Decoração

O que esconde o luxuoso palacete da família Espírito Santo vendido por 14 milhões?

O Palácio Rosa foi vendido a uma empresa norte-americana por um valor milionário. O imóvel foi construído em 1925.
O palacete foi finalmente vendido.

Ricardo Espírito Santo, avô de Ricardo Salgado, decidiu comprar o Palácio Rosa, em novembro de 1932. A famosa propriedade em Cascais pertencia ao irmão mais velho, que tinha saído do País após se apaixonar por Vera Cohen [cunhada de Ricardo]. José Espírito Santo vendeu as ações do banco com o nome da família e mansão, recordou o jornal “Observador”, em 2019.

Já nas mãos de Ricardo, a faustosa moradia recebeu todo o tipo de visitantes e episódios dignos de filmes. Houve direito a casamentos megalómanos com centenas de convidados, visitas da realeza europeia, encontros com agentes da PIDE e espiões durante a II Guerra Mundial, entre outros.

A moradia passou para as mãos de Maria da Conceição Cohen do Espírito Santo Silva, filha de Ricardo Espírito Santo, antes de ser herdada por Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo até julho de 2014. O banqueiro e os irmãos tornaram-se detetores da emblemática casa em 2010, que decidiram colocar à venda.

Agora, o Palácio Rosa foi vendido por 14 milhões de euros, avançou o “Correio da Manhã”. Situada no Parque da Gandarinha, junto à Boca do Inferno, em Cascais, a casa conta com 45 divisões distribuídas por quatro pisos e uma piscina. Fica na Rua Ricardo Espírito Santo Silva, em homenagem ao patriarca da família.

A propriedade foi comprada pela empresa norte-americana Davis Investment Holding. O palacete chegou a estar no mercado por 20 milhões de euros, em 2019, mas não teve interessados. A tentativa repetiu-se em 2022, desta vez por 16 milhões, mas o negócio só foi concluído quando foi colocada à venda pela terceira vez, por um valor mais baixo.

“Estamos a vender a casa porque eu e a minha irmã precisamos de dinheiro”, admitiu Mary Salgado, irmã de Ricardo Salgado, ao “Observador”, quando o Palácio Rosa foi colocado à venda pela primeira vez.

O negócio foi finalmente concluído em 2023 pela Casa dos Pórticos – Sociedade de Administração de Bens S.A (de Mary Salgado), até então detentora o imóvel. A venda teve o aval do Ministério Público e do Tribunal Central de Instrução Criminal, onde também decorreu a fase de instrução do caso BES/GES.

Afinal, o que esconde a luxuosa mansão?

O estilo tão português da arquitetura não engana. Trata-se de uma moradia de verão da década de 20 do século XX, mais precisamente de 1925, ano em que arrancou a construção. Ainda esteve destinada para Charles Henry Bleck, um dos fundadores da Shell, que acabou por não ficar com ela.

Ricardo Espírito Santo formalizou a compra em fevereiro de 1936 por 120 contos (aproximadamente 114 mil euros). 

A descoberta dos quatro pisos começa pela cave com uma despesa, uma garrafeira, a casa das caldeiras e uma casa-forte. Já no rés do chão, um bengaleiro junto ao hall convida os visitantes a seguirem para uma sala de jantar com ligação ao terraço, sala de estar com saída para o alpendre, um quarto, cozinha, copa, despesa e duas casas de banho.

Subindo para o primeiro andar, inclui mais seis quartos de um total de 12. Há ainda um quarto de vestir, três casas de banho, uma arrecadação, uma rouparia e uma zona de serviço.

O sótão acolhe os restantes cinco quartos, onde dormiam os funcionários, uma última casa de banho e ainda duas áreas para costura e engomadoria, respetivamente.

No exterior, destaca-se ainda uma piscina descoberta com 260 metros quadrados, junto ao relvado, que costumava ser enchida com água do mar. A propriedade inclui ainda balneários, garagem e, claro, a habitação principal, que conta com duas entradas.

Em 1952, quando Ricardo Salgado tinha 8 anos, o avô pediu autorização à Câmara Municipal de Cascais para mais uma alteração. Foram colocados dois duches para que os seus netos pudessem usar após os banhos na piscina.

Durante anos, os muros interiores também eram uma das partes mais belas do palacete. Após a aquisição da casa rosa, durante o projeto de alterações, Ricardo Espírito Santo fazia questão de ser avisando sempre que se iam fazer demolições em Lisboa. Assim, aproveitava os azulejos antigos para decorar estes paredões.

A casa era sobretudo usada no verão, por isso, era ali que decorriam muitos dos casamentos da família. Assim aconteceu em setembro de 1942, no enlace da filha mais velha de Ricardo, Maria da Conceição, com João Salgado, pai de Salgado.

Antes disso, em julho de 1940, foi a vez dos duques de Windsor viverem na casa rosa durante quase um mês, em plena II Guerra Mundial. Eduardo VIII tinha ascendido ao trono em 1936, mas abdicou para casar-se com a norte-americana Wallis Simpson, divorciada por duas vezes.

Embora a decoração das divisões permaneça um mistério, há muita especulação à sua volta. Acredita-se que os principais elementos se tratam de antiguidades colecionadas por Ricardo Espírito Santo, que começou a comprar aos 16 anos. O espólio inclui quadros, móveis, porcelanas e outros artigos com os quais decorava a casa das filhas.

Carregue na galeria para ver mais imagens do Palacete Rosa, da família Espírito Santo, em Cascais.

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