Sofia e Miguel Machado, ambos de 24 anos, estavam a trabalhar no El Corte Inglés antes da chegada da pandemia. Ela, na Levi’s; ele, como repositor no supermercado. O que queriam na altura era emigrar para Inglaterra para poderem dar uma vida melhor à sua filha de quase dois anos, mas as circunstâncias atípicas impostas pela pandemia acabaram por deitar os seus planos por terra.
No entanto, contam à NiT que “ainda bem” que não aconteceu. “Quando dizem que quando se fecha uma porta se abre uma janela é mesmo verdade. Temos de criar as nossas próprias oportunidades”, continuam. Com o tempo livre que ganharam no confinamento, dedicaram-se a um projeto de decoração que vende peças criadas com resina epóxi.
“Este é o nosso trabalho de sonho. Criar é o que realmente nos faz felizes.” Com a Decorarte, querem quebrar o consumo massivo e ensinar a dar mais valor aos pequenos detalhes. A resina que usam para colorir mesas, tabuleiros e pratos de madeira é 100 por cento atóxica e pode ser usada para servir alimentos. “As nossas peças também estão aptas a resistir a temperaturas altas, não alterando a forma da resina”, acrescentam.
Os detalhes em resina colorida, detalhada e brilhante assemelham-se a um painel de vidro e pretendem reproduzir as células do mar. “Criamos peças personalizadas em conjunto com os nossos clientes, de forma a tornar os seus sonhos realidade. Acreditamos que poucas peças de decoração e uma compra consciente contribuem para uma casa cheia de identidade.”
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Tanto Sofia como Miguel estudaram Design na ESMAD, em Vila do Conde, ela na vertente de Design Industrial e ele na de Design Gráfico. As primeiras experiências com a resina epóxi foram no Natal de 2019, quando decidiram criar peças para oferecer aos amigos e familiares.
Depois de várias tentativas, encontraram um artesão que os ajudou em todos os passos e tornou possível a sua “entrada a sério” nos trabalhos com esta matéria-prima. Hoje, o senhor Fernando continua a ser um grande apoio e estão a preparar com ele uma série de workshops para ensinar esta arte que ainda é pouco explorada no nosso País.
Sofia está em lay-off desde março do ano passado, mas continua vinculada à empresa. Já Miguel, por ter um emprego de primeira necessidade, continuou na empresa até dezembro do ano passado, altura em que não lhe renovaram o contrato. “A pandemia fez-nos parar um pouco o nosso dia-a-dia e ter tempo para pensar em formas de lançar o nosso projeto. No meio da tempestade, vimos este tempo como uma oportunidade”, recordam.
A maioria das peças da Decorarte é feita de raiz pelo casal — em breve, planeiam vender apenas propostas feitas inteiramente por eles, em todas as fases de produção. O intervalo de preços varia bastante e pode ir dos 10€ até aos 1000€, no caso das criações de projetos personalizados. No entanto, reforçam que todas as propostas podem ser adaptadas ao gosto dos clientes.
No início, não foi fácil. A dupla viva num apartamento sem quartos extra disponíveis e acabou por transformar o chão da sala numa espécie de atelier improvisado. Agora, mudaram-se para uma moradia e já têm um estúdio em condições para criarem peças de maiores dimensões e com mais qualidade.
“Como dantes trabalhávamos onde fosse possível, já tivemos peças que, por estarem em espaços abertos, ficaram com mosquitos moscas e borboletas encastradas na resina. Essas sim são peças realmente exclusivas”, recordam divertidos. As propostas da Decorarte estão à venda no site oficial, mas também vai encontrá-las nas contas de Facebook e Instagram da marca.
A seguir, carregue na galeria para conhecer melhor este projeto.