Os artigos de luxo não precisam de ser inacessíveis. Através da venda em segunda mão, é possível democratizar estes objetos de desejo. Quando falamos de carteiras, muitas vezes estabelecemos uma relação emocional com o nosso modelo preferido por nos acompanhar para todo o lado debaixo do braço. No entanto, não tem de ser um compromisso vitalício — mesmo que tenha sido um caso de amor à primeira vista.
As amigas Bruna de Castro, de 26 anos, e Diana Pinto Guimarães, 38, começaram a perceber, em conjunto, a importância de se desapegarem de peças que já não usavam. O lema é simples. Se passou mais de um ano e o artigo está esquecido no armário, a solução é vender. Para isso, as duas bracarenses lançaram a Efforie no dia 7 de dezembro, uma marca online que dá uma nova vida a artigos de luxo.
Quando se conheceram, no contexto de trabalho, a paixão pela moda high end tornou-se um tema recorrente, que as viria a aproximar. “Há dois anos, comecei a trabalhar numa farmácia como gestora de e-commerce. A Diana era farmacêutica, teve a oportunidade de me ver a trabalhar na área e a passámos a desenvolver uma relação mais pessoal”, explica Bruna, com formação na área do marketing.
Uma vez que têm conhecimentos em áreas diferentes, decidiram unir forças. Começaram a falar do projeto em abril deste ano, no entanto, só quando a jovem de 26 anos decidiu trabalhar por conta própria é que o timing lhes pareceu ideal. Diana, por sua vez, continua a tempo inteiro na farmácia, mas nem por isso deixou de querer estar envolvida na criação da plataforma.
“Percebemos que, quanto mais cedo lançássemos, melhor. Queríamos evitar que abrissem mais lojas do género e a concorrência aumentasse”, acrescenta. Além disso, apesar do período atual, que acusa inícios de crise, quando falamos do setor do luxo, é dos últimos a sofrer as repercussões: “Na minha perspetiva, qualquer momento é bom desde que a marca acrescente algo de valor”.
O stock continua a crescer
Neste momento, as peças — com etiquetas da Gucci, Chanel, Louis Vuitton e Saint Laurent, por exemplo — saíram todas da coleção pessoal das cofundadoras. No entanto, de forma a aumentar o stock, o objetivo da marca é depender de pessoas privadas que também queiram vender os seus produtos usados na Efforie.
“Não queremos permitir que a pessoa o faça diretamente, ou seja, que a plataforma sirva como um marketplace. Tudo tem de ser enviado e passar pelas nossas mãos”, refere Bruna. Após uma avaliação, para verificar que não se trata de uma contrafação e que as fotografias correspondem ao estado do acessório, o modelo pode ser adquirido no site por uma fração do preço de venda original.
Dos vários critérios para definir o valor, a qualidade do artigo é sempre o fator mais relevante. Muitos dos acessórios nem sequer foram utilizados e continuam a ter etiqueta, como se fosse adquirir um produto novo. Ainda assim, “visto que não está a ser comprado diretamente à marca”, o valor torna-se mais baixo. “Não somos revendedores diretos. Fazemos o esforço para perceber o preço justo para ambas as partes”.
Se for um produto descontinuado, ao qual as pessoas não terão acesso de outra forma, ou que esteja esgotado, também existe uma maior valorização do artigo. Assim, tendo em conta se o cliente está interessado num clássico e a disponibilidade do mesmo, o preço pode não ser tão acessível como um design fácil de encontrar.
Atualmente, o catálogo da marca inclui apenas carteiras e mochilas. Pelo meio, também podemos encontrar um cinto da Valentino. Existe o desejo de aumentar o leque de oferta, mas não irá passar por roupa ou sapatos: “Queremos que, dentro do próprio nicho de luxo, seja ainda mais de nicho”. Ou seja: as duas amigas querem manter-se centradas apenas nos acessórios.
Ao contrário dos acessórios, estes segmentos apresentam outras questões. Os tamanhos impedem uma compra mais facilitada — uma questão que não é tão restrita quando falamos de um cinto. Além disso, é mais complicado manter o bom estado dos artigos. “Queremos que seja impercetível que o produto já tenha estado na mão de outra pessoa”.
Quando pensaram em disponibilizar uma solução simples para dar a tal segunda vida a peças de luxo, as duas amigas também equacionaram a troca. No entanto, este ciclo de venda não passa pela relação entre clientes.
Bruna explica: “Se a pessoa quer comprar uma mala nova, não quer estender o valor e tem acessórios que não utiliza” pode entrar em contacto com as fundadoras. As bracarenses adquirem o acessório em questão em troca de um cupão com esse dinheiro, que pode ser utilizado na plataforma.
Neste momento, o site da Efforie já conta com 13 acessórios de luxo e, deste lote, três já esgotaram. Quando aos valores, variam entre os 395€ e os 5130€.
Carregue na galeria para conhecer os produtos disponíveis.