Não é a primeira vez que acontece, não será também a última que uma ideia genial do departamento criativo é arrasada assim que é tornada pública. Desta vez, a empresa que caiu na ratoeira chama-se Woke Up Like This e viu as suas boas intenções esbarrarem numa concretização infeliz.
A empresa de cosméticos de Hong Kong pretendia lançar uma nova linha de produtos inspirada em “mulheres famosas e inspiradoras”. O brainstorming levou a nomes como Virgina Woolf, Frida Kahlo e, bem, Anne Frank.
A criança judia que morreu num campo de concentração durante o holocausto — e que se tornou famosa graças aos seus diários, mais tarde divulgados e publicados — é, certamente, uma figura feminina inspiradora. Não é, pelo menos na opinião das centenas que invadiram as redes sociais para arrasar a escolha, propriamente a figura certa para impulsionar as vendas de um cosmético. Neste caso, tratava-se de um blush líquido batizado de Dream Like Anne (ou Sonha Como Anne).
“Dar o nome de Anne Frank, que foi vítima de um genocídio, a um blush, é revoltante. Os judeus mortos não são uma oportunidade de marketing”, escreveu o autor judeu Ben M. Freeman.
Após a onda de críticas, a WULT ordenou a retirada do produto. A decisão surgiu acompanhada de um pedido público de desculpas feito à “Insider”: “O milagre do legado do diário de Anne Frank é que mesmo perante o sofrimento, o isolamento e a tragédia, a sua expressão de esperança para o futuro continua a inspirar gerações. Estamos extremamente arrependidos por termos decidido prestar-lhe homenagem de uma forma ofensiva e que é considerada desrespeitosa. A nossa intenção era precisamente oposta, a de trazer uma energia positiva e um pouco de luz durante estes tempos de pandemia global”.