As louças entraram na vida de Jorge Pacheco, de 51 anos, de forma inesperada. Após décadas a trabalhar numa empresa que ajudava marcas à beira da falência, cruzou-se com uma loja de cerâmicas que estava “numa situação péssima”, começa por explicar à NiT. Quando o negócio encerrou, comprou parte do stock.
Inicialmente, o empreendedor limitava-se a escoar o espólio das insolvências. Em 2018, encontrou um espaço praticamente abandonado em Vila Nova de Cerveira, em Viana do Castelo, onde começou por vender apenas as tais sobras. Mais tarde, acrescentou excedentes de fábricas à oferta.
Desde então, o negócio não parou de crescer. Atualmente, a Tenda da Louça já conta com mais de 50 mil seguidores na página de Instagram e “há dias em que a loja está tão cheia que é impossível entrar”, explica à NiT o fundador. É um verdadeiro paraíso com cerâmicas espalhadas por 400 metros quadrados.
Ali, todos os pratos têm selo de qualidade nacional e custam apenas 1,50€ por quilo. É o ponto forte do espaço, que tem sempre “três camiões cheios” para oferecer aos clientes um stock variado e acessível. “Hoje, vender louça a peso está na moda, mas fui eu que comecei”, garante.
“Há milhares de modelos diferentes e é impossível estar a etiquetar tudo para as dimensões com que trabalhamos”, explica. “Como trabalhamos com volumes muito grandes, que raramente são inferiores às 100 toneladas, surgiu a ideia de vender uma parte ao quilo.”
Tudo o resto é vendido à unidade, mas com preços igualmente simpáticos. Há um pouco de tudo, como ramequins e copos a partir de 50 cêntimos, chávenas, taças e tigelas a partir de 1€ e uma enorme quantidade de travessas, sendo que até as mais caras não ultrapassam os 5€.
Quem acha que as propostas são apenas para o interior da casa, engana-se. Na parte de fora da loja, há ainda um espaço de 1600 metros onde Jorge e a família vendem artigos de jardim como vasos para plantas que rondam, em média, os 7€.
“É um sucesso pela relação entre o preço e a qualidade. Temos peças de marcas que, normalmente, são vendidas a 50€ e nós temos por 5€”, afirma. Muitas vezes, tem artigos guardados em armazém enquanto aguarda que a insígnia venda primeiro “para não haver conflitos”.
O fenómeno é tão grande que, sem que ninguém desse por isso, milhares de espanhóis descobriram o encanto das lojas outlet que vendem louças portuguesas. É entre corredores labirínticos de espaços como a AlouZa — recorde o artigo da NiT — que os apaixonados por decoração encontram milhares de peças de qualidade a preços quase ridículos.
Com o conceito a viralizar nas redes sociais, explica Jorge, a Tenda da Louça tem aumentado o volume de negócio. Chegaram a investir no e-commerce para estenderem a oferta a todo o País, no entanto, a aposta no digital foi vítima do sucesso. Deixaram de conseguir dar resposta ao número de encomendas, que exigiam uma enorme logística, do embalamento ao envio.
A loja online está em “pausa por tempo indeterminado” e, atualmente, serve apenas como “montra” para as cerâmicas.
“Não temos capacidade para mais, nem há artigos para vender. Como são excedentes, não adianta querer crescer demasiado e não ter capacidade para atender”, conclui. É por isso que apostam no retalho físico e, todos os dias, recebem clientes de vários pontos do País.
Carregue na galeria para ver algumas das peças que vai encontrar na Tenda da Louça.