Decoração

Parece uma casa de sonho no deserto — mas é um paraíso em Viseu

O projeto foi feito em tempo recorde e aposta na vida social nos espaços exteriores da casa. É maravilhoso.
Parece instalada no deserto (Foto: Fernando Guerra FG + SG)

O betão, os tons terra, a areia, a pedra, os catos. À vista desarmada, a EV House parece ser um daqueles projetos arquitetónicos que nascem plantados nos desertos americanos. Na verdade, chegando à propriedade, estamos no interior de Portugal, em Viseu.

“É um projeto que se centra sobretudo nos espaços exteriores”, frisa André Soares, responsável pelo projeto realizado pela ARTSPAZIOS. Ao contrário do que é habitual nestas casas de sonho, do início dos desenhos ao colocar da última pedra, passou um período curto de dois anos.

“Foi tudo muito rápido porque os clientes foram muito objetivos e identificaram-se à primeira com a nossa apresentação”, revela o arquiteto. O ar exótico, explica, prendeu-se com “as vivências e viagens” que o casal proprietário foi revelando nas reuniões preliminares — um dos passos fulcrais para o arranque de cada projeto.

“Nós optamos sempre por fazer um perfil do cliente, conhecer o seu ponto de vista, quais as expectativas para a vivência da casa, como se relacionam com os espaços”, nota. “Tentámos também conhecer as suas preferências no que toca a cores, texturas, referências visuais e gráficas, para absorvermos a informação e depois dentro desse mundo abstrato conseguirmos objetivar os elementos. Depois, associando tudo isto à morfologia do terreno e à nossa interpretação sobre o que deve ser o projeto, nasce a casa.”

A casa é um espaço dividido em quatro níveis. O primeiro, desde logo, a área técnica e o estacionamento, o que exigiu abrir um piso abaixo da cota, para que no centro do projeto, pudesse imperar o plano horizontal que é o seu grande chamariz.

É ali que vive a zona social, encurtada para dar espaço a amplas áreas de exterior. “Eles queriam que o dia a dia estivesse pensado e planeado para que pudessem usufruir os espaços exteriores, para que pudessem tirar o máximo partido daquela relação da casa.”

Nasceram assim, em duas frentes, várias zonas como a piscina, um espaço de lounge com uma lareira suspensa e, mais próximo da cozinha, uma zona de refeições. Todas estas áreas fora pensadas também para acomodar os rigorosos invernos e calorentos verões na região, sobretudo estes últimos, com a cobertura ao sol dada pelas amplas palas de betão aparente.

O betão é, aliás, o “elemento de ligação” de quase tudo na casa e prolonga-se pelo bloco que se eleva para lá do piso principal.

A piscina

Este projeto centrava se muito no espaço exterior. Os clientes, eventualmente associado a fase de vida e vontade própria, tinha com um dos pedidos a vivencia do espaço exterior, nomeadamente toda a zona da piscina e a relação da suite com o exterior. São um casal q ocupa a casa sozinhos na maior parte do tempo.

“É a casa de um casal que ocupa quase sempre o espaço sozinho e por isso preferiram ter uma suite no piso principal”, explica. No bloco, estão dois quartos e um escritório, ambos com rasgos para um triplo pé direito que comunica com a sala de estar.

Parece estar colocada num deserto, mas não está. E também por isso a “arquitetura e volumetria” foram pensadas para salvaguardar a privacidade das divisões sociais, todas elas direcionadas para locais mais discretos.

No exterior, a paisagem faz-se de catos e suculentas, de jardins de seixos e de areia. Foi a forma perfeita de aliar a baixa manutenção destes espaços ao tal ar desértico e aos tons terrosos que apelavam ao cliente.

“Desde cedo que estiveram presentes estas cores, materiais e texturas. Materiais que, apesar de estarmos em Viseu, trazem esse espírito de tranquilidade”. No interior, da área social com cozinha e sala de jantar em open space, a que se junta a suite principal com closet, tudo é revestido a betão afagado mas, sobretudo, a um caloroso revestimento de madeira: na sua maioria melamina de nogueira e, em alguns apontamentos como a cabeceira da cama, pinho termotratado.

“A madeira no interior foi o elemento contrastante para conferir calor e conforto” O arquiteto acrescenta: “O pinho tratado foi escolhido pela sua textura mas também pelo aroma especial que o tratamento lhe dá. Achámos que completava bem o contexto.”

Apesar de ter acompanhado o projeto do início ao fim e de o ter idealizado, André Soares revelou que ficou surpreendido e gradado com o resultado final. “Transformar algo subjetivo, que são os gostos e ideias dos clientes, em algo objetivo. Neste caso, não havia ideia o que poderia ser em termos de volumetria. Acho que resultou tudo muito bem. Foi uma surpresa.”

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