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Ciaran. A nova marca de “streetwear formal” que está a criar uma comunidade

Keiron chegou a Lisboa com décadas de experiência na moda. Desenvolveu uma visão "modernista e minimalista" inspirada na capital.
A inspiração nasceu nas ruas.

Keiron Birch passeava pelas ruas de Lisboa quando parou para observar os mosaicos da calçada no centro da cidade. Encantado pelos desenhos em meia-lua, semelhantes ao formato de um “C”, tirou o telemóvel para fotografar a beleza do pavimento. Até podia ser uma fotografia inocente, mas inspirou o logótipo do seu primeiro projeto de moda.

O irlandês, com 56 anos, já viveu em destinos como os Países Baixos, a Alemanha ou os Estados Unidos da América. Porém, foi em Portugal, mais precisamente na capital, que acredita ter-se encontrado — e onde surgiu a oportunidade de criar a marca que sempre quis.

Chama-se Ciaran, um termo celta que significa “the dark one”, e representa o encontro entre o estilo minimalista e o “streetwear formal”, como o fundador descreve. Inspirada em Lisboa — nas cores, no estilo de vida e na cultura — mistura as tendências modernas com um estilo intemporal.

O empreendedor conta com uma vasta experiência no mundo da moda. Tinha 17 anos quando foi estudar design para a Central Saint Martins, em Londres, ao lado do lendário Alexander McQueen. “Estava rodeado de pessoas com as quais me identificava. Sentia-me inspirado pelo vestuário, pelas proporções e, acima de tudo, pelo produto”, recorda à NiT.

 
 
 
 
 
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Nos últimos 10 anos, após passagens pela Abercrombie & Fitch ou pela Tommy Hilfiger, dedicou-se a trabalhar como vice-presidente de design europeu da Calvin Klein. O cargo trouxe-o vezes até Portugal, para visitar os fornecedores no norte do País. “Adorava o entusiasmo das pessoas e a forma como Lisboa se tornou uma cidade global”, conta à NiT.

Quando precisou de mudar para a sede da empresa em Nova Iorque, nos EUA, Keiron não se sentiu capaz de deixar a Europa. Em vez disso, trocou Amsterdão, onde vivia desde 2008, por Lisboa. “Aquilo de que mais gostei na cidade foi mistura do antigo e do novo. Senti-me logo feliz e havia nómadas do mundo inteiro a trabalhar aqui.”

Uma ode à capital

Antes de lançar a primeira coleção, o diretor criativo procurou inspirar-se na energia transitória de Lisboa e nas texturas costeiras do País. Da criatividade do MAC/CCB ao charme escondido do restaurante Minha Anita, na Lapa, Birch inspirou-se na arte, nas cores e nas pessoas para desenhar as primeiras peças.

Ao prestar atenção aos jovens de Lisboa, chegou ao conceito de streetwear formal. “As novas gerações surgem com blazers e, depois, podem misturá-lo com jeans ou calças cargo. Por baixo, também têm uma T-shirt com logótipo. Misturam-se peças de alfaiataria com os códigos da rua.”

Porém, identificou uma lacuna no mercado. Ainda não existia uma etiqueta que oferecesse roupas que combinassem o útil e o contemporâneo, mas com um toque de elegância, para responder à procura da massa turística em constante ebulição na cidade.

Arrojada e minimalista, a primeira coleção está relacionada com a cultura do skate, desenvolvida com uma comunidade de criadores nacionais, trazendo o melhor da criatividade nacional. Já a próxima linha, prevista para abril, terá uma linguagem mais formal.

“Vamos trabalhar por drops. Vamos lançar uma coleção que fica disponível apenas durante cerca de um mês”, explica. “Assim que esgotar, está esgotada. Temos a ambição de trazer um produto único e exclusivo para a nossa comunidade.”

Do logótipo (CC1, retirado das calçadas de Lisboa) às cores, como o amarelo, o azul brilhante, o branco, todos os detalhes dos desenhos são um reflexo da visão que Keiron tem de Lisboa. “Na primavera e no verão, os tons à nossa volta são incríveis. Fascina-me a forma como a luz os capta.”

O logótipo já é característico da marca.

Uma parte da estética da Ciaran é informada pela sua passagem pela Calvin Klein. “O Calvin disciplinou-me muito na forma como vejo os produtos e a moda. Sou modernista, mas também minimalista. A procura pela modernidade fazendo-me valer do trabalho manual é o que mais retiro dessa época.”

O fundador trabalha com uma fábrica parceira no norte do País e, das etiquetas às caixas, tudo é 100 por cento nacional. A ideia é construir uma marca baseada na comunidade, motivo pelo qual trabalha com negócios que estão na mesma família há várias gerações.

“A ideia, vinda de fora, é que os portugueses fazem produtos artesanais muito bem-feitos. Vemos essa lacuna no mercado europeu, em que muitos consumidores desta geração vêm à procura disso”, refere. “Na moda, podemos ver esta sensação de comunidade como um movimento social.”

Birch está consciente da sua concorrência no mercado e tem um plano de negócios definido. O primeiro passo? Fortalecer a relação com a cidade onde escolheu viver. Depois, tendo Lisboa como ponto de partida, quer iniciar uma viagem que levará esta comunidade para lá da cidade, de Portugal e até da Europa.

A primeira coleção da Ciaran pode ser comprada através do site da marca. Os preços das peças começam a partir dos 80€, no caso das T-shirts; as sweatshirts variam entre os 170€ e os 195€.

Carregue na galeria para ver alguns dos modelos disponíveis. 

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