Portugal entrou para a história. Marina Machete ficou entre as 20 finalistas da edição de 2023 do Miss Universo — e tornou-se a primeira mulher transgénero alcançar essa conquista. A modelo de 28 anos representou Portugal no concurso que terminou este sábado, 18 de novembro, em El Salvador, com concorrentes de 86 nacionalidades.
No final da noite, Sheynnis Palacios, concorrente da Nicarágua, foi a grande vencedora da edição deste ano da competição. A jovem de 23 anos tornou-se a primeira a conquistar o título pelo seu país. O pódio ficou completo pelas representantes da Tailândia, Anntonia Porsild, de 27 anos, e da Austrália, Moraya Wilson, 22, respetivamente.
Palacios recebeu a coroa pelas mãos de R’Bonney Gabriel, participante dos Estados Unidos, que foi coroada em 2022. Apesar da idade, não é uma novata. Trabalha como modelo e já é detentora de inúmeros títulos de concursos de beleza. É também ativista de saúde mental e produtora audiovisual na cidade de Manágua.
“A sua causa este ano será a saúde mental, devido à sua experiência com ansiedade. Vinda de um país onde esta questão raramente é abordada, iniciou uma iniciativa acessível chamada ‘Understand Your Mind’, na qual entrevista um especialista em cuidados emocionais nos seus segmentos televisivos”, escreveu a organização do concurso.
A 72.ª edição do concurso, criado em 1952, tornou-se um marco pela diversidade. Pela primeira vez, contou com a participação de duas mulheres transgénero, duas mães e uma mulher plus-size. Em agosto de 22, a organização alterou as regras e diminuiu as restrições das candidaturas.
Quem é Marina Machete?
Marina Machete foi coroada Miss Portugal tornou-se a primeira mulher transgénero a participar e também a vencer o concurso Miss Portugal, já com quase um século de história. Tem 28 anos, é natural de Palmela, em Setúbal, e destacou-se na categoria que destaca a candidata mais confiante no evento, que decorreu a 5 de outubro.
Hospedeira de bordo há cinco anos, garante que a profissão tem sido “uma experiência transformadora” que a mantém alerta para o modo como as pessoas trans são tratadas pelo mundo. A jovem diz ainda que devido à sua identidade de género, teve de ultrapassar “muitos obstáculos”.
“Felizmente, e em especial no seio da minha família, o amor provou ser mais forte do que a ignorância”, explicou num vídeo no canal do Miss Drag Portugal no YouTube. Além da luta pelos direitos da comunidade LBGTQI+, é apaixonada pelos “animais e pela sua proteção”.
A portuguesa não foi a primeira mulher transgénero a participar no Miss Universo. A estreante foi a sevilhana Angela Ponce, em 2018. Este ano, também Rikkie Valerie Kollé, dos Países Baixos, competiu. E, tal como Marina, a neerlandesa afirmou que após vencer o concurso naquele país, em julho, recebeu centenas de mensagens de ódio.
Em Portugal, o comentador Miguel Sousa Tavares reforçou que acredita que a participação de Marina no concurso é “babota”. E comparou a situação aos desportos que, atualmente, aceitam a participação de mulheres transgénero — algo com o qual também não concorda — ou com os escritores que escrevem livros através do ChatGPT.
Aproveite para ler o artigo da NiT sobre o aplaudido vestido em forma de flor que a Miss Portugal usou numa das categorias. E saiba também a história do look inspirado na República Portuguesa, criado por uma drag queen, que a concorrente usou na categoria de figurinos nacionais.
Carregue também na galeria para ver algumas fotografias de Marina Machete antes e durante o concurso.