Em 2019, Sara Ibadi, 36 anos, e Farrah Keddeh, 30, deixaram para trás o Líbano, onde nasceram. Apaixonadas pelo clima, pelo País e pela cultura portuguesa, as duas amigas encontraram uma morada mais calma e segura em Lisboa. O objetivo era apenas aproveitar o estilo de vida da capital, mas a paixão pela sustentabilidade levou-as a apostar num novo projeto.

A Calli Fashion, que abriu no dia 11 de maio, em plena Avenida Almirante Reis, em Lisboa. A loja reúne artigos em segunda mão, vintage e outlet — a preços acessíveis para clientes que “saibam o verdadeiro valor do que estão a comprar, peças que já têm uma história por trás.”

“No início, não pensávamos abrir o espaço. Começámos a desenvolver a ideia nos últimos dois anos devido à inflação, mas também pelo excesso de produção, de consumo e das alterações climáticas”, conta Sara à NiT. “A nossa ideia era reciclar, mas fazê-lo com uma margem de lucro mais baixa.”

Por enquanto, nenhuma das sócias pretende dedicar-se à loja a tempo inteiro. Formadas em gestão, ambas têm outros projetos fora de Portugal aos quais se continuam a dedicar, como uma marca de decoração e uma loja de artigos para bebés. No entanto, juntaram esforços para criar uma mudança no mercado nacional.

Por isso, fez sentido avançar com a loja num dos bairros mais multiculturais da cidade. “É um centro, com muita gente a visitar e com a mentalidade [da segunda mão] tão adotada pelos europeus”, sublinha, reforçando a união do streetwear à cultura pop nas ruas.

Todas as peças da Calli — uma referência à alcunha da filha de Sara — são encontradas com a ajuda de um intermediário. Em conjunto, fazem a prospeção das lojas, andam pelas ruas para saber que peças têm mais procura e entram em contacto com pessoas que aceitam doar alguns dos seus pertences.

Antes de chegar a uma loja de rua, o projeto começou por existir na Praça Central do Centro Comercial UBBO, em Lisboa, em novembro de 2022. “Queríamos ter a experiência de um shopping para percebermos a diferença entre os clientes, então fomos atrás da oportunidade. Contactámos a administração para o podermos avançar”, recorda.

A Calli distingue-se pela “oferta de vestuário de qualidade” em segunda mão, com peças divididas por três variedades. A principal categoria é a classe A, que inclui os modelos premium, de marcas num segmento mais elevado. Segue-se a classe B diz respeito a um segmento médio. Por fim, a terceira categoria reúne “todas as T-shirts e tops que custam 3 euros”.

No que toca à fixação dos preços, as sócias não se baseiam no valor comercial da peça — como a marca ou se está quase nova —, mas na oportunidade de “encontrar uma nova casa” para os artigos. Por isso é que os preços mais altos não ultrapassam os 22€, como acontece no caso dos polos Lacoste, Ralph Lauren ou Boss, cujo preço de venda original ultrapassa os 150€. Burberry, Adidas e Nike são outras das etiquetas que vai encontrar por lá.

Diariamente chegam à loja cerca de 100 novas propostas. Após serem limpas e higienizadas, são “organizadas por cores ou, por exemplo, em categorias como blusas de seda ou chiffon. É mais fácil de procurar e encontrar.”

O plano das duas amigas é abrirem quatro lojas da marca capital. As próximas vão ser inauguradas em julho e setembro, respetivamente, mas ainda não sabem onde vão estar localizadas.

Para ficar a conhecer melhor este mundo maravilhoso das lojas vintage, a NiT fez uma seleção dos nove melhores espaços de Lisboa. Em cada um deles, terá a oportunidade de encontrar peças únicas, que mais ninguém vai ter. Carregue na galeria para conhecê-los