Salas e mais salas cheias de arranjos florais são uma visão comum em casamentos e copos de água, e outras festas exuberantes que se prolongam por algumas horas. Quando os convidados vão embora, o que lhes acontece?
Rebecca Shelly deparou-se com a angustiante tarefa de deitar no lixo sacos cheios de flores em excelente estado. Nesse momento, teve uma ideia brilhante: recuperar estas flores e encaminhá-las para onde possam ser apreciadas.
A norte-americana de 32 anos é uma das fundadoras de uma organização sem fins lucrativos que recolhe centenas de flores em eventos, reorganiza-as e as distribui por várias instituições, como hospitais, escolas e lares de idosos. Shelly conta com o apoio de Laura Ruth, a sua parceira no projeto destacado pelo “The Washington Post”.
Aquele casamento onde se deparou com o desperdício foi o ponto de partida para Shelly, que, na altura, trabalhava numa empresa de organização de eventos. Recorda como o orçamento destinado às flores era considerável e que ninguém pensou no que fazer com elas após o evento. “Recolhemos o máximo que conseguimos nos nossos carros, mas havia tantas flores que poderiam encher dois camiões. E, como era preciso deixar o espaço limpo, acabámos por deitar no lixo sacos cheios de peónias. Fiquei horrorizada com todo aquele desperdício.”
Quem também lidou mal com o desperdício foi Ruth, que odiou ver no lixo os arranjos florais enviados para o velório do seu pai. Shelly passou exatamente pelo mesmo no final de 2023, quando as duas juntaram convicções. “Ficámos estupefactas com a quantidade de flores que cada família recebeu”, contam ao jornal norte-americano.
“E se pudéssemos reutilizar estas flores e alegrar o dia de outras pessoas?”, questionaram. E assim fizeram. Nascia então a Friendly City Florals.
A dupla trabalha diariamente na recolha de flores e arranjos nos mais diversos locais. Depois, tratam e rearranjam-nos para poderem estar em condições de serem levados para locais como lares de idosos, clínicas de saúde mental, escolas e hospitais. Segundo as próprias, os residentes dos lares “ficam sempre muito felizes quando alguém lhes leva flores”. “Sentem que não ficaram esquecidos.”
Ocasionalmente recebem também sobras dos jardineiros e floristas locais. “É algo que faz sentido. É tão simples como retirar algumas flores murchas, substituí-las por outras mais vivaças e partilhar a alegria uma vez mais”, explica Shelly. “Só precisamos de espalhar a palavra para todos saberem que, se tiverem flores a mais e não souberem o que fazer com elas, nós ficamos com os arranjos — com todo o gosto.”
Neste trabalho, a dupla é regularmente apoiada pelos filhos, numa espécie de gesto que tem tudo para se tornar numa tradição. “[A minha avó] já fazia isto nos anos 30 e 40 e tenho todo o gosto em manter a tradição viva em 2024”, conclui.