Decoração

Novo apartamento de luxo na Estrela é o sonho zen de qualquer minimalista

Destacam-se os tons claros, a madeira e as transparências. Inclui vários elementos versáteis e multifuncionais.
A sala de refeições.

Leveza e amplitude. Sem um briefing muito rigoroso, estes foram os dois pilares que guiaram Filipa Fleming de um novo apartamento de luxo em Lisboa. Como não era um espaço muito desafogado, o maior desafio da designer de interiores, de 48 anos, foi encontrar truques para que a dimensão se equiparasse ao nível dos detalhes.

Situado no bairro da Estrela, “entre o Tejo e a colina”, o T2 com cerca de 200 metros quadrados é uma das 87 casas exclusivas do condomínio privado Villa Infante. Localizado no segundo piso do empreendimento, tem vista para um pátio central, jardins e acesso a ginásio.

“Era preciso dar o devido valor ao espaço e criar um apartamento-modelo para as pessoas verem o potencial deste projeto”, conta à NiT. “Baseio-me muito no meu instinto, porque todos os trabalhos e clientes são diferentes. Adapto-me à forma de estar de cada um.”

É através da harmonia de cores, formas e texturas que Filipa deu resposta ao desafio da promotora imobiliária Avenue. Quando viu pela primeira vez o projeto, assinado pelo arquiteto Frederico Valsassina, soube logo que a solução passava por tons neutros e pastel e materiais claros, como a madeira.

As linhas modernas deste espaço foram marcadas pelos tons de bege, que complementam apontamentos em tons cobre, dourados e telha. A paleta foi pensada para transmitir um ambiente sereno e de aconchego para quem habitar esta casa.

As áreas sociais

Inicialmente, a planta podia resumir-se a uma suite, um quarto secundário e uma sala. A primeira missão foi precisamente rentabilizar a área social, criando uma divisão fluida que junta uma zona de estar, uma sala de jantar e a cozinha. Se as tonalidades trouxeram alguma leveza, os objetos decorativos transformaram o espaço.

“Sendo designer de interiores, tenho este truque de por um móvel elevado que dá frescura à divisão. Não podemos colocar algo enorme a atravancar”, explica. Na área de refeições, por exemplo, é a mesa-redonda com tampo de vidro otimiza o espaço e torna a circulação mais fluído.

Pelo contrário, o sofá da mesa assume-se como um elemento de realce que enquadra toda a zona de jantar. “Para otimizar a dimensão, criámos este canto para as refeições logo à entrada e mais afastada da cozinha”, explica.

De peças desenhadas pelo seu atelier a propostas compradas em Itália, Filipa criou um mix de artigos únicos. Um dos elementos que mais se destaca é o aparador da televisão idealizado pela designer de interiores. “Procuramos sempre encontrar a peça exata para determinado sítio e função. Às vezes, o cliente não tem noção do que percorremos para encontrar um artigo muito específico.”

As zonas privadas

Ainda assim, é o quarto secundário — pensado para um miúdo — que a decoradora destaca como a sua favorita. Valorizou-se a simplicidade recorrendo a um papel de parede listado, mas neutro, em tons de bege.

Outro dos elementos que sobressai é uma bancada de trabalho “para mostrar a rentabilidade que o apartamento tem”, sendo também uma solução de arrumação. Já a cabeceira da cama criadas com “troncos” de madeira não só combinam com o revestimento, como podem funcionar como bancos.

“As peças estão cheias de detalhes. Fizemos almofadas com umas fivelas específicas. Às vezes, basta imaginação para aproveitar um espaço”, frisa. Todas as soluções encontradas refletem-se na simplicidade das zonas privadas, que evidenciam a harmonia e a versatilidade da paleta neutra.

Na suite, a cabeceira da cama de casal também foi criada de raiz, mas recorrendo a um varão e almofadões. Já as mesinhas de cabeceira em vidro realçam, mais uma vez, a leveza desejada para o ambiente. Os materiais transparentes são uma das formas de facilitar a circulação por toda a casa.

Os detalhes do quarto infantil.

No entanto, o projeto não se vai ficar pelo interior. “Como é um condomínio fechado, vamos recriar aquelas árvores grandes dos jardins, com banquinhos e uma pérgola. Queremos um ambiente familiar, porque imaginamos um casal com filhos a viver aqui”, diz.

Para complementar ainda mais a envolvente, num dos bairros mais conceituados da capital, Filipa trouxe consigo várias plantas. É uma constante em todos os seus projetos: começa sempre com uma conversa calma com o cliente e, algures durante este contacto, pergunta se querem uma natural ou alternativas artificiais.

O gosto pelo design de interiores surgiu bastante cedo na sua vida. Como a mãe tinha uma loja de decoração, adorava brincar com os tecidos e fazer combinações. Por isso, nunca teve dúvidas da área que queria seguir. Desde que terminou o ensino secundário, foi um percurso muito linear — e o gosto não desvaneceu.

“Adoro trabalhar nas casas das pessoas, porque é a vida delas que está em jogo. Dá-lhes qualidade de vida. Quando alguém me recomenda, digo sempre que só consigo decorar o espaço se me identificar com o cliente”, conclui. É aqui que começa o momento de partilha: será que gosta de cozinhar com os filhos? Prefere ver televisão deitado ou sentado? São apenas alguns dos pormenores das rotinas individuais e familiares que tenta descobrir para criar o espaço perfeito para cada um.

Carregue na galeria para ver mais imagens deste apartamento na Estrela captadas pelo fotógrafo João Peleteiro.

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