No século XVIII, as camponesas das regiões centrais da Polónia, transformavam palha de centeio, papel colorido e ervilhas secas em estruturas que penduravam no teto. As peças celebravam as colheitas, traziam alegria para dentro das casas e, com o passar do tempo, passaram a ser usados em festas, como batizados ou casamentos.
Conhecida como pajaki, esta forma de arte folclórica foi o ponto de partida para a Craft Gardens, uma nova marca nacional de decoração. Marta Ramada Leite, de 41 anos, sentiu-se inspirada quando comprou o livro “Making Mobiles”, da autora Karolina Merska, e ficou apaixonada pela técnica.
Com candeeiros, abajures, grinaldas, cestos e outros apontamentos, a marketeer “promove o bem-estar” dentro das casas através da decoração. Todos são feitos com matérias-primas naturais, como bambu, madeiras ou fios de algodão natural, que usa para criar adornos chamados Tassels — ou seja, pequenos berloques com franjas.
Antes dos livros, Marta já passava horas a folhear revistas de decoração. “Acumulava muitas edições, depois cortava-as e fazia montagens de ambientes e moodboards daquilo que apreciava”, conta à NiT. E eram sempre os objetos de teto que mais atraiam.
A criativa cresceu rodeada de arte, em múltiplas variantes. A mãe pintava vidrais, quadros e azulejos. Já o avô, Francisco, era arquiteto. Ainda assim, decidiu seguir um caminho diferente, formou-se em gestão de marketing e já trabalhou com um vasto leque de marcas nacionais e internacionais.
“Senti que estava numa indústria muito pesada e masculina, então fazia sentido conciliar o trabalho com o meu gosto pessoal”, acrescenta. “Tinha necessidade de explorar o meu lado mais criativo e glamoroso. Queria criar peças que fizessem as pessoas sorrir.”

Como queria algo diferente do que já existia no mercado, decidiu olhar para o passado e reinventá-lo. Durante meses, pesquisou mais sobre a história do pajaki (cujo nome significa “aranha”, em polaco) e percebeu que eram peças que, segundo a tradição, eram sinónimo de sorte. “Queria trazer essa alegria para Portugal.”
Marta começou como autodidata, por isso, o processo de adaptação foi longo. No início, demorava cerca de 12 horas para criar a estrutura inicial de um mobile. Volvidos três meses, já concretiza as ideias em metade do tempo, exceto as peças mais ambiciosas. Se um candeeiro incluir 150 tassels, pode demorar dois dias a fazê-lo.
Muitas vezes, há ainda pessoas com peças antigas em casa às quais querem dar um toque. Entram em contacto com a fundadora e, através do upcycling, a jovem recupera e personaliza as relíquias que lhe chegam “para não terem de ser deitadas fora”.
Os chandeliers Gardénia — que podem ser de teto, de pé ou abajures — são os mais procurados pelos clientes. Todos os modelos têm nomes de flores, uma das inspirações para o nome da marca. “Tudo na natureza tem imensa cor e movimento”, justifica Marta.
O catálogo da marca inclui também uma vasta gama de acessórios feitos à mão, como grinaldas, cestos ou argolas de guardanapos, bem como uma área especializada na decoração dos quartos dos mais novos (sejam bebés ou miúdos).
Marta não quer seguir tendências, mas apostar no artesanato — tão intrínseco à cultura portuguesa — para juntar tradição e modernidade. E, as ideias para novos projetos, garante, “não param de fervilhar”. “Não quero que as pessoas comprem uma peça apenas pela função, mas também por toda a história e vibração por trás”, conclui.
Se estiver interessada num dos modelos da Craft Gradens, os preços oscliam entre os 6,50€ (no caso dos acessórios) e os 160€ (os chandeliers maiores), e estão disponíveis no site da marca.
Aproveite e carregue na galeria para ver algumas imagens de ambientes onde as peças criadas por Marta Ramada Leite ganham vida.