popularização dos alisadores — que agora se vendem em qualquer loja de eletrodomésticos, mas era raro encontrá-los à venda em Portugal até meados anos 90 — o aparelho para passar a roupa a ferro era usado como alternativa.

Décadas volvidas, a prática voltou a ser assunto nas redes sociais graças a Rita Pereira. A irmã publicou um vídeo da atriz que, de férias na Tailândia, precisou de arranjar uma solução para a falta de secador. Optou por esticar o cabelo com o eletrodoméstico destinado a tirar as rugas das roupas — e o debate sobre os danos causados são tardou.

O vídeo publicado por Joana Pereira.

“Lembro-me da minha avó dizer que passava [o ferro de engomar] nos fios da minha mãe, que tinha o cabelo ondulado”, conta à NiT o hairstylist Karlos Wendell. “Ela colocava brasas dentro do ferro para o aquecer, porque não era elétrico, e só depois é que o passava tanto na roupa como no cabelo”, recorda.

O hábito não se perdeu por completo, embora atualmente sirva sobretudo “para desenenrascar”, como mostrou Rita Pereira.“Pode ser usado nos cabelos longos, mas como não dá para esticar pela raiz não tem o mesmo efeito. É apenas um desembaraço”, explica Wendell.

Da oxidação à queda do cabelo

Mais do que a eficácia da técnica rudimentar, a principal preocupação são os danos causados nos fios capilares. Em meados do século passado, usavam-se muito os cabelos presos e cheios de laca, logo as consequências dos estragos eram menos visíveis. Atualmente, a tendência é usar os cabelos soltos e é mais difícil esconder os efeitos nefastos do calor extremo.

De acordo com o profissional, “se a pessoa passar o ferro uma vez, não vai notar logo os estragos. Mas, com o passar do tempo, vai sentir.” E não precisa de o fazer de forma recorrente — fazê-lo uma ou duas vezes será suficiente para causar estragos.

“No caso do cabelo loiro, ele começa a oxidar e a amarelar”, acrescenta o hairstylist, alertando para o perigo de usar o ferro de engomar em fios com coloração. A cor fragiliza os cabelos e, com o passar do tempo, podem mesmo queimar.

Se usar o ferro com frequência, os fios vão começar a ficar mais quebradiços e a queda será mesmo inevitável: “Quando se passa o ferro no cabelo, ele vai perder a água, ficar seco e partir”, diz.

Alguns destes problemas já são sentidos por quem usa ferramentas térmicas adaptadas todos os dias. Muitas clientes que aparecem no salão com o cabelo queimado esticam o cabelo diariamente. Por isso, fazê-lo com um ferro de engomar — que não foi desenhado para ser usado nas fibras capilares, há ainda mais cuidados a ter.

Por falta de opção, as nossas avós não protegiam os fios ou limitavam-se a colocar um tecido entre o ferro e o cabelo. Se tiver de recorrer a esta alternativa, o ideal é usar sempre um protetor térmico. Além disso, o melhor que pode fazer é controlar a intensidade do calor — nunca deve colocar o ferro no máximo.

“Agora, cuidamos mais da saúde do cabelo. O bonito é estar macio, poder passar a mão nos fios e sentir que estão nutridos”, conclui Karlos. “Já é preciso ter cuidado com ferramentas térmicas, então o ferro de engomar não deve ser uma opção.”

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