Rita Paulo, de 53 anos, precisava de um apoio para conseguir ler confortavelmente quando estava sentada no sofá ou na cama, em viagens, ou na praia. As almofadas comuns eram a solução mais lógica que tinha por hábito por ao colo, mas para funcionar era necessário levantar o joelho de forma a elevar os livros ou o iPad e dar-lhes alguma inclinação. No meio de tantas experiências e posições que experimentou, a epifania acabou por acontecer durante uma viagem à Suécia, quando olhou para um pacote de leite em forma de tetraedro e percebeu que era mesmo esse o formato de que andava à procura.
“Fiz logo um molde no guardanapo de papel para visualizar a planificação e fiquei ansiosa por chegar a Lisboa e experimentar”, começa por contar à NiT a fundadora da triipi, a marca de almofadas de praia portuguesas que foram o maior fenómeno de vendas deste verão. Um pouco por toda a parte, tornou-se difícil visitar um areal sem dar de caras com um destes acessórios em forma de pirâmide, super confortáveis, leves e bonitos, a fazer inveja a quem se limitava a deitar na toalha.
A triipi foi lançada em 2014, depois da inspiradora viagem à Suécia, mas em 2020 a variação nas vendas acabou por ser inversamente proporcional àquilo que se espera durante uma crise em plena pandemia. “Dado o confinamento, as pessoas terão estado mais atentas ao que circulava nas redes sociais”, sugere a fundadora. A verdade é que não há uma explicação concreta para o aumento de popularidade da marca — o lançamento da loja online, este ano, poderá também ter ajudado.
Alguns dias depois de regressar da Suécia, Rita Paulo lançou a triipi livros, uma pequena pirâmide de tecido com bolhinhas de esferovite para apoiar os livros durante as leituras. Criou uma página de Facebook um mês mais tarde e recebeu a primeira encomenda, uma “mensagem de um rapaz novinho que dizia ‘boa tarde, a minha avó queria encomendar uma triipi'”, recorda.
Da triipi livros passou para a criação da triipi BIG, um novo conceito de pouf em forma de pirâmide prático de transportar e ideal para apoiar as costas. “O design é tão ergonómico que foi fácil visualizar e perceber como seria igualmente confortável para nós próprios”. A primeira BIG foi feita no Natal para o seu sobrinho-neto, mas os adultos gostaram tanto que surgiu a ideia de fazer uma almofada que pudesse ser usada na praia.
Durante semanas testou na sua varanda a resistência dos tecidos à luz solar. Pesquisou materiais, estudou a melhor forma de fazer a alça para o transporte, a lavagem e o peso. O resultado foi a triipi BIG, o “produto estrela” da marca que ainda não parou de crescer.
Sobre a sua popularidade, Rita comenta que se pode dever muito ao feedback positivo de quem já comprou uma. Se já viu uma triipi na praia, deve ter reparado na pose relaxada e confortável do seu dono reclinado — mas basta experimentá-la para perceber porquê. Depois de estar encostado numa triipi, é difícil voltar a querer deitar-se na toalha sem o apoio extra.
“Fui avaliando todas as variáveis na primeira pessoa. Conforto, leveza, manutenção, trasnporte, resistência ao sol e, posteriormente, com base na observação das necessidades do consumidor”. Na produção fotográfica que partilha nas redes sociais procura ilustrar as mais valias dos diversos modelos da triipi.
“A componente estética é muito importante e os tecidos são cuidadosamente escolhidos”, acrescenta Rita. Outro dos fatores que diferenciam a marca é ter vários padrões bonitos para todos os gostos, desde os mais coloridos, com riscas ou cornucópias, aos neutros, em tons como azul claro ou bege.
Designer de comunicação gráfica com um mestrado em Design for Cultural Tourism, Rita é a criadora e fundadora da marca, na linha da frente da operação, mas o projeto é familiar e conta até com a ajuda dos seus dois genros. O marido, José Paulo, engenheiro, de 68 anos; as filhas Catarina, médica infeciologista, de 33; Mafalda Pelágio, gestora de marca, de 31; e Inês Cruz, designer de comunicação gráfica, de 26 anos, ajudam-na a fazer crescer o projeto.
Todos os produtos são desenhados e feitos à mão em Portugal e o modelo foi registado com todos os direitos reservados. Para o ano, a equipa quer apostar numa linha de produção reforçada e um showroom para apresentar as almofadas, a pedido de muitos clientes.
Quem manda nisto tudo?
Nome: Rita Paulo;
Idade: 53 anos;
Guilty pleasure: “Gosto de tentar vislumbrar como será a decoração de casa das pessoas quando passo por janelas ou portadas abertas. E se não for do meu agrado aquele milésimo de segundo de observação, penso no que mudaria ou arrumaria”;
Peça favorita: “Não consigo escolher entre a triipi livros e a triipi BIG porque não consigo ler sem a triipi livros. Dá-me um muitíssimo jeito, descansa-me imenso porque apoio o livro em qualquer posição que me ponha. Mas também adoro estar na varanda com a triipi BIG e não consigo estar na praia sem ela, mesmo”;
Convença-nos a conhecer a marca: “Com a triipi, nunca mais a praia foi a mesma.”
A marca está à venda no site oficial e algumas lojas físicas, como o Museu Gulbenkian, a Global Fashion by Marta, a Papelaria Papel e Vícios, a Wetani e a in Lisbon, em Lisboa; a Missus, em Oeiras; a Cores da Terra, em Melides; a Hippie Chic, em Porto Covo; a Cumplicidades e a Hippie Chic, em Vila Nova de Mil Fontes; a Maisena Store e a Armazém dos Linhos, no Porto; e a loja do Promontório de Sagres, no Algarve.
Os preços vão dos 12€ (no caso das triipis para pousar o smartphone) aos 45€ (para comprar uma triipi BIG).