Decoração

Maiara e José estão a remodelar sozinhos uma casa dos anos 40 numa aldeia na Batalha

O casal de brasileiros está a renovar o edifício com mais de 80 anos. Trocaram o telhado, demoliram paredes e redesenharam a planta.
Os brasileiros mudaram-se em 2018.

José e Maria Júlia construíram a única casa em que sempre viveram há 80 anos, em 1943. Na altura, o casal da Batalha, mudou-se para o imóvel logo após o casamento e lá permaneceu até à velhice. Porém, com o passar do tempo, o edifício começou a acusar o desgaste originado pelo abandono dos donos e tornou-se cada vez menos habitável.

Tudo mudou há nove meses, em maio de 2022, quando dois brasileiros, naturais do estado de Santa Catarina, quiseram continuar a história da moradia. O novo capítulo recebeu um nome — A Casa da Mai — e está a ser escrito por Maiara Vicente, de 31 anos, e José Damasceno, de 30, que encontraram na aldeia (e na casa com oito décadas) a chave para a vida simples que procuravam em Portugal.

“Nos primeiros anos, morámos em Cascais, a vila onde já tinha vivido durante a adolescência. Tinha pessoas conhecidas lá”, conta à NiT Maiara, que depois dessa primeira estadia regressou a Portugal em 2018, desta vez com o companheiro, para que as duas filhas, de 7 e 11 anos, tivessem acesso a uma educação melhor. “Mas as casas estavam cada vez mais caras naquela zona e começámos a pensar no meio rural.”

Encontraram a casa — na altura com 34 metros quadrados de área útil — à venda online, por 25 mil euros. Tinha sido herdada pela filha dos fundadores que a colocou à venda. Pelo meio, teve outro dono que não se habitou à ideia de viver na aldeia e a reintroduziu no mercado: “Vimos 10 casas no mesmo dia e, embora sta não estivesse em boas condições, era a mais habitável de todas”.

Ainda assim, os problemas eram evidentes: tinha o telhado muito degradado que deixava a chuva entrar e, as madeiras, incluindo o chão do sótão sobre a cozinha, estavam podres. Além disso, “como a estrutura tinha sido atacada pelo bicho da madeira, não dava para reaproveitar o material e tivemos que trocar tudo. Na altura chovia muito e tínhamos sempre uma lona de 34 metros a cobrir a casa”, recorda.

Dos 15 mil euros que já investiram na renovação, 12 mil foram para o telhado. Ainda assim, as despesas não incluíram a mão de obra, visto que o casal contou apenas com a ajuda do pai de Maiara, que é construtor civil na Grande Lisboa. José também trabalha na área da construção, enquanto a  dedica-se ao marketing digital.

Nos primeiros tempos, os três dedicaram-se à renovação diariamente, das 8 da manhã à meia-noite — queriam acelerar o processo ao máximo. Um mês após o início das obras, em junho de 2022, já estavam a viver no imóvel.

 

 

 

 

 

@maiaracomm

8 meses de obras e olha como está a nossa cada 😱🥰 #reformadecasa #brasileirosemportugal #vidanocampo

♬ som original – Maiara com i

A nova planta da casa

No interior, o ponto de partida foi a transformação do sótão, que se tornou o quarto para as filhas. Por ser uma divisão de arrumação, não tinha estrutura para um cómodo. “Foi necessário usar uma máquina para colocar duas vigas de madeira a aguentar a estrutura.”

Já a cave, que nasceu de um antigo lagar com mais de 100 anos, vai ficar para último. O objetivo é transformar a divisão térrea numa suite privada com escritório, o que exige um investimento maior.

Pelo meio, também estão a transformar o piso principal que, nos seus primórdios, albergava toda a área útil da casa. “Chegava-se e víamos um corredor estreito com todas as divisões, porque não existia o conceito de espaço aberto”, explica.

A ideia de open space foi o truque para que o espaço se tornasse mais amplo. Demoliram as paredes e, ao subirem os quartos para o andar de cima, restaram apenas a cozinha, a sala e a casa de banho no primeiro andar — todas as divisões ficaram mais espaçosas.

Maiara sublinha ainda as duas janelas, o símbolo da casa, com visão para um sobreiro centenário. A vista bucólica “foi um presente extra” para o casal, que encontrou o seu refúgio numa zona campestre, mas com  deslocação acessível ao centro urbano de Leiria.

Este fascínio é a inspiração para a decoração despojada, como o ambiente que a rodeia, priorizando os materiais naturais:  “Não vai ser uma casa com um conceito muito contemporâneo, nem seguir o mais rústico, porque é um ambiente iluminado”, conclui.

Apesar da renovação seguir a bom ritmo, ainda há muito para fazer. Nos próximos tempos, vão finalizar a cozinha e começar a dedicar-se a toda a zona da suite e do escritório, ao jardim no pequeno terreno junto da moradia e à zona do churrasco.

Se quiser acompanhar a evolução do processo, pode seguir a página de Instagram de A Casa da Mai. Aproveite e carregue na galeria para ver imagens do processo — que deve estar finalizado em 2025.

ver galeria

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT