É um look pouco usual a partir de uma certa idade. As explicações são muitas: o cabelo, ao envelhecer, perde textura, pigmento e torna-se mais fino. O resultado? As mulheres mais velhas acabam por optar penteados mais curtos. O hábito tornou-se tradição e são poucas as histórias de almas corajosas que a desafiam. Helen Mirren não é uma dessas mulheres.

Aos 77 anos, a atriz britânica tem surpreendido nas entrevistas e aparições públicas com os seus longos cabelos brancos. Para trás ficou o seu habitual bob, que acabou por se tornar na sua imagem de marca.

Mirren aproveitou uma entrevista a Lorraine Kelly na quarta-feira, 8 de março, para abordar a sua escolha de corte de cabelo. E fê-lo com a habitual frontalidade.

“Dizem que não devemos ter cabelo longo a partir de uma certa idade”, referiu. “Mas durante a pandemia, deixei o cabelo crescer e já não tinha cabelo comprido desde os meus 20 anos.”

Segundo a atriz, esses longos meses de pandemia fizeram com que se habituasse ao novo look. E por uma questão de preguiça, decidiu mantê-lo intacto.

“Cresceu, cresceu, cresceu e eu não me preocupei em cortá-lo. Basicamente foi isso. Pensei que seria muito cool se mantivesse o corte durante algum tempo”, confirmou. “Eventualmente irei mudar, mas por agora estou a gostar de me ver assim. É bem radical.”

Nesta luta contra o estereótipo, Mirren assume-se também como uma espécie de símbolo para as mulheres de todo o mundo que já chegaram aos 70. “A vida não termina. A criatividade não termina. A paixão e a energia não terminam, a não ser que tu própria decidas pôr-lhes um fim.”

“É preciso automotivar-nos, nunca desistir. Encontrar as coisas na nossa vida que nos fazem felizes”, concluiu.

Esta não é a primeira vez que aborda o tema. Em várias entrevistas dadas ao longo dos anos, a atriz tem falado sobre os estereótipos e preconceitos associados à idade. Em 2019, por exemplo, atirou-se abertamente à publicidade a produtos cosméticos.

“É extremamente irritante para mulheres da minha e das gerações seguintes terem que ver produtos de beleza serem vendidos através da face de miúdas de 15 anos”, disse numa entrevista à revista “Grazia”, antes de se atirar ao termo produtos de beleza, sobretudo à palavra beleza, que diz provocar insegurança nas mulheres.

“Acabam a pensar: ‘Bem, eu não sou lá muito bonita. Isto é tudo muito giro, mas é para as mulheres bonitas e eu não me sinto bonita.’ Não quero que estas pessoas se sintam excluídas, que fiquem sem a possibilidade de se sentirem fabulosas consigo próprias.”