LET'S ROCKEm 2018, com apenas 100 euros, Izamara Matos decidiu investir no negócio com o qual sonhava há vários anos. Curiosa com o mundo do empreendedorismo, a jovem angolana comprou diversos brincos — que prefere descrever como “bijuteria” e não como joalharia — e colocou-os à venda através das redes sociais.
O objetivo, explica a empresária de 31 anos, era ter uma fonte de rendimento extra. Tinha acabado de se formar em Direito, na Universidade Autónoma de Lisboa, estava a dar os primeiros passos no mercado de trabalho e, desde cedo, percebeu que “precisava de mais alguma coisa”, explica à NiT.
A verdade é que, à medida que os clientes começaram a pedir outro tipo de materiais, alguns deles mais novos, a marca Biju Online foi ganhando outra estrutura. Em 2023, após cinco anos a trabalhar numa multinacional, na área dos recursos humanos, Izamara despediu-se para se dedicar apenas à joalharia.
Do quarto da mãe, em Massamá, chegou a um atelier em Alverca com o apoio do marido, Stélvio Matos, de 31 anos. Foi nessa altura que começou a produzir, de forma artesanal, a maioria das joias, em aço inoxidável com um banho de ouro de 18K, desde colares a pulseiras, anéis ou brincos.
Em setembro do ano passado, decidiu apostar em mais um segmento e dedicar-se ao fenómeno das pulseiras permanentes. Acontece que o aumento da procura levou a fundadora a apostar num novo estúdio, a funcionar em soft opening desde o final de maio. A abertura oficial está prevista para setembro.
“Quando recebíamos as clientes no escritório anterior, muitas faziam pedidos de encomendas e queriam aderir a essa tendência”, conta. “Era algo que viam muito lá fora, então notámos que era uma oportunidade de mercado, mas exigia uma loja com outro tipo de visibilidade.”
Izamara decidiu chamar o espaço de Casa Biju Online, até porque foi pensado para ser acolhedor para toda a gente. Com cerca de 160 metros quadrados, tem uma primeira sala dedicada apenas às joias permanentes e outros artigos personalizados. No interior, existe um espaço vago para receber outras marcas de moda ou beleza, complementando a oferta.
“A ideia é que fosse a materialização da identidade da marca, com uma decoração minimalista e com apontamentos elegantes, em dourado”, acrescenta. “Queremos que todas as pessoas se sintam submersas na experiência e possam afastar-se de lojas que apenas se preocupam em mostrar o produto.”
Além de resistentes à água e hipoalergénicas, “são feitas na hora e produzidas de forma artesanal”, garante a fundadora. “Temos algumas em catálogo, mas se for necessário alteração, temos uma designer da marca que faz com que tudo fique ao gosto dos clientes.”
A par das pulseiras (ou tornozeleiras, se preferir), a marca permite acrescentar charms às correntes e personalizá-las com iniciais, por exemplo. Estes pendentes estão disponíveis em aço inoxidável e Prata 925, materiais que, segundo Izamara, “são resistentes ao desgaste diário”.
“Foi uma boa altura para começarmos a aceitar marcações porque, durante o verão, muitas pessoas vêm de fora. Juntam-se com os amigos e aproveitam estes acessórios para criar laços através de um símbolo desta relação”, aponta.
O passo a passo do processo
A joalharia permanente tem aumentado em popularidade nos últimos dois anos, sobretudo com a ajuda das redes sociais. Uma alternativa menos dolorosa às tatuagens, envolve prender diretamente no corpo estas peças feitas à medida, não podendo abrir ou fechar. A ideia é que fique com ela para sempre.
A popularização do conceito, porém, é atribuída à Catbird, uma boutique em Brooklyn, nos Estados Unidos, que apresentou a Forever Bracelet, em 2017. As peças eram desenhadas para serem usadas no pulso, de forma permanente, e inspiraram outras marcas norte-americanas que adotaram a ideia.
Falar neste conceito pode causar arrepios a quem tem medo do compromisso, mas é mais simples do que parece. Se for necessário remover um destes acessórios — por motivos de saúde ou segurança —, pode fazê-lo com uma tesoura ou alicate, por exemplo.
O processo é bastante simples. O cliente marca um horário na agenda que está disponível no site da marca e, no próprio dia, basta escolher uma corrente e um pendente. Se o tamanho da pulseira estiver confortável para os clientes, as duas amigas “soldam” a peça.
O processo começa com o joalheiro a usar um pequeno soldador para unir as extremidades da corrente, prendendo a peça acabada sem fecho. Esta parte demora, em média, entre dois a cinco minutos e emite uma faísca rápida que é inofensiva. Ao contrário de uma tatuagem ou piercing, a pele não é afetada.
Se estiver a pensar comprar uma pulseira permanente, é recomendado que escolha o pulso oposto aquele onde usa o relógio. A joia não deve ficar muito apertada, porém, se ficar ligeiramente solta pode ficar presa em sítios indesejados e, se for mais fina, pode quebrar-se facilmente.
Quem tem uma pele sensível, deve optar por um modelo em ouro com maior número de quilates possível. A origem e a qualidade dos materiais é importante para evitar irritações ou alergias.
Já durante a limpeza, deve evitar o contacto excessivo com desinfetante, loção, laca, água termal ou até mesmo água das piscinas com cloro, para não alterar a cor. É sugerido que use detergente da loiça e um pano ou uma escova de dentes velha, para entrar nas ranhuras.
Apesar destas exigências, Izamara frisa o interesse das pessoas neste tipo de negócio. É por esse motivo que, além das peças em aço, as responsáveis estão a trabalhar com zicórnias e a começar uma aventura com ouro.
A ideia, confessa, é levar esta oferta ao maior número de países possíveis. A marca já está presente em Angola, onde a fundadora nasceu, mas também exporta para França, Luxemburgo e Inglaterra, alguns dos mercados principais. “Quero olhar para outros países africanos por causa da minha origem”, conclui.
As marcações podem ser feitas através do site da marca. Os preços das pulseiras permanentes começam nos 25€.
Carregue na galeria para ver mais imagens de algumas das joias vendidas pela Biju.
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