Quando as maiores páginas de arquitetura mundiais partilharam o seu novo projeto, Sofia Oliva recebeu centenas de mensagens. Algumas pessoas queriam saber se aquela casa em tons terra estava à venda, enquanto muitas outras perguntavam se algum dos quartos recebia hóspedes. O que ninguém esperava era que, apesar das fotografias realistas, a habitação não é real.
Idealizada para ser construída na freguesia de Barreira, em Leiria, a obra foi uma submissão para um concurso internacional, organizado pela plataforma Buildner. As imagens que passaram no feed de milhões de pessoas não passam de uma renderização de um desenho em 3D, com a localização portuguesa em mente.
“Chegámos à final da competição, mas não fomos os vencedores. Por isso é que este projeto não vai ser construído”, explica à NiT a arquiteta espanhola, de 29 anos. Pelo menos, por enquanto. “O resultado define a minha linha de design e gostava de o tornar realidade.”
Sofia foi incentivada a expressar a sua criatividade, mas seguiu as diretrizes de uma família que produz o seu próprio azeite naquele terreno, rodeado de oliveiras. A casa foi, por isso, pensada para a apreciação do produto, seja pelos proprietários da plantação ou pelos convidados.
“Decidi chamá-la Five Senses [cinco sentidos] porque é um local onde se pode maximizar esta experiência sensorial. Queremos criar um espaço onde o olfato, a visão, o tato e até a audição, mas acima de tudo o paladar, são maximizados para se desfrutar da degustação desta matéria-prima.”
Devido à ligação tão profunda à natureza, Sofia idealizou uma residência com uma paleta em tons terra e apenas com materiais naturais. As paredes contam com blocos compactos de solo comprimidos (ou seja, uma mistura de argila, areia e agregado) e estruturas de madeira, que se complementam de forma harmoniosa.

No interior, os clientes hipotéticos “queriam ter uma família”, por isso pediram quatro quartos, cada um com um jardim privado rodeado pela natureza. Soma-se ainda uma sala de estar e uma sala de jantar, que também têm um canto dedicado às provas do azeite, após a sua produção.
Além dos espaços privados e da área comum, como o pátio e o hall de entrada, existe ainda uma superfície que funciona como sala de meditação. Ampla e acolhedora, conta com tapetes, mesas e candeeiros que foram desenhados à medida por Sofia, sem descurar das linhas sóbrias.
“Não precisávamos de definir tanto os interiores como fizemos, mas pareceu-nos ser o momento certo para aliar a arquitetura à decoração”, explica. Esse foi um dos motivos para terem procurado trabalhar com o tamanho de uma boutique e não com um grande complexo, como outros candidatos.
Todas as divisões relacionam-se com os espaços exteriores, por isso, durante o dia, as duas salas principais estão totalmente abertas e estão conectadas com a parte de fora. No verão, as janelas quase até ao teto também criam a ideia de que o pátio é apenas uma continuação do interior.
Se a casa se tornasse real, a arquitetura estima que seria necessário um investimento de cerca de 2500 euros por metro quadrado. Na entrega do projeto, não chegou a ser definida uma dimensão total, mas num cenário hipotético em que conte com 200 metros quadrados, isto envolveria um total de 5 mil euros.
“Este é o primeiro projeto fora de Espanha, mas trabalhamos internacionalmente. Adoramos conhecer diferentes destinos”, acrescenta. “Para nós, quando trabalhamos num espaço novo, só nos importa saber os recursos que temos à nossa volta. O país não é um problema.”
Por isso, diz à NiT em nota de conclusão, espera que no futuro possa receber mensagens de clientes portugueses com novas propostas. Seja numa pequena freguesia em Leiria ou num grande centro urbano, é possível que a próxima habitação portuguesa a tornar-se viral possa ser visitada — e com a assinatura de Sofia.
A seguir, carregue na galeria para ver as fotografias renderizadas do projeto e perceber o fascínio com esta casa.