Num mercado tão competitivo como a produção têxtil, os esforços para unir vários projetos portugueses não passam despercebidos. Foi com esta missão que a concept store Nossa abriu em 2017, na Rua das Gáveas, no Bairro Alto, em Lisboa. Cinco anos depois, no passado mês de junho, o negócio mudou-se para a Rua da Misericórdia, no Chiado, com o mesmo apreço pelo que é produzido em solo nacional.
O conceito surgiu com o objetivo de criar “uma sinergia entre marcas”. Teresa Braga, de 30 anos, começou por desenvolver a sua própria insígnia, Tema, há dez anos. Atualmente, acumula dezenas de milhares de seguidores nas redes sociais, mas quando surgiu não tinha público suficiente para abrir uma loja própria. Por isso, apostou num modelo que reúne várias etiquetas.
“A outra loja [no Bairro Alto] foi um ótimo mostrador para perceber que fazia diferença ter um espaço físico. Os turistas engraçavam com ele porque descobriam um sítio muito genuíno”, revela Teresa à NiT, sobre os primeiros anos. “No entanto, não deixava de ser uma coisa pequenina, sem montra, e numa zona de pouco comércio”, lembra.
“Todas as marcas que estão aqui foram escolhidas a dedo. Queremos que as clientes entrem na loja e encontrem uma solução para qualquer ocasião”, explica. Ali convivem harmoniosamente as propostas das etiquetas que vieram do Bairro Alto, como a Tema, a Mustique, a 38 graus, a Harper, a Matilda e a Grow, cujo primeiro ponto de venda físico foi a Nossa. O catálogo inclui peças de roupa, opções de swimwear, muitos sapatos, cosméticos, joalharia e decoração para a casa.
No entanto, o novo espaço, mais central e à vista de todos, tem muitas novidades no que diz respeito às parcerias. Do sportswear da Dupla aos sapatos da Friuli, passando pelos produtos de cosmética artesanal da MPL e a decoração da The Room, tudo é 100 por cento português. Incluindo as flores secas da Flo: “Temos, nesta mesma loja, uma janela aberta ao público para que possa comprar as flores”.
“Tentámos que o espaço fosse uma continuação do outro. Agora temos muitas mais identidades diferentes para gerir, por isso, tinha que manter a coerência entre todas as marcas. Quisemos ter uma base comum e, depois cada uma apropriou-se do seu cantinho.”
A loja conta ainda com vizinhos como a Fora Sunglasses, os calções da DCK e as toalhas da Futah numa rua em que os projetos nacionais se afirmam. Por isso, apesar de terem abandonado o ambiente de bairro, depressa a fundadora sentiu-se em casa.
Ali, num espaço amplo, criaram a sua espécie de mundo cor de rosa, embora não exclusivamente feminino. O tom pálido do pigmento mistura-se com o terracota, de forma a aproveitar a luz natural. O design foi um projeto familiar entre Teresa, o marido e a cunhada, que escolheram o tom para contrastar com as arcadas antigas e o chão de pedra que recebe os consumidores.
“[A loja] tem um sofá de veludo que comprei numa loja que tinha fechado em São Bento. Fui contactada pela pessoa que o tinha feito e ainda tinha o resto das peças”, explica. Teresa comprou a coleção toda, que combina com os púlpitos dispostos à entrada: “São os irmãos que se juntaram e fazem todo o sentido”.
Além disso, as dimensões generosas do estabelecimento permitem ter uma sobreloja, que aproveitam não só como armazém, mas também como local de trabalho. Na parte de cima da instalação, têm um espaço de co-work não só para quem pertence ao catálogo da loja, mas para outros artistas e freelancers. “É a nossa loja, mas também é de todas as marcas que lá estão”, conclui a empreendedora.
Pode visitar a Nossa todos os dias no número 68 da rua da Misericórdia, em Lisboa. Funciona das 11 às 20 horas. Os preços variam entre os 10€, no caso de alguns acessórios, e atingem os 130€ com peças de roupa. Até ao momento, ainda não têm espaço digital, mas têm página no Instagram.
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