Fundado há 119 anos, o histórico Armazém dos Linhos teve de abandonar a morada de sempre na Rua Passos Manuel, no Porto, no final de dezembro. As proprietárias, Leonor e Filipa Pinto Bastos, lamentaram o despejo, mas prometeram encontrar uma alternativa. A solução surgiu na forma de uma loja pop-up temporária.
A pequena loja abriu a 20 de janeiro na Praça D. Filipa de Lencastre. O espaço irá funcionar até junho, altura prevista para a instalação no novo e amplo espaço do Armazém dos Linhos, avança o jornal “Público”.
“Este é um ponto de venda temporário, enquanto preparamos ao detalhe a nossa nova morada definitiva. Acreditamos na importância de continuar perto, resistir e reconstruir, fazendo chegar as nossas chitas, linhos e produtos exclusivos, aos clientes que sempre nos acompanharam”, anunciaram as proprietárias nas redes sociais.
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A dimensão da “mini pop-up”, como a descrevem, é reduzida, o que implica uma oferta limitada. Leonor e Filipa garantem aos seus clientes que estão “empenhadas em tornar este período de transição o mais breve possível”.
Em 2011, face à crise que afetou o comércio local, o Armazém dos Linhos esteve prestes a fechar. As proprietárias optaram por deixar de lado a arquitetura e apostaram na loja, mantendo a sua essência original. Contudo, em 2020, a situação voltou a complicar-se. O senhorio iniciou um processo de despejo e vendeu vários edifícios da Rua de Passos Manuel a um grupo francês.
As responsáveis pela loja, que faz parte do programa Porto de Tradição, admitiram ter sentido uma “pressão brutal” e que, devido ao “risco de perder a loja e à indemnização”, não tiveram outra opção senão aceitar o acordo e desocupar o espaço nos meses seguintes, até final de 2024, explicaram ao “Jornal de Notícias”.
Filipa e Leonor acrescentaram que o desfecho deste processo ficou “muito aquém” das suas expectativas e que “o sonho de adquirir o espaço e de se manter no local foi inviabilizado pela especulação imobiliária que se faz sentir”, afirmando ainda que “o novo empreendimento projetado para aquele quarteirão não prevê a preservação deste património comum”.