Decoração

O atelier em Lisboa onde todos podem aprender a restaurar móveis antigos

A Mood'Art fica em Carnide e recebe alunos de todas as áreas. Em fevereiro, abre um showroom com "peças diferenciadas".
Todos os objetos são bem-vindos.

“Tornar o velho em algo novo” é, há vários anos, uma das filosofias de Cátia Rodrigues. Sempre que imaginava um objeto para a casa que, mais tarde, percebia que não estava à venda, não desistia da ideia. Em vez de comprar, decidia meter mãos à obra e criá-lo através do que tinha à disposição.

À medida que o hobby cresceu, surgiu a necessidade de aprender novas técnicas. Ao mesmo tempo que trabalhava, na indústria do diagnóstico, fez um curso pós-laboral de restauro onde encontrou o que realmente gostava de fazer.

“Um dia, resolvi deixar o emprego porque comecei a sentir-me muito sobrecarregada e passava muito tempo fora”, recorda à NiT a criativa, de 44 anos. Aproveitou para se dedicar a uma área diferente e começou a criar móveis não só para si, mas também para a sua família.

Em 2019 abriu um atelier no centro histórico de Carnide, em Lisboa, e este interesse tornou-se uma ocupação a tempo inteiro. Atualmente, o Mood’Art é um projeto de restauro e reciclagem de móveis, resíduos urbanos e galhos encontrados na Natureza, onde todos podem aprender.

Agora, Cátia prepara-se para abrir um showroom com peças trabalhadas no atelier, que irá abrir na mesma zona, em fevereiro. “Era uma necessidade por não termos espaço de armazém e por gostarmos de oferecer aos nossos alunos área útil para se movimentarem”, diz.

Após várias soluções temporárias, a fundadora encontrou um local para alojar todos os objetos, permitindo que o atelier, embora pequeno, acolha as turmas regulares sem problemas.

Cátia recebe várias turmas.

Uma das principais formações da Mood’Art é o workshop de iniciação ao restauro e upcydling de móveis e objetos, que volta a arrancar no primeiro trimestre do ano. Se, no início, Cátia contava com seis pessoas, agora já tem turmas com 32 alunos para um total de cinco aulas.

A ideia dos cursos surgiu quando recebeu o convite de uma oficina para ensinar algumas destas técnicas. No final, o grupo pediu-lhe que desse continuidade e, apesar de alguma hesitação, acedeu aos pedidos e recebeu-nos no pequeno atelier. A partir daí, nunca mais parou.

“Normalmente, os alunos trazem uma peça sua para lhe dar uma nova vida. Começamos por fazer uma avaliação do objetivo e criamos um plano de trabalho”, explica. “Indicamos como fazer, que materiais utilizar e exploram o design sob a nossa orientação.”

O restauro inclui ainda outras áreas de aprendizagem, como a limpeza da madeira, os acabamentos, estufagem ou empalhamento. No final, os alunos levam sempre o resultado para casa.

Entre as transformações, destaca-se, por exemplo, uma cadeira de bebé Thonet, com mais de 100 anos e marcas bem visíveis. A família saiu do Brasil há décadas e trouxe a peça para Portugal, onde continuou a ser utilizada . Após uma boa recuperação, foi acolhida pela neta da proprietária e integra a decoração da casa.

O portefólio das criações do espaço inclui também uma antiga secretária que uma jovem quis recuperar. Quando meteu as mãos na lixa, conseguiu transformá-la numa mesa de centro, através do upcycling.

depois
antes

“Costumo dizer que é um atelier das bonecas por ser tão pequeno, mas também trazem peças de maior dimensão”, refere Cátia. Ainda assim, aconselha os interessados a começarem por um artigo mais pequeno para se tornar “mais prazeroso”.

A fundadora recebe todo o tipo de pessoas, desde as que trazem peças carregadas de sentimentalismo, porque pertenciam a alguém importante, ou as que apenas querem evitar o desperdício. Há ainda as que trazem móveis de amigos ou que pretendem vender a criação final.

“Vão também passando por cá pessoas que têm projetos de alojamento local e que encontram achados na rua”, revela. “Acabam por aproveitar a Feira da Bagageira ou outras iniciativas para mobilar casas.”

O que todas têm em comum é que tentam potenciar a economia circular, o objetivo principal do Mood’Art. “Aparecem com uma missão diferente e acabam por ter o momento delas porque, mais do que dignificar as peças, passam aqui um bom bocado.”

O tempo do restauro é muito relativo e varia não só consoante o tamanho da peça, mas a disponibilidade do aluno. Segundo Cátia, pode ser apenas uma ou duas semanas ou, por vezes, prolongar-se até três ou quatro meses, caso a pessoa apareça com menos regularidade.

Com mais workshops previstos para 2025, o principal objetivo do projeto é apostar no showroom com peças diferenciadas. “Queremos que, sozinhas, contem uma história às pessoas. Olhamos para elas e é como se estivessem a falar connosco”, conclui.

A iniciação ao restauro e upcycling de móveis divide-se entre as aulas regulares (com uma mensalidade de 60€) e os workshops, realizados ao fim de semana, que têm um custo de 115€. Para mais informações, pode visitar a página de Instagram do projeto ou contactar o atelier através do email projeto.moodart@nullgmail.com.

Carregue na galeria para ver algumas das peças restauradas na Mood’Art.

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