Chamava-se Rolete e foi o cavalo que acompanhou a infância de Carolina — Carol, como gosta de ser chamada —, com passeios pelos pastos da fazenda da mãe, no Brasil, durante anos. O convívio com a natureza, numa região rural da Amazónia, mais concretamente no Pará, caracterizou o seu crescimento e serviu de inspiração para o negócio que criou com peças de cerâmica handmade.
A marca Cale nasceu em 2022, mas foi no dia 17 de fevereiro que abriu o primeiro atelier, pronto a receber as alunas que queiram aprender esta arte. Foi um sonho que nasceu depois de dar aulas na Pousada da Juventude, em 2023, quando percebeu que, afinal, gostava de ensinar.
Carolina Leão, 35 anos, nasceu em Goiás, no centro do Brasil, mas cresceu na Amazónia e, por isso, viveu sempre perto da natureza, do rio e dos animais. Voltou para o centro do país para tirar o curso de Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Paulista (UNIP), em 2015. Estagiou num prestigiado escritório de arquitetura, com Cláudia Zuppani, mas nunca chegou a exercer a profissão. No mesmo ano, foi para a Irlanda com o marido, Paulo Augusto, 38 anos, para fazerem um intercâmbio de inglês.
A verdade é que gostaram de morar na Europa e, por isso, não equacionaram regressar ao Brasil. Em 2017, decidiram vir para Portugal, com as filhas Maria Clara, que na altura tinha dez anos, e Bela, com apenas dois meses e meio. Até porque Carol tem ligações com o País, já que os bisavós eram portugueses e viviam no Montijo (pelo menos, é o que Carol pensa, já que é a localidade em que falam, embora a avó não consiga precisar).
“Não foi nada planeado. Simplesmente viemos para cá. Primeiro ficámos na Moita, mas eu queria mesmo vir para Setúbal porque era completamente apaixonada pela Serra da Arrábida e a cidade é incrível”, confessa à NiT. Quando chegou, trabalhou na área da decoração, mas no setor das vendas. Na altura da Covid-19, percebeu que não era aquilo que a fazia realmente feliz.
“Sempre tive o bichinho das artes. Era a minha aula favorita quando andava na escola, mas sabia que era complicado fazer deste ramo a minha profissão. É uma realidade difícil. Durante a pandemia, comecei a ganhar interesse pela cerâmica e vi alguns vídeos. Reservei um quarto do meu apartamento para começar a treinar e pratiquei muito”, acrescenta a empreendedora.
A Cale surgiu em dezembro de 2022, com a primeira coleção, composta por umas canecas de alça de flores. Depois dos testes, quando se lançou oficialmente no mercado, começou a vender e teve logo bastante adesão. Ainda assim, a ceramista gosta de ter tudo na perfeição e o treino continuou a fazer parte da rotina.
Atualmente, aposta muito em peças de modelagem, inspiradas nas suas vivências, com pequenos apontamentos que todos adoramos, desde flores, até croissants. “Gosto de muitos detalhes e acho que isso se nota no meu trabalho. Gosto de colocar essa riqueza. É uma marca registada da Cale. É o que fazem os olhos brilharem”, explica. Estão disponíveis para venda copinhos de café, chávenas, bowls e manteigueiras, além das peças maiores e mais elaboradas. Os preços variam entre os 15€ e os 70€ e pode também fazer a sua própria encomenda.
O atelier, que fica perto do Miradouro de S. Sebastião, na rua da Casa de Bocage, em Setúbal, e abriu ao público a 17 de fevereiro com o primeiro workshop. Desde o início do ano, que Carol se dedicou a deixar o espaço como idealizava e a motivação para ter o seu próprio spot, para ensinar a arte que ama, foi o mote para finalizar o projeto.
As datas dos próximos workshops “Spring Garden” são: 9, 16 e 23 de março. Em abril, realizam-se a 6, 13, 20 e 27. O valor é de 50€. Cada aluno vai ter toda a experiência na primeira pessoa, desde aprender a técnica, à modelagem e pintura de duas peças. Depois de secas, vão para o forno, Carol faz a vidragem e estão prontas para levar para sua casa. Pode inscrever-se através da página de Instagram ou no site oficial, onde pode também ver as peças que ainda estão disponíveis até à nova coleção.
Carregue na galeria e fique a conhecer algumas das peças de cerâmica que pode encontrar na Cale.