Lojas e marcas

Cordoa: a nova marca de sandálias artesanais feitas para durarem uma vida

Foi lançada em junho de 2022 por Sílvia Catarino. Todo o processo é manual, com uma produção reduzida e valores sustentáveis.
Não há sapato mais adequado para a estação.

O termo “Cordoa”, que dá nome à nova marca portuguesa de sandálias, remete para a palavra cordwainer. Este vocábulo faz referência a sapateiros e artesãos antigos, ou seja, é um reflexo do negócio que surgiu como uma ode aos labores e à mestria de quem os executa. Sílvia Catarino, de 49 anos, canaliza toda a sua criatividade para a etiqueta, lançada em junho de 2022.

Nascida em Aveiro, sempre esteve ligada ao design, às artes e respetivos ofícios. O facto de ter nascido numa família de ourives funcionou como um pequeno empurrão que a levou a focar-se, ao longo do seu percurso, nestas formas de expressão. Estudou design de Comunicação, em Matosinhos, mas a herança da família falou mais alto. E nesse momento, decidiu estudar joalharia de autor em cidade de Florença, em Itália.

Antes da ideia da marca lhe passar pela cabeça, tinha outra atividade. Em 2001, vivia em Milão, e tinha começado a criar acessórios de forma artesanal, como cintos de pele ou cachecóis: “Tinha uma pequena marca própria que começou de uma forma muito espontânea e experimental, mas fui muito encorajada por amigos e pelo feedback de lojas conceituadas, como a Colette (Paris), Via Roma (Florença) ou Ressabit (Como)”.

Quando resolveu focar-se apenas no design de sapatos, começaram a surgir complicações ligadas à  dimensão da produção, obrigando-a a terminar o projeto. Além disso, sentia-se frustrada “pelo ritmo demasiado acelerado e pela especialização excessiva”, pois “tinha necessidade de um processo criativo mais completo, que implicasse lidar diretamente com os materiais e com a prática manual.

“Voltei então para Portugal, em 2006, e comecei a colaborar com marcas de moda francesas e suecas, mediando a sua produção de calçado em Portugal”, revela. Nunca abandonou o desejo de produzir e, pelo meio, fez uma formação em modelação de calçado de senhora e corte/montagem e acabamento de sandálias, virando-se para este segmento.

Ao longo de muitos anos de trabalho na indústria, viveu em várias zonas, como Lisboa, Vila do Bispo e Porto. Um percurso que culminou no lançamento da marca que, neste momento, é um conceito completamente realizado. “A Cordoa nasceu de uma grande curiosidade de criar objetos tridimensionais, quase num sentido escultórico, e também da vontade de ter mais autonomia em relação às condicionantes da indústria”, explica.

Porém, começou por desenhar sandálias com um design bastante simples e com uma produção reduzida. O investimento exigido para se iniciar uma marca industrial, que corresponda às quantidades mínimas exigidas, é um constante obstáculo para negócios emergentes. Desta forma, segue ao seu ritmo e da inspiração que pode fluir de qualquer lado, da cultura à natureza, sem esquecer as exigências funcionais do produto.

Na Cordoa, todo o processo é feito de forma artesanal. As sandálias são desenhadas, modeladas e feitas pela própria artista num pequeno atelier, no Porto, colaborando com pequenas indústrias situadas no norte do País. Este fabrico envolve materiais sustentáveis, nomeadamente a pele de curtimenta vegetal. Esta matéria-prima é oriunda de Itália, porque ainda não encontrou um artigo com qualidade semelhante em Portugal, enquanto a Toscânia “tem uma longa tradição em pele de curtimenta vegetal”.

Todos os restantes materiais são nacionais, como o couro utilizado nas solas ou as aplicações metálicas sem níquel. Uma outra opção passa pelo uso de colas à base de água em vez de colas de base solvente.

“Acredito que o processo artesanal acrescenta atenção, cuidado, uma certa alma e um pouco de quem faz. E espera-se que quem compre aprecie estes valores”, reflete. “Num processo artesanal privilegia-se as qualidades face às quantidades e o desejo é que quem compre também tenha vontade de fazer durar o ciclo destes artigos.”

Atualmente, e apesar do desejo de cumprir esse objetivo, não tem planos para abrir uma loja física. Sílvia receia “que os tempos em que vivemos não sejam propícios a grandes decisões a longo prazo” e, por isso, o seu objetivo é experimentar criar novos artigos, adicionar mais acessórios e fazer a marca crescer online. Todos os artigos da Cordoa estão disponíveis no site da marca. Os valores oscilam entre os 190€ e os 250€.

Carregue na galeria para conhecer os modelos com que a etiqueta se estreou no mercado português.

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