Anos depois de fundarem a bem-sucedida marca infantil Piupiuchick, as três amigas quiseram matar a curiosidade: se as feiras internacionais de moda para miúdos eram tão divertidas, as de moda para mulheres deveriam ser uma verdadeira loucura.
“Foi uma desilusão”, confessa Mariana Pimentel, de 45 anos. “Achávamos que íamos ficar malucas e não foi isso que aconteceu. Percebemos que as marcas infantis se excedem. Ali só havia stands com os nomes das marcas, nada de decorações, nada de histórias para contar.”
A visita à feira não foi meramente recreativa. Mariana, juntamente com a irmã Inês Pimentel e a amiga Marta Moreira, sonhavam com a expansão do negócio para a moda feminina — elas que em 2011 criaram a Piupiuchick, hoje uma referência na roupa para miúdos que vende para mais de 40 países e, recentemente, abriu uma nova loja em Lisboa. E assim se deu o arranque da Sisters Department em 2022.
“Nessa altura estávamos grávidas ou tínhamos acabado de ser mães e era aí que estava o nosso foco. O tempo passou e voltámos a sentir-nos mais mulheres novamente e menos mães. E achávamos que, tal como contávamos histórias na Piupiuchick, também tínhamos outras histórias para contar e para acrescentar ao mundo da moda feminina.”
Esse primeiro contacto com o mundo das mulheres adultas fê-las perceber que, ao contrário do que julgavam, tinham espaço para desbravar. “Fomos com uma amiga e ela saltava marcas apenas porque não gostava das cores”, recorda Mariana. “Isso para nós era impensável. Vínhamos de uma área onde se aposta no lifestyle, no conceito. Não compram porque gostam da cor daquela coleção, mas porque gostam da marca. Não queríamos ser uma marca que vende só porque acertou na cor.”
A Sisters Department foi também fruto de uma incubação criativa em tempos de pandemia e de uma vontade em sair do molde infantil que exploravam com sucesso. A primeira coleção foi preparada a pensar nas eventuais limitações que tinham — e apostou apenas em T-shirts e sweatshirts.
“Tínhamos pouca experiência, sobretudo no fitting, visto que é mais difícil criar peças que encaixem na maioria dos corpos de mulheres. E como vendíamos sobretudo online, as partes de cima eram sempre mais fáceis. Rapidamente percebemos que tínhamos que crescer para uma coleção completa.” Uma conquista que aconteceu precisamente este último verão, já depois de outra meta atingida: a abertura, em fevereiro, da primeira loja física, neste caso no Porto.
“A marca nasce para celebrar os momentos com as amigas, dos mais difíceis aos mais divertidos. É uma marca colorida, divertida, de fast living”, começa por explicar, enquanto recorda a vontade de romper com o “slow e healthy living” da pandemia. “Queríamos resgatar a vida de sair à noite, deitar tarde, beber uns copos e fumarmos se quisermos. Queríamos contrariar tudo isso.”
Quem conhecia a Piupiuchick quis comprar. “Disseram que sim mal souberam que íamos fazer uma marca para mulher. Ainda nem tinham visto nada”, revela sobre a resposta afirmativa das lojas multimarca onde estavam presentes com o seu primeiro conceito. O negócio online aliou-se assim à presença física, ainda antes da inauguração do primeiro espaço.
A coleção mais recente foi lançada em agosto e chama-se Sisters Hotel. “Conta a história de três amigas que precisam de ganhar dinheiro e se envolvem na gestão de um hotel familiar”, explica. “É um bocadinho o contar das nossas primeiras experiências de trabalho para ganharmos algum dinheiro.”
As peças são furiosamente divertidas, irreverentes e coloridas, entre vestidos e calças largas, T-shirts de manga cava, prints animais e padrões florais, com tons que viajam do fúcsia e violeta aos alaranjados, amarelos torrados e verdes. Os preços das peças variam entre os 60 e os 160 euros.
