Decoração

A casa na aldeia com vista para o Marão que transforma o tradicional em moderno

Nasceu na aldeia de Constantim, em Vila Real, a partir de um acesso inusitado. Tem uma piscina que une a sala de estar à paisagem.
Ficou concluída em 2024.

Quando a conceção da casa começou, não parecia uma construção destinada à habitação. O projeto surgiu a partir de um pátio de entrada, que se estendeu entre dois muros verticais, conduzindo até a parte mais distante e interessante do terreno. É neste local, ao fundo de um espaço inclinado e estreito, que se encontra o acesso principal à moradia.

Esta abordagem foi uma das soluções desenvolvidas pelo arquiteto Pedro Soares para lidar com uma série de desafios. Um deles, era desencontro entre as ideias que os clientes tinham em mente e as imposições da Câmara Municipal, que exigia que a habitação ficasse alinhada com as construções já existentes.

A obra atendeu a esta exigência, optando por explorar o terreno comprido na aldeia de Constantim, em Vila Real, que um jovem casal escolheu para iniciar a ampliação da família. “Queríamos desenvolver a casa a partir da zona mais ampla”, explica à NiT o responsável da AZO Arquitectos.

Como resultado, foram criados dois volumes que se adaptam ao desnível do terreno; um deles, localizado na parte superior, abre-se para a paisagem, oferecendo uma vista privilegiada para a Serra do Marão. “Formou-se uma composição escultórica com dois blocos que se intersetam“, acrescenta

A primeira unidade estende-se ao longo do terreno, abrigando os quartos e um escritório, enquanto a segunda, que se posiciona perpendicularmente e mais próxima do solo, comporta as áreas sociais, como a sala de estar e a cozinha. Adicionalmente, foi acrescentado um terceiro piso, destinado exclusivamente à garagem.

“Há uma autoestrada nas proximidades e era importante, por razões acústicas, que as zonas privadas não estivessem orientadas nessa direção”, explica. “Foi necessário inverter a disposição, criando assim uma estrutura semelhante a uma barreira de betão, que se opõe ao fluxo dos veículos.”

O terreno era estreito e inclinado.

Concluída em 2024, esta casa na aldeia também vive das matérias-primas. Cada material foi escolhido para trabalhar esta relação com a arquitetura local, apostando na mistura entre elementos tradicionais nas típicas casas de pedra da zona, mas com um desenho contemporâneo.

É o caso da cobertura inclinada com telhas, “uma escultura visual interessante”, assim como as portadas nas janelas dos quartos, que são uma referência à construção dos espigueiros com tábuas de madeira, colocadas na vertical, para ventilar os espaços interiores.

“Interessam-nos materiais que envelheçam bem com o tempo e que sejam integradores da natureza. Tem muito a ver com a visão mais contemporânea desta materialidade”, sublinha o arquiteto.

O betão é um dos protagonistas não só por trazer este toque contemporâneo, mas por resolver várias questões estruturais. Deu-se ainda destaque à pedra natural no pavimento e que se transpõe para o interior, as madeiras nas carpintarias ou o estanho no reboco das paredes.

Outro elemento imprescindível desta construção é o jardim, onde se encontra uma piscina. O objetivo foi claro desde o início: criar um cenário que conseguisse ligar a sala de estar à Serra do Marão, quase como se o interior se prolongasse até à envolvente.

Entre o antigo e o moderno, criou-se um “espelho de uma revolução” na aldeia, sem uma grande paleta de materiais ou de misturas — tal como é conhecido o trabalho do arquiteto. Acima de tudo, encontrou-se a pureza na forma e nos materiais para que o lar sonhado por uma família perdure no tempo, sempre em diálogo com a paisagem.

Carregue na galeria para ver mais imagens da casa, captadas pelo fotógrafo Nelson Garrido.

 

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT