Na passada quarta-feira, 14 de outubro, o mercado português recebeu uma nova plataforma de venda de roupa e acessórios em segunda mão que quer promover o consumo consciente através de uma moda mais inclusiva, democrática e circular. Chama-se ECOA Circular e por lá pode por à venda as peças em segunda mão que já não usa, um conceito que se inspirou no site brasileiro Enjoei.
Aline Gimenez, de 37 anos, é natural de São Paulo, no Brasil. Chegou a Portugal há cerca de cinco anos e conta que foi “amor à primeira pisada”. Foi nessa altura que começou a pensar seriamente em criar um espaço online que permitisse aumentar o tempo de vida útil das peças de roupa e incentivar “as noções de comunidade, transparência, ética e solidariedade”. No entanto, a ideia da empreendedora “está em gestação há vários anos”. “Em 2010, tive a experiência de viver na Nova Zelândia e foi aí que comecei a ter um olhar mais atento ao meio ambiente. Desde então, a sustentabilidade está presente no meu estio de vida”, explica.
Como o próprio nome indica, esta plataforma quer levar hábitos ecológicos ao maior número de pessoas possível e mostrar que é necessário travar o consumo desenfreado motivado pelas grandes cadeias de fast fashion. Para Aline, a facilidade de acesso a estas marcas não só fortalece aquela que é considerada a segunda indústria mais poluente do mundo como contribui para o desperdício e precarização do trabalho — segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), os portugueses deitam fora 200 mil toneladas de roupa por ano.
View this post on Instagram
Aline estudou Marketing na Universidade Paulista e fez uma carreira em gestão financeira, que prosseguiu depois da chegada ao nosso País. Quando foi mãe de um rapaz chamado Noah há um ano e meio, tirou licença de maternidade e nunca mais voltou ao emprego. Queria passar mais tempo com a sua nova família. Foi nessa altura que aproveitou para lançar de vez o projeto com que sonhava há tantos anos e ao qual se dedica agora a tempo inteiro, numa fase em que também ganhou consciência de que é urgente trabalhar mais pelo mundo que queremos deixar às gerações futuras.
Além de promover um consumo mais sustentável, a ECOA quer trazer a possibilidade aos seus utilizadores de fazerem um rendimento extra com roupas e acessórios que já não usam. Para isso, oferecem um serviço que recolhe as peças por 3,99€, tira as fotografias, publica-as no site, vende e entrega aos compradores.
Quem se quiser registar terá de selecionar um mínimo de cinco peças de roupa e/ou acessórios que correspondam aos critérios de venda e preencher o formulário de inscrição disponível no site. Depois de receberem a confirmação da ECOA, pode enviar as peças num prazo máximo de 15 dias, após os quais a plataforma envia uma proposta com os preços de venda. Só depois de os mesmos serem aprovados pelos clientes é que os produtos serão colocadas à venda — o resto é tudo tratado pela empresa.
Assim que for feita uma venda, o lucro pode ser usado para usar em compras dentro do próprio site ou reenviado para a conta bancária de cada um. No entanto, se as peças não forem aceites na pré-seleção da marca ou não forem vendidas em 180 dias, o vendedor pode escolher entre recebê-las de volta (e pagar os custos de entrega) ou doá-las a uma instituição de solidariedade social associada à ECOA. Para já, não há artigos para comprar, estando a plataforma focada em recolher stock para vender, uma opção que, segundo Aline, deverá estar a funcionar em meados de novembro.