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Duarte faz tatuagens inspiradas em músicos — é um fenómeno nas redes sociais

De José Pinhal a Slow J, são muitos os artistas que o inspiram. O seu trabalho já tem centenas de milhares de visualizações online.
Tem 22 anos.

O ritual repete-se todos os dias. Duarte Nunes chega ao estúdio Biloba, em Coimbra, e coloca sempre a mesma playlist. Das colunas saem quase sempre temas de Post Malone, o rapper norte-americano que serve de banda sonora ao trabalho feito com afinco. Com o stencil numa mão e as agulhas na outra, deixa que a música inspire o que grava na pele dos clientes: a que está a tocar na sala ou as que são levadas pelos visitantes.

Em menos de um mês, o jovem de 22 anos já soma centenas de milhares de visualizações nas redes sociais. O trabalho do tatuador destaca-se pela forma como procura espelhar a discografia de artistas nacionais e internacionais em desenhos de autor. Há desenhos sobre José Pinhal — o misterioso fenómeno do artista que fez sucesso após a morte —, Pedro Mafama, Slow J, Dillaz ou Van Zee.

Se agora já vive desta arte, no início “nem tinha uma mala para levar as tintas”, recorda à NiT. Na verdade, não foi algo que surgiu de forma linear. Era o miúdo que passava as aulas a riscar os manuais, mas acabou seguir outro caminho e licenciar-se em português. Quando se formou, sentiu-se perdido e virou-se para o mundo das artes enquanto autodidata.

“Os meus amigos vinham fazer uma tatuagem por 10€ ou pagavam-me um jantar em troca. Fui ganhando alguma experiência, o talento começou a revelar-se e deu certo”, acrescenta. No início, focou-se num estilo de ilustração semelhante ao dos cartoons que fazia para os jornais, mas foi adaptando o estilo e tornando-o mais minimalista.

Antes dos artistas musicais, ainda se virou para o mundo da pintura, à medida que se ia inspirando em nomes como Van Gogh. Não demorou muito até começar a fazer esboços inspirados nos artistas que mais ouvia, caso de Slow J. Sem que estivesse à espera, começou a receber cada vez mais pedidos.

“O primeiro foi para fazer uma do Mac Miller. Na altura, publiquei um conjunto de seis flash tattoos e vendi-as todas em menos de três dias. Foi uma loucura”, conta. Entre as ideias, estava por exemplo uma recriação do último álbum em vida, “Swimming”, com um homem a mergulhar,

A ideia explodiu em meados de abril, quando publicou um vídeo com desenhos em homenagem a José Pinhal. A sugestão partiu da namorada e, como Duarte nunca tinha visto algo semelhante, decidiu arriscar.

O vídeo, ao som do tema “Tu És A Que Eu Quero, já conta com quase 200 mil visualizações no TikTok. De silhuetas do artista a uma bola de cristal, passando por versos do artista, o jovem encontrou um nicho que catapultou a sua popularidade.

 
 
 
 
 
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“Gosto de misturar frases soltas e torná-las tatuagens singulares ou fazer um design abstrato. Se a música for sobre fotografia, faço uma camara fotográfica que pode incluir um verso. É sempre a minha interpretação do que eu ouvi na discografia da pessoa”, explica.

Duarte é um fã de hip-hop e, por isso, a grande maioria dos desenhos recai sobre artistas do género. Desde que arrancou com o projeto, também já partilhou desenhos inspirados no hit de Pedro Mafama, “O Preço Certo”. “Tatuar assim sabe tão bem”, escreveu no post onde mostra o resultado, com a famosa roda da sorte do programa de Fernando Mendes que deu nome à canção viral.

Um dos trabalhos que mais o marcaram remetem para as originais. Inspirou-se em Mac Miller, mais precisamente no álbum “Divine Feminine”, e recriou a capa do disco numa sessão prolongada de três horas. “Tem um aspeto 3D, mas de forma muito suave e numa zona muito complicada do braço”, fiz. “Até hoje não sei como fiz, mas estou apaixonado e peço sempre para a ver. Tenho vontade de a arrancar.”

A recriação do “Divine Feminine” de Mac Miller.

Fora do mundo da música, continua a focar-se noutras áreas que o apaixonam. “Há algum tempo tive um rapaz que queria fazer o desenho de ‘O Grito’ na coxa, mas estava a suar tanto que, no final, o desenho já não estava na pele. Continuei e tentei não transparecer o meu nervosismo.”

Tudo isto acontece num estúdio privado, em Coimbra, “que as pessoas não conseguem encontrar”, garante Duarte, que já passou por dois espaços desde que começou. São cerca de sete artistas com estilos muito próprios, alguns mais minimalistas e outros “mais virados para o metal”.

Os seguidores não param de aumentar. Já são mais de dois mil em cerca de duas semanas. Ainda assim, garante que está “sempre a ver desenhos na Internet e a tentar inovar”. No entanto, não quer que o seu trabalho se fique pelo digital. Os próximos passos passam por levar as suas agulhas até Barcelona, Porto ou Sevilha, e arriscar com guest residences nas grandes cidades europeias.

Pode conhecer melhor o trabalho de Duarte Nunes e fazer marcações de tatuagens online. Carregue na galeria para ver alguns exemplos de trabalhos do tatuador.

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