Numa altura em que os espaços tradicionais portugueses estão a ser substituídos por gigantes comerciais, a marca de moda sustentável A Line, assenta raízes na sua cidade de origem, o Porto, com o intuito de “privilegiar a experiência de contacto direto com o consumidor”.
Há mais de 20 anos que Hélder Gonçalves trabalha na indústria têxtil, sendo dono de um par de fábricas em Paços de Ferreira, onde já produziu incontáveis peças de roupa para algumas conceituadas marcas internacionais. Depois de tanta experiência no ramo, por volta de 2016, decidiu criar uma marca própria, a A Line, que ganhou no dia 6 de junho, quinta-feira, um espaço físico no Porto.
A sustentabilidade é um tendência crescente, sobretudo na indústria têxtil, mas na A Line, o impacto da moda no meio ambiente é algo que esteve sempre presente desde a sua fundação. “Defendemos que a verdadeira sustentabilidade está em consumir menos e melhor. É por isso que as nossas peças duram uma vida”, começa por explicar à NiT, Hélder, fundador da marca.
O empresário acrescenta: “A sustentabilidade dos nossos produtos começa logo no design. Tentamos que este seja sempre intemporal e que possa ser usado em várias estações seguidas e que sejam peças de tratamento fácil, não precisando de muitos cuidados que possam danificar eventualmente os tecidos”, defende.
Assim, a escolha dos tecidos para a confeção das peças resulta sempre do deadstock da marca e dos fornecedores com que trabalha, para evitar a produção de novos tecidos. Além disso, é priorizado o uso de tecidos em fibras naturais e, de preferência sustentáveis, seja na origem da fibra, no processamento das mesmas ou nos fornecedores certificados.
“Procuramos tecidos leves, respiráveis, mas sobretudo intemporais. O facto de escolhermos uma fibra natural dá-nos também a possibilidade de trabalhá-la das mais variadíssimas formas, resultando em peças que se encaixam em qualquer estação”, acrescenta.
O conceito da moda de luxo já sofreu muitas reviravoltas. O digital levou ao surgimento e adesão de várias marcas ao online, aumentando também o consumo que é feito a partir de um ecrã. Contudo, Hélder e a equipa da A Line acreditam que não há nada como “viver para além do universo digital”.
O consumidor atual procura não apenas uma transação, mas criar memórias com marcas que se alinham com os seus valores. Este princípio está assente no ADN da marca, por isso, fazia todo o sentido, necessariamente, ter um ponto de encontro palpável com os seus clientes mais fiéis e potenciais compradores.
O projeto do espaço físico ficou a cargo da dupla de arquitetos Rita Castro Lima e Luís Almeida da That AI. A loja acaba por “dar vida” aos valores da marca, para além das peças. A estética está vincada num cariz sustentável e com texturas naturais.
O espaço é pequeno mas acolhedor e confortável. Foram incorporadas duas áreas curvas, tanto na entrada da loja como na zona de exposição. Há uma especial atenção na iluminação, destacada pela simulação da luz zenital através da “falsa” claraboia no centro da área de exposição e das peças do designer Davide Groppi, proporcionando aos clientes uma experiência agradável e relaxante. O objetivo é o cliente imergir no espaço.
Há ainda revestimentos em tons neutros e materiais premium, escolhidos para dar um maior destaque às peças de roupa e aos acessórios das diversas coleções, criando um ambiente sofisticado e intemporal, duas características chave da marca. As montras são a principal “janela” de comunicação direta com o público e não foram deixadas ao acaso. Ambas destacam-se por tubos metálicos que exploram uma abordagem diferente aos charriots tradicionais, além de estarem associada à chamada linha da vida, e ao nome da marca, desconstruído na sua forma mais simples, uma só linha.
Assim, a primeira loja da A Line no Porto insere-se no famoso Quarteirão das Artes, na rua Miguel Bombarda. “Foi e é um local que gostamos muito, pela sua autenticidade natural (e maravilhosa) de ‘bairro’ do Porto e, claro, pelas suas galerias e ligação à arte”, justifica o fundador, acrescentando: Não podia haver melhor local para a nossa primeira loja. Falta ao Porto uma ‘Soho’ londrina ou até nova iorquina, onde as marcas alternativas possam coabitar com arte, design, cultura, gastronomia. O Quarteirão das Artes de Miguel Bombarda tem tudo para ser isso. Por isso nunca houve outro local onde pensássemos ter uma loja para a A Line”.
Na loja, poderá encontrar a mais recente coleção da marca, “The Art of Reconstruction”, que tal como o nome indica, aborda o tema da reconstrução. Esta coleção é o resultado de um processo interno de instrospeção. Tal como acontece na maioria das coleções, o desafio foi utilizar o máximo de deadstock disponível, a base da coleção.
Também pode encontrar peças da coleção de outono/inverno. Destacam-se saias, tops, gabardinas e outros essenciais para a nova estação. O preço das peças vai dos 125€ aos 535€. Há descontos de até 50 por cento, na secção de saldos de verão e pode encontrar básicos essenciais em qualquer armário cápsula, por 50€.
Carregue na galeria para conhecer algumas das peças da nova coleção e outras que ainda estão em promoção. A estação de metro dos Aliados fica próxima da nova loja de slow fashion portuense.