Embora não tenham sido as grandes vencedoras da noite, Miley Cyrus e Lady Gaga destacaram-se na cerimónia dos Grammy, realizada a 2 de fevereiro nos Estados Unidos. O visual escolhido por ambas gerou várias comparações entre os fãs, uma vez que optaram por penteados bastante semelhantes.
Para a ocasião, Miley e Gaga escolheram um corte de cabelo designado hime cut, também conhecido como o “corte das princesas”. Apesar de algumas diferenças subtis, como o comprimento da franja e a cor do cabelo, ambas seguiram uma estética geométrica que combina diferentes tamanhos, uma tendência que também já foi adotada por Billie Eilish.
A intérprete de “Flowers”, completou o seu look com uma franja, usando um vestido preto de couro da Saint Laurent, com decote cruzado e recortes na zona da barriga. Por sua vez, Lady Gaga apresentou-se com um modelo gótico da Vivienne Westwood, cujos detalhes se alinhavam com um visual de beleza mais dramático.
Após o evento, o interesse pelo hime cut aumentou. O hairstylist Karlos Wendell descreve o corte como “feito em linhas retas e com o comprimento ligeiramente abaixo do queixo”. Mantém-se o cabelo comprido na parte de trás, enquanto a frente é cortada pela altura das orelhas ou do queixo.
Embora possa parecer uma novidade, o corte tem uma longa história e já foi adotado por várias personalidades. Nos anos 70, a cantora Cher já o utilizava, e em 2021, a atriz Nicole Kidman apareceu com uma versão semelhante na capa da revista “Perfect Magazine”, também desfilando com o estilo numa apresentação da Prada.
Atualmente, o hime cut apresenta-se em várias versões, incluindo cabelos coloridos, sem franja ou com camadas. A popularidade de fenómenos asiáticos, como o K-Pop, tem contribuído para a crescente visibilidade deste estilo. No TikTok, por exemplo, a hashtag associada ao corte já conta com mais de 90 milhões de visualizações.
gente o que tá acontecendo? pic.twitter.com/F0FkeRu5fS
— 𝐑𝐞𝐧𝐚𝐭𝐚 (@billish_1999) February 3, 2025
“No salão, até agora só fiz um corte deste género e foi numa peruca”, acrescenta Karlos, enfatizando que ainda não é uma escolha comum entre o público em geral. “Normalmente, as celebridades que optam por este estilo usam perucas, já que é mais fácil manter”, explica.
Apesar da manutenção exigente, que exige visitas ao salão a cada 15 dias, devido ao rápido crescimento da franja, o hime cut tem atraído a atenção por ser “um estilo distintivo e associado ao mundo da moda”.
Contudo, nem todos os rostos se adaptam bem a este corte; ele funciona melhor em pessoas com rostos ovais, arredondados e testas alongadas. “Se a pessoa for muito magra, pode não ficar tão bem”, alerta o hairstylist.
A história do hime cut
As origens do hime cut remontam ao Japão, onde o estilo se desenvolveu durante o período Heian, entre 794 e 1185, e era reservado para as mulheres da aristocracia. Quando as jovens atingiam a idade adulta, passavam por um ritual de transição conhecido como Bisongi, que implicava adotar um novo penteado. O Hime, cujo termo se traduz para “princesa” ou “senhora de nascimento superior” previa que o cabelo fosse cortado até às orelhas, mantendo o restante comprido.
O estilo só ganhou notoriedade na Europa, muitos séculos depois, em parte graças à modelo britânica Penelope Tree, uma das grandes figuras dos anos 60, que se tornou uma embaixadora do look. Tree apresentava mechas frontais mais curtas que o resto do cabelo, criando um contraste que realçava as maçãs do rosto e outras feições.
No entanto, em rostos quadrados, o efeito pode acentuar demasiado o maxilar. “Em alguns casos, os profissionais optam por fazer a franja e depois escadear o restante do cabelo, para evitar um aspeto excessivamente quadrado”, observa o hairstylist.
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Hime ou jellyfish?
O hime cut tem gerado várias comparações a outro estilo conhecido como jellyfish, que apresenta um corte em camadas, combinando características de ambos os estilos. Enquanto o primeiro mantém as laterais cortadas de forma reta e estruturada, o segundo divide o cabelo em duas secções distintas e é inspirado numa estética mais futurista e rebelde. Em contraste, o hime cut é mais minimalista e cuidadoso.
Em termos de manutenção, o estilo escolhido por Cyrus e Gaga não é recomendado para cabelos com pouca ondulação ou textura, exigindo ainda mais cuidados nesses casos. “Para ficar perfeito, é indicado, sobretudo, para cabelos lisos e com linhas naturalmente retas”, sublinha Karlos.
”Não sei se as clientes vão aderir, porque é preciso ter uma atitude muito forte para usar”, considera. “É bonito e emoldura o rosto, mas está longe de ser acessível à maioria das pessoas. É um corte mais presente no mundo da moda”, conclui.
Carregue na galeria para ver alguns exemplos de como adotar o hime cut.