Para a grande maioria das pessoas, existe um limite para a nossa imaginação. Por exemplo, quando olhamos para uma prancha de skate tudo aquilo em que conseguimos pensar é nas pessoas que fazem truques em cima da prancha. Com um bocadinho de sorte, talvez consigamos tocar na parte da roupa — e vê-los com as suas roupas desportivas e largas a fazer um kickflip. No entanto, para João Gama, a coisa foi um bocadinho mais além. Este homem de 34 anos, natural da Guarda, foi capaz de visualizar que estas poderiam dar origem a ótimos óculos.
A ideia já vinha a ser moldada há muito tempo. Começou ainda durante o ano de 2019 quando foi trabalhar para o Atelier Encaixe, em Lisboa. “Estive lá cerca de um ano e meio. Eles essencialmente o que fazem é restauro de móveis antigos, por isso aprendi lá praticamente tudo que sei hoje. Depois comecei a ganhar o gosto pela madeira, que foi se desenvolvendo”, conta João à NiT. “Gostei de lá estar, mas percebi que apesar de tudo o meu trabalho não seria na área da marcenaria, mas sim com algo com mais detalhe, feito à escala pequena”.
Enquanto estava a trabalhar neste espaço, começou a desenvolver as primeiras peças feitas em tábuas de madeira. Inicialmente, eram laços. Depois, durante a pandemia enquanto estava em casa, e porque sempre usou óculos, decidiu criar um par: “Uso óculos desde miúdo, e como sempre gostei de coisas diferentes, era sempre muito complicado porque nos íamos às lojas e era mais do mesmo. Depois o facto de gostar da madeira das tábuas de skate, que tem cores muito únicas, e já a ter trabalhado, veio dar asas a este projeto que parte da reutilização delas”.
Apesar de não praticar o desporto, João Gama sempre adorou este universo. Por isso, após ter saído do sítio onde trabalhava, durante o mês de setembro do ano passado, decidiu dar continuidade ao projeto que fazia como hobbie e que já partilhava na sua página de Instagram. Para isso, criou em casa uma mini oficina: “Transformei a minha marquise no atelier, porque como não preciso de muita maquinaria, e é tudo escala pequena, não preciso de muito espaço”, conta à NiT.
Todo o processo de produção é feito manualmente, o que faz com que cada peça leve cerca de oito a nove horas de trabalho até chegar ao resultado final. Além disso, os modelos podem ser personalizados da forma que o cliente quiser. Aliás, esse é mesmo um dos objetivos da marca: criar algo em parceria com a pessoa que compra a peça. E isto inclui qualquer tipo de materiais, como nos conta João Gama: “Recentemente fiz uns com resina e sacos de café, em serapilheira. A base era a do skate, e depois a parte da frente era revestida com estes materiais”.
Apesar de se tratar de uma marca jovem, já tem alguns clientes bastante conhecidos. Entre eles estão, por exemplo, o designer de moda Felipe Faísca, para quem produziu um dos seus modelos.
Por se tratar de um produto feito à mão, consoante o tipo de acabamento, o valor pode oscilar entre os 160€ e os 200€. Estes óculos podem ser adquiridos através da página de Instagram e do website da marca, mas não só. No mês de dezembro, a JoãoG passou também a vender o catálogo na Óptica Morais Soares, em Lisboa. A marca contava já com outro ponto de venda na Guarda, a Experience Optica.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos modelos produzidos pela JoãoG.