A ourivesaria e joalharia Âncora, no Porto, vai encerrar. O negócio centenário de Fernando Pato, fundado em 1923, é apenas uma das vítimas mais recentes dos despejos que têm motivado o desaparecimento de outras lojas históricas na cidade.
As portas do espaço, no número 21 da Rua 31 de Janeiro, vão fechar de vez, ironicamente, na próxima sexta-feira, 31 de janeiro. Localizada nas proximidades da Estação de São Bento, a loja comercializa joias e diversos objetos em ouro e prata, todos usados. Todas as peças expostas foram restauradas por especialistas.
“O que nos foi transmitido é que iriam deixar de existir lojas neste empreendimento”, adiantou Fernando Pato ao “Jornal de Notícias”. Segundo o jornal, a Câmara Municipal já recebeu um “pedido de informação prévio para obras de alteração/ampliação para serviços”. Ao que tudo indica, o edifício será reformulado para ser a casa de uma nova unidade hoteleira de luxo, a sexta na zona.
De momento, o responsável está a preparar o encerramento. “Prometemos reabrir muito em breve num outro espaço nas proximidades. A Ourivesaria Âncora não vai morrer, vai ter uma segunda vida”, garante.
Os despejos que têm dizimado o comércio tradicional no centro do Porto sucedem-se a um ritmo avassalador. Em fevereiro, foi anunciado que a Primark ocuparia o icónico edifício na Rua de Santa Catarina onde a FNAC estava instalada e, no espaço do histórico Café Embaixador, abriu um restaurante da cadeia de fast-food Burger King.
A Benedito Barros, ligada ao setor do retalho e que também integrava a rede de lojas Porto Tradição, enfrentou o mesmo destino. Raúl Martins, responsável pelo negócio, admitiu ao “Jornal de Notícias”, que, além da “pressão dos investidores”, o espaço tinha “falta de condições”, havendo alturas em que chovia dentro da loja. Entretanto, a Benedito Barros instalou-se no Beco de Passos Manuel, a poucos metros da morada anterior.
A loja Butikão, em funcionamento desde 1975, também parece estar a caminho do encerramento. Laura Rodrigues, responsável pelo espaço, admitiu ter recebido uma ordem de despejo, embora ainda não tenha chegado a um acordo com o grupo francês proprietário do edifício.