Decoração

As incríveis casas móveis portuguesas que pode levar para qualquer lado

São giras, feitas de madeira e têm tudo o que precisa. Se preferir, a empresa também cria casas na árvore totalmente personalizadas.

Quando o avô de Gonçalo Marrote se mudou de Vila Real para Cascais, ainda nos anos 60, trouxe consigo a arte de trabalhar a madeira. A tradição passou de pai para filho e nasceu a Madeiguincho. À terceira geração, o negócio parecia que iria ficar por ali.

Gonçalo formou-se em arquitetura e saltou de ateliê em ateliê, até que o pai decidiu reformar-se e, com isso, avistava-se o fim da empresa e de uma tradição familiar. O jovem arquiteto de 37 anos parou para pensar e decidiu deixar tudo para manter viva a empresa — e pelo caminho revolucionar o negócio.

Hoje, a Madeiguincho cria casas móveis únicas e personalizadas. Refúgios de madeira onde o conforto é (quase) tudo o que importa. Mas não só: fazem também originais casas na árvore, pequenos estúdios e até esculturas.

Ao contrário do avô e do pai, Gonçalo quis arriscar noutra vertente que não a carpintaria tradicional. Guardou, no entanto, décadas de conhecimento sobre a forma como tratar a madeira. “Nunca pensei que viesse a pegar nisto, sempre achei que não tinha muito a ver comigo”, explica.

Insatisfeito com o trabalho que desenvolvia no ateliê de arquitetura onde trabalhava, agarrou na Madeiguincho e juntou-lhe a visão de arquiteto.

“A mudança na empresa foi uma coisa bastante natural”, diz sobre a revolução que desenvolveu desde 2018, altura em que passou a liderar a Madeiguincho. “Sendo eu arquiteto, fazia sentido misturar isso com a carpintaria. Acho que temos que estar satisfeito com o que estamos a fazer para que as coisas façam sentido.”

Uma das casas na árvore que construíram.

Começou por imaginar uma versão mais moderna, luxuosa e confortável das românticas casas na árvore. Um dos seus primeiros clientes gostou da ideia e deu a Gonçalo a hipótese de criar a sua primeira casa em Melides.

“Não é uma casa de crianças, é um refúgio onde elas se vão sentir bem, mas a ideia é que sobretudo os adultos também se sintam bem nela”, explica sobre a casa que nasceu ao redor de um jovem e robusto pinheiro.

Cada casa na árvore é única e personalizada e a única coisa inegociável é o conforto. Isso obriga, claro, a criar estruturas que não dependam apenas e só da madeira, mas que lhe juntem isolamento — que pode ser lã de rocha, cortiça ou cânhamo.

Depois, os elementos são personalizáveis. Há casas com claraboias, lareiras e até escorregas para os miúdos. As áreas costumam variar entre os 10 e os 20 metros quadrados — e os preços começam nos 20 mil euros.

Menos flexíveis mas igualmente personalizáveis — dentro dos três modelos já criados, aos quais se irá acrescentar brevemente um quarto — estão as casas móveis ou tiny houses. São, no fundo, “caravanas que podem ser levadas para qualquer lado”, mas com o toque “luxuoso e custom made”.

A primeira que construíram foi o modelo Guincho, uma pequena casa de 13 metros quadrados com tudo: quarto, casa de banho, cozinha, sala e um pé direito duplo que permite abrir uma enorme janela.

“Queríamos essencialmente fazer com que ela tivesse dois pórticos que se pudessem abrir e sentir-se que se está fora da casa sem sair dela”, nota. “Depois usamos madeiras naturais e um pé direito duplo, que faz com que esteja numa sala de três metros qudrados, mas que não se sinta que se está numa sala tão pequeno. Queríamos jogar com isso do pequeno parecer grande.”

O primeiro que foi feito não incluiu cozinha, mas isso é sempre possível. “Até preferimos que haja sempre alguma personalização. Não gostamos de estar sempre a repetir o mesmo projeto”, acrescenta.

A outra faceta da filosofia da Madeiguinhco e destas tiny houses é a sustentabilidade, conseguida através da instalação de painéis fotovoltaicos e de instumentos de recolha e reaproveitamento da água das chuvas.

“É a nossa filosofia, fazer com que fiquem off grid”, explica. “Queremos criar modelos, sistemas vivos e ao mesmo tempo fechados. Para o cliente não tem sabedoria nenhuma, está tudo pronto a usar, só tem que ligar ou desligar, não é nada de complexo.”

Além do modelo Guincho, existem ainda mais dois. A Ursa, com 17 metros quadrados, que se abre para uma espécie de alpendre e, no interior, aproveita um enorme pórtico envidraçado para tornar o espaço interior luminoso. Tem cozinha, espaço para duas camas e ainda uma casa de banho com duche.

A mais pequena é a Abano, com 14 metros quadrados, mas também com tudo a que em direito — e uma curiosa cama num pequeno mezanino com uma janela que se abre no telhado. Os preços das tiny houses começa nos 35 mil euros.

Fazem também outras estruturas personalizadas como os estúdios que podem ter inúmeros fins.

“São pensados para clientes que querem ter o seu cantinho, um espaço para ler, escrever, desenhar”, diz sobre mais um dos projetos que revolucionou a empresa familiar. A mudança compensou e tudo indica que Gonçalo acertou em cheio.

“A mudança fez sentido. Há cada vez mais procura e sentimos que as pessoas querem desconectar-se cada vez mais da cidade, ao mesmo tempo que se ligam à natureza — e as nossas casas permitem que isso aconteça.”

Carregue na galeria para ver mais imagens das casas da Madeiguincho.

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