LET'S ROCKJoão Bessa acredita que, “tal como uma peça de design preenche uma casa, os óculos são um objeto que completam a identidade” de qualquer pessoa. “São, muitas vezes, o primeiro elemento que comunica quem somos”, confessa à NiT o criativo, que encontrou neste acessório a oportunidade que há muito procurava no design de produto.
Até então, João dedicava-se sobretudo à área da decoração, mais precisamente do mobiliário, com a criação, em 2013, da marca Bessa Design. O projeto do artista, “apaixonado pela história das peças e pelo universo vintage”, levou-o a somar parcerias com marcas e projetos internacionais.
Em 2025, decidiu transportar essa sensibilidade para a Bo Bo Noir, uma marca de óculos “com atitude e sofisticação” que pretende ser mais do que isso — “é uma afirmação de identidade”, garante. Cada modelo foi pensado para ser “uma alternativa arrojada” a uma indústria impulsionada por tendências.
“A transição do mobiliário para o eyewear aconteceu de forma natural”, afirma João. A inspiração para esta aposta veio, como no resto do seu trabalho, “de um profundo respeito pelo passado e pelas suas formas icónicas”. O autor destaca a tríade pela qual se rege: intenção, proporção e personalidade.
A primeira coleção, lançada a 8 de maio, está dividida em três categorias: óculos de sol, armações para graduação e modelos com lentes de filtro de luz azul. Todas contam com a mesma missão de oferecer um estilo intencional e duradouro.
Como “não se trata de seguir tendências, mas de as ultrapassar”, cada par parte de referências clássicas, “como as linhas limpas e sólidas do mid-century”, adianta”. Porém, é reinterpretado com toques contemporâneos, minimalistas e editoriais. É por esse motivo que as formas tendem a ser mais marcadas, com linhas geométricas e arredondadas.
No caso dos óculos de sol, todos os modelos são feitos em acetato de alta qualidade e com proteção UV 400, para um público que “procura presença sem sere ruidoso”. O twist, revela, está na combinação com cores inesperadas, como amarelos transparentes, tortoise reinterpretados e misturas de verde oliva, por exemplo.
Enquanto as armações graduadas, pensadas para receber lentes de prescrição, “combinam conforto, leveza e intencionalidade”, as versões com filtro de luz azul são uma alternativa para o quotidiano digital, reduzindo o cansaço ocular causado pelos ecrãs, mas “sem comprometer o estilo”, frisa João, de 33 anos.
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Além de permitir explorar uma ampla gama de cores, texturas e formas, o acetato também pode ser facilmente ajustado ao rosto, “oferecendo conforto personalizado e durabilidade superior” a outras matérias-primas exploradas pelo criativo.
Quanto às lentes, foram escolhidos duas opções: as lentes CR-39, ideais para uso prolongado, oferecendo uma visão nítida e conforto visual durante todo o dia; e as lentes de nylon, que oferecem vantagens como a flexibilidade e a leveza, ao mesmo tempo que se destacam pela resistência às quebras. Ambas as escolhas, segundo o fundador, refletem o compromisso da marca com a qualidade.
Numa fase inicial, os modelos são produzidos em Espanha, numa fábrica especializada com vasta experiência no setor. Porém, todo o desenvolvimento criativo — da identidade da marca à seleção dos acabamentos — é realizado em Portugal com especial contributo de João Bessa.
“A marca é pensada para quem sabe o que quer: pessoas com estilo próprio, que não procuram validação nas tendências e que não usam óculos como um adereço passageiro”, continua. “Não se trata de massa, mas de nicho, de pessoas que criam os seus próprios códigos de estilo.”
Esta missão está refletida no nome que é uma fusão de dois mundos. Enquanto “Bo Bo” vem da figura do bobo da corte, alguém descrito como “irreverente, livre, criativo” e que ”desafiava convenções com inteligência e humor”; “Noir”, que pode ser traduzido para “preto”, em francês, cria uma imagem mais misteriosa e sofisticada, criando esse contraste desejado.
Nascida com uma visão global, a Bo Bo Noir tem cerca de 90 por cento da faturação no mercado internacional, com destaque para países como França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos. A estratégia foi, desde o início, fazer o caminho inverso já que em Portugal “o consumo de eyewear tende a ser mais conservador.”
João acredita, contudo, que o reconhecimento no nosso País “acontecerá de forma orgânica, à medida que se afirma internacionalmente” com propostas estéticas mais disruptivas. “O objetivo é consolidar-nos como uma marca de culto no universo do design de eyewear”, conclui.
A primeira coleção da Bo Bo Noir já está disponível no site da marca. Cada par custa 139€.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos modelos que se destacam nas três categorias disponíveis.
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