Decoração

Dos convites à ementa. Joana cria estacionário único para dezenas de casamentos

Antes da cerimónia acontecer, a Molde já está a definir a estética da festa. Todos os modelos são exclusivos e feitos de raiz.
A artista cria parte do ambiente.

Há cerca de vinte anos, quando os amigos de Joana Duarte começaram a casar, sentiram-se insatisfeitos com as opções de material gráfico disponíveis. Desde convites a menus, consideravam que a oferta, além de ser bastante reduzida, era também “pouco criativa”. Assim, decidiram recorrer à amiga para criar tudo o que era necessário.

“A partir daí, foi uma espécie de choque em cadeia. Vieram uns atrás dos outros”, recorda a artista, atualmente com 44 anos. “Como estava numa fase em que tinha mesmo muitos conhecidos a dar este passo, foi surgindo de forma orgânica e sem estar à espera que escalasse.”

Formada em design gráfico, afirma que o mundo das cerimónias apareceu na sua vida “por mero acaso”. Assim que concluiu o curso, começou a trabalhar em ateliers de design e agências de publicidade, onde se manteve até sentir que estava na hora de dar outro passo.

Atualmente, Joana desenha estacionários em papel e peças criativas para dezenas de casamentos, todos os anos. Através da Molde Design Weddings, a empresa que criou em 2008, assegura a elegância e criatividade não só em matrimónios, mas também outros eventos sociais e corporativos.

Os serviços da artista passam pela realização de convites, ementas, marcadores de mesa e de lugar, seating plan, missais, livros de honra e tudo o que os noivos se lembrarem de pedir. Como parte do processo, cria também cartazes de boas-vindas, frases em madeira, porta-alianças, medalhas de bouquet, cake toppers, entre outros.

“A certa altura, trabalhava num atelier de design durante o dia e, aos fins de semana e à noite, virava-me para aquilo que seria a Molde, ainda antes de ter um nome”, explica. Como sentiu que a ideia tinha potencial num mercado com muitas lacunas, passou a dedicar-se a tempo inteiro ao projeto.

A Molde nasceu numa altura em que praticamente não havia redes sociais. “A única que usávamos eram os blogues, que foi onde comecei”, acrescenta. No caso de Joana, foi através do passa-palavra e das publicações anuais no mundo dos casamentos que o seu trabalho chegou a cada vez mais gente.

“Como é um negócio muito emocional, é importante os clientes terem alguma confiança na pessoa com quem estão a fazer tudo. Até porque não havia a divulgação que existe hoje. Então, muita gente ia à procura de recomendações entre as pessoas mais próximas.”

É formada em design gráfico.

Os modelos são todos exclusivos, feitos de raiz e à medida de cada casal. Apesar da estética específica de Joana, a designer afirma que o portefólio é um resultado da conciliação do seu gosto com o desejo dos noivos. “Tal como no design de moda, nesta área é tudo muito cíclico e funciona por tendências.”

Cada trabalho parte de uma reunião prévia com os noivos, que começam por enviar um e-mail curto, incluindo algumas decisões que possam já ter tomado (data, local e tipo de festa), para agendar uma primeira conversa. É nesta reunião que Joana recebe as ideias e faz algumas sugestões.

“Gosto de conhecer as pessoas. Não preciso de ir ao fundo, mas gosto de perceber qual a estética com que mais se identificam ou como vai ser a festa”, diz. E os tópicos não se ficam apenas pelo mundo nupcial: “É bom falarem de outras coisas comigo, para haver uma junção da personalidade dos noivos”.

A dificuldade varia consoante as características, como os materiais escolhidos. Um casal pode optar por um menu em papel, em acrílico ou até em metal, o que implica outro tipo de produção. Outros fatores que tornam uma festa mais desafiante pode ser a dimensão do objeto, a localização ou a restante decoração.

Apesar dos desafios, nos últimos dois anos, Joana trabalhou, em média, para entre 40 e 50 cerimónias. Embora o foco sejam os casamentos, muitas vezes é procurada pelos mesmos casais para fazer parte de outro tipo de cerimónias. Contudo, como atualmente trabalha mais o mercado estrangeiro, tornou-se menos comum.

Os eventos mais marcantes para Joana são precisamente aqueles em que desenvolveu uma amizade com os noivos. “Houve pessoas com as quais me dei tão bem que, mesmo decorridos vários anos, nunca perdemos o contacto e continuamos a falar regularmente ainda hoje”.

Trabalha em destination weddings.

A designer divide os casamentos em dois tipos, os destination weddings e as cerimónias de portugueses. Em ambos os casos, costuma começar a trabalhar com os noivos cerca de um ano antes, embora o tempo exigido para cada trabalho varie bastante.

“Há uma fase inicial em que [os noivos] estão a trabalhar nos convites. Depois, existe outro período em que são entregues e o resto fica em stand-by, porque muitas vezes estão a trabalhar com wedding planners”, explica. “Só quando entramos na fase em que tudo está definido, cerca de dois meses antes, é que costumo entrar.”

Joana confessa à NiT que já chegou a ter sete casamentos organizados por si no mesmo fim de semana. Tudo depende de um fator. “Quando não é preciso estar presente no dia, consigo atender mais pessoas porque trabalho tudo com antecedência. Se implicam a minha presença, só posso aceitar um.”

Neste momento, Joana trabalha sozinha, embora de forma pontual, na época alta, seja necessário ajuda. O braço direito é o pai, que está com ela desde o início, marcando presença nos matrimónios ou “a fazer noitadas para montar peças”. “Passou-lhe uma carreira ao lado”, acrescenta.

“Adoro o que faço, mas é preciso um jogo de cintura muito grande”, conclui. “O que pretendo é ir além dos tipos de trabalho com que me identifico. Gostaria de fazer menos casamentos por ano, mas com outro tipo de estruturas e de peças. Algo mais ambicioso.”

As marcações com a Molde Design Wedding podem ser feitas através dos contactos online. Os preços, no caso do design dos convites (sem produção), por exemplo, os preços começam, em média, a partir dos 250€.

Carregue na galeria para ver mais imagens do trabalho de Joana Duarte.

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