Beleza

Saiu de uma relação tóxica e nunca mais pintou o cabelo. “Diziam-me que estava louca”

A influencer de 57 anos tornou-se obcecada com a coloração. Agora, toda a gente elogia a sua cabeleira longa e grisalha.
O cabelo começou a ficar branco aos 30 anos.

15 de novembro de 2016. Elisa Berrini Gómez ainda se recorda da data exata em que, aos 52 anos, se decidiu divorciar-se do marido que a julgava pela aparência, despiu-se de preconceitos e assumiu os cabelos brancos. “Na altura, quase todas as mulheres pintavam o cabelo, mas não queria ser uma escrava dessa mentalidade”, conta à NiT.

Atualmente, a canadiana de 57 anos tornou-se um exemplo de autoaceitação nas redes sociais. No TikTok, já soma cerca de 300 mil seguidores encantados com os fios longos, grisalhos e saudáveis que ostenta. Usa a plataforma para mostra os seus looks, rotina de cuidados e falar, sem filtros, sobre o idadismo.

No entanto, quando criou uma conta, em julho de 2020, queria apenas fazer as danças divertidas da rede social. “Fazia exercícios, mas como não sabia como guardar os vídeos, publicava-os por acidente. Nem me lembrei que devia tornar a minha conta privada. Pensei ‘quem é que vai olhar para mim’?”, acrescenta.

Na verdade, começaram logo a aparecer notificações de novos seguidores. No primeiro dia tinha 100, aumentaram para mil em pouco mais de uma semana e não pararam de crescer. O motivo? Toda a gente ficou interessada nos seus cabelos brancos e fazia perguntas sobre o seu estilo.

Quando começou a fazer vídeos sobre a sua cabeleira, a página explodiu. Recorda-se que o primeiro vídeo que a colocou no centro dos holofotes foi a mostrar como colocava o seu cabelo num chignon, ou seja, um coque baixo — “toda a gente ficou espantada” e teve três milhões de visualizações.

@elisaberrinigomez

We are brainwashed to believe that grey hair is bad. Re-think your options. #greyhair #youhaveoptions #respect

♬ Feliz – Chimbala

“O stress da relação deixou-me o cabelo branco”

“Nunca me senti insegura. Nasci com o cabelo castanho, muito escuro, e comecei a ter fios grisalhos aos 14 anos”, diz. Aos 30, começou a perder a coloração na região da coroa da cabeça de forma mais intensa — e a mudança não foi um problema até começarem a surgir comentários depreciativos.

Nessa altura, em 1995, andava na rua quando um homem, a alguns metros de distância, gritou “Consigo ver os teus cabelos brancos”. “Isso envergonhou-me. Toda a gente olhava para mim e isso deixava-me desconfortável, por isso, cobri a cabeleira com tinta.”

A situação agravou-se com o seu segundo casamento, com um homem que descreve como “exigente” e que “não tinha respeito” por si. As críticas à sua imagem, postura e comportamento tornaram-se constantes e, devido à insegurança, começou a usar a coloração para se sentir segura. Mas sentia-se infeliz.

“O stress da relação deixou-me o cabelo ainda mais branco. Estava obcecada, não conseguia parar de pensar nisso”, recorda. Até chegou a pintá-lo de loiro, a pedido do antigo companheiro, e deixou de se reconhecer no espelho.

Elisa sentia-se cansada, frustrada e presa durante os 12 anos em que estiveram juntos. Num dia de frustração, após mais uma ida ao salão de cabeleireiro, decidiu que não queria continuar a viver daquela forma. Quando o casamento acabou a mudança foi definitiva: “não deixei que a cor grisalha me continuasse a stressar.”

Das críticas no trabalho aos elogios na rua

Na fase de transição, não pensou em tendências ou nas redes sociais. E nem precisou de muito tempo para se habituar à ideia. “Quando voltei a ver os cabelos brancos, mentalizei-me logo. O resto da transição era cosméticos e saber que estava a viver livremente.

“Vejo tantas mulheres que pensam ‘ela é bonita, será que eu também fico bem?’ e não se pode controlar isso. Dizem que querem ter um penteado como o meu, mas vai ser diferente em todos os casos. A decisão tem que partir da vontade própria. E eu só não me queria sentir forçada a nada.”

No local de trabalho, na área das soluções de software, começaram a surgir muitas críticas. Todas vinham de mulheres da mesma idade que “me diziam que estava louca”. “A forma como lidava com isso, porque adorava desafios, era provar que estavam erradas. Limitava-me a sorrir.

Do grupo de amigas, todas continuaram a optar pelas tintas. Ainda assim, sempre que saíam juntas, Elisa notava que tinha sempre pessoas a vir ter com ela para elogiar o cabelo. Antes do sucesso digital, e das caixas de comentários, já tinha esse magnetismo.

Ostenta os seus cabelos longos na rua.

Os segredos para a aparência saudável

Mais do que a cor, Elisa acredita que o torna o seu cabelo tão bonito é o comprimento (invejado por muita gente), o cuidado com o styling diário e ainda o facto de se vestir com o seu próprio estilo. Todas estas mudanças, que começaram após o divórcio, fazem parte da imagem magnética da influencer.

“Antes, tinha um estilo mais rígido e sóbrio, tudo tinha que estar perfeito e muito contido. Queria provar que ainda era jovem. Agora, é mais fluido e livre. Não me interessa se pareço ter 20 ou 100 anos, mas quero vestir-me da forma como quero. Sinto-me muito mais sexy.”

Ao mesmo tempo, notou que os homens acima dos 50 anos tinham receio de sair com ela por “parecerem mais velhos”. Um deles, com o cabelo grisalho, chegou a dizer que se voltasse a pintar os fios lhe daria a melhor vida possível. “Eu ri-me na cara dele e recusei”, conta. Em vez disso, começou a atrair pessoas com metade da sua idade.

Atualmente, lava o cabelo com qualquer champô que tenha — e não necessariamente azul. Só usa o produto específico para neutralizar os tons amarelados de vez em quando. Segue-se um condicionador e, quando usa o secador, coloca um protetor térmico.

Os principais cuidados, e que fazem toda a diferença, estão na aplicação final. Quando se vai pentear, coloca sempre um óleo para deixar os fios mais brilhantes, e não tem medo de arriscar na modelagem final.

“O styling deve ser sempre feito com prazer e não com medo. Quando tinha receio, aplicava dezenas de produtos e nunca ficava bem”, conclui. “É preciso divertirmo-nos, caso contrário, ficamos com um estilo mais rígido e um aspeto menos agradável.”

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