Lojas e marcas

Drewm: a nova marca nacional é um “museu ambulante” com peças numeradas

Cada modelo é inspirado em obras de vários artistas. Todas as T-shirts são assinadas como se de uma tela se tratasse.
Fotografia: João Barreiros, na Fundação Júlio Resende.

Durante o confinamento, a ânsia dos dias passados em casa levou Álvaro Domingues a explorar um lado mais criativo. O geógrafo de 65 anos percebeu rapidamente que, sempre que pensava em liberdade, imaginava pássaros a voar sem esforço nos céus. Foi assim que surgiu a primeira de 50 pinturas de diferentes espécies de aves.

Atentos a esta “obsessão levada quase ao extremo”, os amigos Luís e Pedro, ambos colecionadores de obras nacionais, sentiram-se inspirados pelo estilo “ousado e expressivo” do artista. Há muito que pensavam na forma de transportar pinturas como estas para o dia a dia.

“Somos pessoas complicadas a escolher roupa, porque gostamos de peças que despertem sensações”, contam à NiT. “Quando viajamos, procuramos artigos com base no artesanato local. Percebemos que, se fizéssemos algo para nós, o ponto de partida seria sempre a arte.”

Convicta de que a beleza pode salvar o mundo, como afirmou Dostoiévski, a dupla criou uma marca que transforma o vestuário numa tela. Lançada a 10 de novembro, a Drewm é “um museu ambulante” que nasce da colaboração com vários artistas e criativos para contar histórias.

“Queríamos que as pessoas não comprassem uma peça apenas por ser bonita. Queremos desmistificar esse conceito”, acrescenta. “É possível pegar em algo que, à primeira vista, é tão trivial como uma T-shirt e torna-lo num objeto que dá origem a vários tipos de conversa.”

Álvaro com uma das peças da coleção.

A primeira coleção, intitulada “Birds”, nasce precisamente da série evocativa de Álvaro Domingues, professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Das dezenas de pinturas que criou durante a pandemia, os fundadores selecionaram três para dar início ao projeto.

Luís explica que se trata de alguém “que tem uma mente com uma curiosidade que contamina”, pelo que foi uma escolha natural para a linha de estreia, mas já têm nomes de outros artistas em mente para desenvolver futuras colaborações. Os artistas são sempre remunerados para existir uma lógica circular.

A curadoria é feita pela dupla, que seleciona apenas artistas que já conheciam ou, em alternativa, recém-descobertas cujo trabalho tenha um impacto imediato nos dois. Tratam-se sempre de obras que já existiam e que se encarregam de importar para peças de roupa, seja uma T-shirt ou um hoodie.

Cada peça é assinada, como se de uma tela tratasse, e numerada para realçar que se trata de um lançamento limitado e exclusivo. Produzidas no norte do País, são feitas de matérias-primas de qualidade, como 100 por cento algodão orgânico, e contam com uma gramagem de 210 gramas por metro quadrado.

Fotografia: João Barreiros, na Fundação Júlio Resende.

Embora não tenham experiência na área do design — Luís é músico, Pedro é engenheiro — os fundadores trabalham com uma agência de moda, de Barcelos, que ajuda na confeção de roupas para marcas sonantes, como a francesa Jacquemus.

Existe um desejo de promover o trabalho destes criativos, mas também uma vontade de que as peças não pareçam um souvenir. “É uma estética mais artística e não um meio publicitário”, refere, sublinhando que pode passar por desenhos mais minimalistas ou por propostas mais arrojadas, consoante a inspiração.

Para o nome, Luís e Pedro basearam-se num acrónimo que preferem não revelar, “deixando à subjetividade das pessoas”. O termo fez ainda mais sentido, contudo, devido às semelhanças com a palavra “dream”, apelando ao lado mais abstrato que inspira as criações.

A par de artistas nacionais “com relevância no meio”, já pensados para as próximas coleções, a dupla quer internacionalizar a marca. O próximo passo, revelam, passa por escolher artistas internacionais e levar a marca “lá para fora”..

Todas as peças da Drewm estão disponíveis no site da marca. Os preços começam a partir dos 65€.

Carregue na galeria para conhecer as propostas da primeira coleção.

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