NiTletter
Compras
NEW iN ROCKWATTLET'S ROCK

Decoração

Este arquiteto transformou uma ruína na Arrábida numa casa de sonho para os pais

A obra nasceu no ponto mais alto do terreno, com vista para a Serra do Louro. O betão contrasta com o calor da madeira.

Antes de se reformarem, os pais do arquiteto João Completo já imaginavam a casa de sonho onde gostavam de passar essa fase da sua vida. Chegado o momento, não hesitaram em contar com o apoio do filho para transformar um lote, pelo qual se apaixonaram de imediato, numa moradia para viver e receber toda a família.

A oportunidade surgiu no ponto mais elevado de um terreno, no Parque Natural da Arrábida, em Palmela, Setúbal. Onde anteriormente existia apenas uma ruína, num avançado estado de degradação, há agora uma casa de sonho com vista desafogada para a Serra do Louro. 

À primeira vista, a obra chama a atenção pelo exterior curioso, que foi ganhando forma aos poucos. “A arquitetura é o resultado de outras intenções. Por causa da posição da casa, que estava muito junta à rua e aos vizinhos, e das limitações urbanísticas, reutilizámos as pedras das antigas paredes de alvenaria para a construção dos muros de delimitação”, conta à NiT o responsável do atelier Cimbre.

Estas paredes em betão aparente, com cerca de 2,4 metros de altura, surgem na tentativa de prolongar os espaços interiores “além do perímetro da cobertura regular”, criando pátios fechados. “Ao mesmo tempo que defende a privacidade dos proprietários, cria uma relação muito ambígua com o exterior”. 

Se, por um lado, os espaços parecem muito abertos pela presença de luz natural, graças aos grandes vãos envidraçados, por outro, os clientes sentem-se resguardados. “O formato menos convencional nasceu destes volumes que saem para fora, integrando a intervenção no contexto rural envolvente.”

Houve, por um lado, a intenção de que fosse uma moradia térrea. Uma vez que é uma obra a pensar num futuro a médio prazo, o arquiteto foi confrontado com o desafio de que não houvesse necessidade de subir ou descer escadas.

Recebe muita luz natural.

Além disso, o pedido passava por tornar a casa o mais independente possível. É isso que justifica que, ao contrário do que é habitual, a zona do quarto do casal e as áreas privadas para os convidados estarem em polos opostos. Já os espaços sociais estão no centro e são o ponto de encontro da família.

João destaca ainda o desejo de que a casa exigisse pouca manutenção, tendo optado por materiais “que envelhecessem bem e não tivessem de ser pintados com frequência”. O betão exposto nas paredes contrasta com o calor da madeira de bétula nos tetos interiores, assim como na decoração.

A combinação surge, mais uma vez, como uma tentativa de “diluir os limites da casa”. “Temos o vidro, mas parece que não sabemos onde começam e acabam os comportamentos. Existe essa impressão de que as divisões se prolongam todas para fora, mas não deixam de ser acolhedoras.”

“A casa está virada para sul, então recebe uma luz quente que, com a madeira, acaba por resultar muito bem”, afirma João, acrescentando que, no interior, além do betão, a cobertura de zinco natural e o revestimento de alumínio protegem os caixilhos das janelas, também asseguram que a obra “vai envelhecer naturalmente”.

“O que tentamos transportar para todas as casas é a questão da materialidade. É o elemento que cria o ambiente e a atmosfera da casa”, continua. “Apesar da forma ser bastante característica, é a escolha das matérias-primas que impacta toda a experiência de quem entra pela porta.”

Carregue na galeria para ver mais imagens da Casa na Serra do Louro. As fotografias são de Francisco Nogueira.

ARTIGOS RECOMENDADOS